Líderes internacionais se reuniram em Londres para funeral da rainha, que contou com maior operação de segurança da história da capital britânica.
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Ícone de uma era, a rainha Elizabeth 2ª recebeu seu último adeus nesta segunda-feira (19/09) no que foi considerado o "funeral do século", com a presença de líderes de todo o mundo, antes de um enterro privado em Windsor.
Após dez dias de luto nacional, homenagens e rituais, cerca de 2 mil pessoas, incluindo chefes de Estado e de governo, membros de famílias reais e outras personalidades, compareceram a uma cerimônia religiosa na Abadia de Westminster, em Londres, pela manhã. Foi a maior reunião de líderes internacionais em décadas.
Do presidente americano, Joe Biden, ao brasileiro, Jair Bolsonaro, passando pelos reis Felipe e Letícia, da Espanha, até o imperador Naruhito, do Japão, cerca de 500 líderes e monarcas foram convidados para a cerimônia, que se transformou num grande desafio de segurança para o Reino Unido.
Nos últimos dias, centenas de milhares de pessoas fizeram fila para ver o caixão da monarca mais longeva do Reino Unido no Palácio de Westminster. Alguns esperaram até 24 horas numa fila quilométrica pelo centro de Londres e às margens do rio Tâmisa.
Do Palácio, o caixão foi transportado em procissão até a Abadia de Westminster, sendo seguido a pé pelo rei Charles 3° e outros membros da família real britânica.
"Nos últimos dez dias, minha esposa e eu temos sido profundamente tocados pelas muitas mensagens de condolências e apoio que recebemos de todo o país e de todo o mundo. Enquanto nos preparamos para dizer o nosso último adeus, eu gostaria de aproveitar essa oportunidade para agradecer a todos que prestaram tal apoio e conforto à minha família neste tempo de luto", afirmou o novo rei, numa declaração divulgada antes da cerimônia.
Cortejo por Londres
A cerimônia começou por volta das 9h (horário local) com 96 badaladas do sino da Abadia de Westminster, marcando a idade de morte da rainha. No início da manhã, autoridades informaram que todos os pontos com acesso ao público para ver o cortejo fúnebre já estavam lotados.
Ao final da cerimônia religiosa, foram feitos dois minutos de silêncio em todo o país.
Após a cerimônia, teve início um cortejo fúnebre por várias ruas de Londres, com passagem pelo Palácio de Buckingham, antes de o caixão ser levado para Windsor, onde a rainha foi sepultada. O enterro foi realizado numa cerimônia privada, para o rei e familiares, no jazigo da família real, onde se encontram os restos mortais dos pais e da irmã de Elizabeth 2ª.
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Grande operação policial
O funeral de Elizabeth 2ª conta com a maior operação de segurança já realizada em Londres. Este foi o primeiro funeral de Estado no Reino Unido desde a morte do ex-primeiro-ministro Winston Churchill, em 1965, e reúne líderes de todo o mundo e multidões ainda maiores do que a dos Jogos Olímpicos de 2012.
A polícia de Londres foi reforçada com agentes de todas as 43 forças policiais da Inglaterra e do País de Gales, e foram também mobilizados soldados das Forças Armadas e centenas de trabalhadores para prestar assistência nas ruas. O plano para o funeral real já estava sendo preparado há anos.
Atiradores de elites foram posicionados em locais estratégicos ao longo do trajeto do cortejo. Helicópteros reforçaram a segurança e policiais à paisana circulavam no meio da multidão.
Reinado de 70 anos
A rainha Elizabeth 2ª morreu aos 96 anos em 8 de setembro no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos no trono, o mais longo reinado da história do Reino Unido. Desde sua morte, o Reino Unido vive um período de luto de 10 dias, com várias cerimônias e homenagens.
Seu filho Charles, de 73 anos, herdeiro do trono desde os três anos de idade, passou a ser chamado de rei Charles 3° e foi oficialmente proclamado como tal no Palácio de St. James, em Londres. Sua cerimônia de coroação deve acontecer nos próximos meses.
O rei Charles 3° será o 40º monarca a receber a coroa na Abadia de Westminster, em uma cerimônia religiosa que é realizada há mais de 900 anos e que passou a seguir os rituais da Igreja Anglicana, após sua criação pelo rei Henrique 8°, em 1534.
cn/lf (Efe, Lusa, Reuters, AFP)
Dez fatos sobre a rainha Elizabeth 2ª
Conheça dez curiosidades sobre a monarca, que nunca foi à escola, mas tinha seu próprio estilista.
Foto: Getty Images/Y. Mok
1. Ela celebrava o aniversário duas vezes ao ano
A rainha Elizabeth 2ª nasceu em 21 de abril de 1926, mas as comemorações oficiais acontecem sempre no segundo sábado de junho. A tradição foi iniciada em 1748 pelo rei George 2º, cujo aniversário era em novembro, outono no hemisfério norte, Como o tempo não era proprício a celebrações públicas, ele simplesmente decidiu celebrar em uma época do ano melhor.
Foto: picture-alliance/dpa
2. Ela nunca foi à escola
A princípio, isso pode parecer tentador para crianças que preferem ficar em casa e brincar o dia todo. Mas a rainha tinha professores particulares que ensinavam história constitucional, direito e francês. Mesmo assim, muitas vezes ela lamentou não ter tido uma educação formal.
Foto: AFP/Getty Images
3. Ela era parente de seu marido
O falecido príncipe Philip era primo de terceiro grau da rainha Elizabeth 2ª — ambos eram tataranetos da rainha Vitória. Elizabeth se apaixonou pelo príncipe quando tinha apenas 13 anos e os dois se casaram em novembro de 1947. Para comprar o tecido de seu vestido de noiva, a rainha usou cupons que havia guardado depois da guerra.
Foto: Imago/ZUMA/Keystone
4. Ela tinha um estilista particular
Norman Hartnell (1901-1979) foi o estilista da família real durante anos. Foi ele que desenhou, entre outras coisas, os vestidos de casamento e coroação da princesa Elizabeth. De acordo com a revista Vogue britânica, Hartnell desenhou nove versões do vestido de coroação. A rainha acabou optando por um bordado com emblemas florais para cada um dos países do Reino Unido, assim como da Commonwealth.
Foto: picture-alliance/Heritage Images
5. Ela jamais usou a coroa
O diamante "Koh-i-noor" (persa para "luz do mundo") é um assunto delicado para muitos indianos. Dizem que ele foi roubado do Punjab, que então pertencia ao Reino Unido, pelos governantes coloniais britânicos. O diamante de 108 quilates é uma das joias da coroa britânica e está em exibição na Torre de Londres.
Foto: picture-alliance/AP Photo/File
6. Ela governou por mais tempo
Elizabeth se tornou rainha em 6 de fevereiro de 1952, logo após a morte de seu pai, o rei George 6º. Ela governou por 70 anos, mais tempo do que sua tataravó, a rainha Vitória, que ocupou o trono por 63 anos, de 1837 a 1901.
Foto: picture alliance/Photoshot
7. Ela não precisava de passaporte
Como o passaporte britânico foi emitido em nome de Sua Majestade, não é necessário que a rainha tenha um, de acordo com o site oficial da família real britânica. Todos os outros membros da realeza, no entanto, têm passaportes. Ela também era a única pessoa no Reino Unido que não precisava de carteira de motorista.
Foto: Reuters/F. Bensch
8. Ela era fã da raça corgi
Elizabeth 2ª gostava de corgis há muitos anos. O caso de amor da rainha com essa raça de cães começou na década de 1930, quando seu pai ganhou um que batizou de "Dookie". A favorita de Elizabeth, no entanto, era "Susan", de quem ela não desgrudava e cujos descendentes foram responsáveis por oito felizes décadas de corgis na família real.
Foto: picture-alliance/dpa
9. Ela também foi uma estrela de cinema
Segundo o site de classificação de filmes IMDb, a rainha Elizabeth 2ª já apareceu em mais de 225 documentários e filmes de ficção e séries de televisão. Ela também ganhou um prêmio BAFTA em 2013 "em reconhecimento ao seu patrocínio notável na indústria do cinema e da televisão". A imagem acima mostra uma foto da série da Netflix "The Crown", com a atriz britânica Claire Foy no papel da monarca.
O patrimônio líquido da rainha foi estimado pela revista Forbes em 350 milhões de libras. Isso pode parece muito, mas é bastante modesto se comparado ao duque de Westminster: Earl Grosvenor tem um saldo de mais de 10 bilhões de libras (cerca de 77 bilhões de reais) em sua conta. No Top mil dos super-ricos britânicos do Sunday Times, Elizabeth 2ª aparece "apenas" na 372ª posição.