Semanas após tremor devastador, sismo de magnitude 7,3 provoca deslizamentos de terra na região das montanhas e derruba casas e prédios em cidades como Katmandu. Dezenas de pessoas morrem e mais de mil ficam feridas.
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Um novo terremoto matou ao menos 48 pessoas e espalhou novamente o pânico entre a população nesta terça-feira (12/05) no Nepal, que ainda luta para se recuperar de um sismo devastador ocorrido pouco mais de duas semanas atrás, com mais de 8 mil mortos.
O novo tremor, de magnitude 7,3 na escala Richter e registrado por volta do meio-dia (horário local), atingiu com mais violência o sopé da Cordilheria do Himalaia, perto do Monte Everest, provocando deslizamentos de terra, mas também abalou fortemente Katmandu, fazendo com que milhares de pessoas fossem para as ruas, com medo de desabamentos.
De fato, muitos edifícios danificados pelo tremor anterior, de 25 de abril, vieram abaixo com o novo sismo. O Parlamento estava em sessão no momento do terremoto, e deputados correram para as saídas quando o prédio tremeu e as luzes piscaram.
O epicentro do novo terremoto foi registrado 76 quilômetros ao leste da capital, numa área montanhosa perto da fronteira com o Tibete e a cidade de Chautara, de acordo com as coordenadas fornecidas pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos. A terra tremeu por cerca de 40 minutos.
O Ministério do Interior admitiu à agência de notícias EFE que não esperava um tremor dessa magnitude. "Com mais de 200 réplicas (ocorridas desde o sismo de 25 de abril), os especialistas haviam dito que havia poucas possibilidades de uma réplica dessa magnitude", afirmou um porta-voz.
Novo rastro de destruição
Além dos 48 mortos, mais de 1.100 pessoas ficaram feridas, de acordo com o Ministério do Interior. Mas esses números devem continuar subindo nas próximas horas, à medida que relatos vindos de vilarejos distantes chegarem a Katmandu, previu o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários. A dimensão exata da nova catástrofe ainda é desconhecida.
A maioria das mortes aconteceu em aldeias e cidades a leste de Katmandu, que estavam apenas começando a se recuperar dos estragos causados pelo terremoto de 25 de abril. Moradores de vilarejos disseram que sobreviveram ao novo tremor por já estarem morando em barracas.
Segundo o Ministério do Interior, os distritos mais atingidos são Sindhupalchok e Dolkha. Na cidade de Sangachowk, alguns moradores estavam fora de casa, recebendo ajuda alimentar do governo, no momento do terremoto. "Foi muita sorte. Se estivéssemos dentro, teria sido muito pior", disse Purushottam Acharya, de 38 anos.
Outra família estava sentada na beira de uma estrada, e a sua casa tinha acabado de cair, deslizando colina abaixo e deixando um rastro de escombros. "Nós a vimos descer devagar, devagar", disse Ashok Parajuli, de 30 anos.
Na cidade de Charikot, onde pelo menos 20 corpos foram recuperados, o hoteleiro Top Thapa disse que o novo terremoto foi no mínimo tão forte como o do mês passado. Ele disse ter visto várias casas e cinco ou seis edifícios de vários andares desmoronarem.
Na Índia, ao menos 17 pessoas foram confirmadas mortas depois que telhados e paredes desabaram sobre eles, de acordo com o Ministério do Interior do país. A imprensa chinesa relatou uma morte no Tibete.
AS/ap/efe/rtr/dpa
Patrimônio Mundial destruído no Nepal
Terremoto devastador matou e feriu milhares de pessoas. Tremor também foi duro golpe contra a rica herança cultural do país asiático.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Vale de Katmandu
O terremoto no Nepal danificou bastante o coração cultural e espiritual do país. No vale de Katmandu, no sopé do Himalaia, há sete monumentos considerados Patrimônio Mundial da Unesco ao longo de poucos quilômetros. Na foto, tirada antes do terremoto, vê-se um deles: os mosteiros de Swayambhunath.
Foto: Imago
As estupas budistas de Swayambhunath
As estupas e os mosteiros budistas de Swayambhunath (foto) formam um centro espiritual no Nepal. A estupa de Bodhnath, as praças Durbar das três cidades reais e os templos hindus de Pashupatinath e Changu Narayan, fora de Katmandu, também estão na lista de Patrimônios Mundiais.
Antigamente, famílias reais viviam nos palácios da praça Durbar de Bhaktapur (foto), da praça Durbar em Katmandu e da praça Durbar de Patan. Foi somente no final de 2007 que o Nepal aboliu a monarquia e proclamou a república no ano seguinte.
Foto: picture alliance / ZUMAPRESS/P. Gordon
Praça Durbar de Bhaktapur, após o terremoto
Nas cidades reais de Bhaktapur (foto), Patan e no centro de Katmandu, vários templos e estátuas dos séculos 12 até o 18 foram danificados ou completamente destruídos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/N. Shrestha
Praça Durbar de Katmandu, antes do terremoto
Na Praça Durbar de Katmandu, capital do Nepal, havia vários pagodes característicos do país, com dois ou três andares.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Praça Durbar de Katmandu, após o terremoto
O terremoto destruiu os pagodes. O especialista P. D. Balaji, da Universidade de Madras, na Índia, questiona se os prédios poderão ser totalmente reconstruídos. "É uma perda irreparável para o Nepal e para o resto do mundo."
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Torre Dharahara, antes do terremoto
Entre as atrações de Katmandu estava esta torre de nove andares e 62 metros de altura. Ela também desabou durante o terremoto, no último sábado (25/04) à tarde.
Foto: imago
Torre Dharahara ,após o terremoto
Da torre, que tinha uma escada em espiral de 200 degraus, só restou a base. Equipes de socorro tentaram resgatar cerca de 50 pessoas que ficaram sob os escombros, noticiou uma emissora de televisão. O forte terremoto de 1934 já havia destruído a torre de doze andares, construída em 1826 e que, mais tarde, foi reconstruída.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Templos de Changu Narayan
Os quatro templos e três palácios, reconhecidos pela Unesco em 2006 como Patrimônio Mundial, são testemunhos da história política e religiosa do Nepal.
Foto: imago
Templo de Pashupatinath
O templo hindu é um dos mais importantes do gênero no Nepal. Hinduísmo e budismo se disseminaram ao longo dos séculos no Nepal e levaram à construção de templos magníficos, a partir do século 5.
Foto: picture alliance/ANN/The Star
Local de nascimento de Buda
No total, há no Nepal, além do vale de Katmandu, três outros locais com Patrimônios Mundiais: Lumbini (foto), o parque nacional de Chitwan e o parque nacional de Sagarmatha . A Unesco busca informações sobre a situação de Lumbini. A cidade, cerca de 280 quilômetros a oeste de Katmandu, é considerada o local onde Buda nasceu.
Foto: AFP/Getty Images/K. Knight
Um dos países mais pobres da região
O epicentro do terremoto no último sábado fica cerca de 80 quilômetros a oeste da capital Katmandu. O terremoto, com 7,8 de magnitude, ocorreu a uma baixa profundidade, tendo consequências mais graves. O Nepal é um dos países mais pobres do sul da Ásia. O país tem 28 milhões de habitantes, e a economia é quase totalmente dependente do turismo.