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HistóriaAlemanha

O 3 de Outubro é o Dia da Unidade Alemã

Carla Christ
3 de outubro de 2025

Data marca Reunificação da Alemanha, em 1990, e foi escolhida porque o 9 de Novembro, dia da queda do Muro de Berlim, carrega também más lembranças da era nazista.

Symbolbild Tag der Deutschen Einheit
Foto: picture-alliance/dpa

Em 3 de outubro de 1990, a República Democrática Alemã (RDA) oficialmente aderiu à República Federal da Alemanha (RFA) – estava formalizada a Reunificação. Desde então, o povo alemão comemora o Dia da Unidade Alemã como seu feriado nacional. Mas como era antes de 1990? Havia um feriado nacional?

17 de junho? 9 de novembro? 3 de outubro!

Em 18 de janeiro de 1871, o Império Alemão é proclamado na Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes – nascia o Estado nacional alemão. Não tardou para o povo pleitear esse dia como feriado nacional. Mas o imperador Guilherme 1º não estava de acordo: exatamente 170 antes (18/01/1701), o primeiro rei da Prússia havia sido coroado – e o prussiano Guilherme queria que o 18 de janeiro fosse ligado, preferencialmente, a essa coroação. Assim, o novo Estado ficou alguns anos sem feriado nacional, e de forma não oficial era celebrado o dia 2 de setembro, que lembrava a decisiva derrota dos franceses na batalha de Sedan, em 1870.

Já na República de Weimar, o 11 de agosto foi declarado feriado nacional, porque nesse dia, em 1919, o presidente Friedrich Ebert assinou a nova Constituição. No regime nazista, a partir de 1933, o 1º de maio se tornou o "Dia Nacional do Povo Alemão". Na Alemanha dividida havia dois feriados nacionais. Na Oriental, era 7 de outubro, dia da fundação oficial do Estado, em 1949. A Ocidental celebrava o 17 de junho, dia da revolta de cidadãos da Alemanha Oriental contra o regime stalinista, em 1953.

Quando o muro de Berlim caiu, em 9 de novembro de 1989, parecia claro qual seria a data do feriado nacional alemão.

O problema é que o 9 de novembro também havia sido palco de outros acontecimentos da história alemã: a queda da monarquia em 1918, na esteira da derrota na Primeira Guerra Mundial, e o "Putsch da Cervejaria" de 1923. Este último foi uma tentativa mal sucedida de golpe liderada por um jovem Adolf Hitler, que dez anos mais tarde transformou o 9 de novembro numa importante data do calendário nazista usada para celebrar os supostos "mártires" do episódio.

Para piorar, a data coincidia ainda com um dos acontecimentos mais trágicos da história alemã moderna: os Pogroms de Novembro, data também conhecida como Noite dos Cristais de 9 de novembro de 1938, quando os nazistas cometeram brutais atos de violência contra judeus e queimaram sinagogas, lojas e residências de judeus.

Dessa forma, a data para celebrar a reunificação alemã acabou ficando para a 3 de outubro. Esse era o dia previsto no Tratado de Reunificação assinado em 1990 para que os dois Estados alemães passassem a existir como um só país.

Sem autopromoção do Estado

Em outros países, os feriados nacionais são celebrações coloridas e pomposas – com fogos de artifício e paradas militares. Como por exemplo na França, na Fête Nationale, que celebra a tomada da bastilha, em 14 de julho de 1789.

Na Alemanha, as festividades costumam ser mais comedidas. Embora haja comemorações espalhadas por todo o país, a cada ano, a celebração oficial acontece em uma cidade diferente. 

Histórico: da queda do Muro à reunificação

Em 28 de novembro de 1989, duas semanas depois da queda do Muro de Berlim, ao ver aumentar no país vizinho o clamor popular pela reunificação e notando sinais de que Moscou não se oporia à medida,  Helmut Kohl, chanceler da Alemanha Ocidental, anunciava um programa de dez pontos pedindo que as duas Alemanhas expandissem sua cooperação com vistas a uma eventual reunificação.

Não havia um cronograma pronto, mas os eventos foram se sucedendo rapidamente. Em um cenário de rápido desgaste institucional e político e de derrocada econômica, o todo-poderoso Partido Socialista Unitário (SED) perdera seu papel de liderança e em janeiro de 1990 ativistas dos direitos civis invadiram a sede da Stasi.

Em março de 1990, o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do SED era duramente derrotado nas primeiras eleições livres da Alemanha Oriental. E uma grande coalizão foi formada sob a liderança de Lothar de Maizière, líder da ala alemã-oriental da União Democrata Cristã (CDU) de Kohl, que tinha como principal plataforma política a rápida reunificação alemã.

Pouco menos de um mês após a eleição, de Maizière era eleito o último chefe de governo da Alemanha Oriental.

A decisão mais importante da Câmara Popular eleita naquele ano foi tomada numa sessão especial convocada com pouca antecedência nas primeiras horas da manhã de 23 de agosto de 1990. Com uma maioria esmagadora, o parlamento votou pela adesão da RDA à República Federal da Alemanha a ser celebrada oficialmente em 3 de outubro, data que seria chamada de Dia da Unidade Alemã.

Em 12 de setembro de 1990, era assinado em Moscou o Tratado Dois-Mais-Quatro, no qual as potências aliadas – Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética – reconheciam a soberania alemã e eram acertadas as condições para a reunificação da Alemanha.

Em 20 de setembro, os parlamentos das duas Alemanhas, a apenas alguns dias de se tornarem de novo um único país, aprovavam o Tratado de Reunificação, que havia sido assinado em 31 de agosto. 

Os cinco estados alemães-orientais – Brandemburgo, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Saxônia, Saxônia-Anhalt e Turíngia – passaram a integrar o território da República Federal da Alemanha a partir de 3 de outubro de 1990.

md/cn (ots, DW)

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