Data marca Reunificação da Alemanha, em 1990, e foi escolhida porque o 9 de novembro, dia da queda do Muro de Berlim, carrega também más lembranças da era nazista.
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Em 3 de outubro de 1990, a República Democrática Alemã (RDA) oficialmente aderiu à República Federal da Alemanha (RFA) – estava formalizada a Reunificação. Desde então, o povo alemão comemora o Dia da Unidade Alemã como seu feriado nacional. Mas como era antes de 1990? Havia um feriado nacional?
17 de junho? 9 de novembro? 3 de outubro!
Em 18 de janeiro de 1871, o Império Alemão é proclamado na Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes – nascia o Estado nacional alemão. Não tardou para o povo pleitear esse dia como feriado nacional. Mas o imperador Guilherme 1º não estava de acordo: exatamente 170 atrás (18/01/1701), o primeiro rei da Prússia havia sido coroado – e o prussiano Guilherme queria que o 18 de janeiro fosse ligado, preferencialmente, a essa coroação. Assim, o novo Estado ficou alguns anos sem feriado nacional, e de forma não oficial era celebrado o dia 2 de setembro, que lembrava a decisiva derrota dos franceses na batalha de Sedan, em 1870.
Já na República de Weimar, o 11 de agosto foi declarado feriado nacional, porque nesse dia, em 1919, o presidente Friedrich Ebert assinou a nova Constituição. No regime nazista, a partir de 1933, o 1º de maio se tornou o "Dia Nacional do Povo Alemão". Na Alemanha dividida havia dois feriados nacionais. Na Oriental, era 7 de outubro, dia da fundação oficial do Estado, em 1949. A Ocidental celebrava o 17 de junho, dia da revolta de cidadãos da Alemanha Oriental contra o regime stalinista, em 1953.
Quando o muro de Berlim caiu, em 9 de novembro de 1989, parecia claro qual seria a data do feriado nacional alemão.
O problema é que o 9 de novembro também havia sido palco de outros acontecimentos da história alemã: a queda da monarquia em 1918, na esteira da derrota na Primeira Guerra Mundial, e o "Putsch da Cervejaria" de 1923. Este último foi uma tentativa mal sucedida de golpe liderada por um jovem Adolf Hitler, que dez anos mais tarde transformou o 9 de novembro numa importante data do calendário nazista usada para celebrar os supostos "mártires" do episódio.
Para piorar, a data coincidia ainda com um dos acontecimentos mais trágicos da história alemã moderna: a Noite dos Cristais de 9 de novembro de 1938, quando os nazistas cometeram brutais atos de violência contra judeus e queimaram sinagogas, lojas e residências de judeus.
Dessa forma, a data para celebrar a reunificação alemã acabou ficando para a 3 de outubro. Esse era o dia previsto no Tratado de Reunificação assinado em 1990 para que os dois Estados alemães passassem a existir como um só país.
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Sem autopromoção do Estado
Em outros países, os feriados nacionais são celebrações coloridas e pomposas – com fogos de artifício e paradas militares. Como por exemplo na França, na Fête Nationale, que celebra a tomada da bastilha, em 14 de julho de 1789.
Na Alemanha, as festividades costumam ser comedidas. Embora haja comemorações espalhadas por todo o país, a cada ano, a celebração oficial acontece em uma cidade diferente.
Passeio pelas ruínas da Alemanha Oriental
Localizado na antiga Berlim Oriental, o antigo parque de diversões Spreepark vira ponto turístico para os interessados pelas ruínas do extinto país. Fechado desde o início dos anos 2000, o local oferece passeios guiados.
Foto: DW/R.Miranda
Viagem no tempo
Uma caminhada pelas instalações abandonadas do antigo parque de diversões Spreepark, em Berlim, é quase uma viagem no tempo. Os brinquedos, como a montanha-russa que é engolida por uma espécie de tigre, estão todos em más condições – muitos enferrujados e com pixações. A situação é tão precária que, durante o passeio organizado pelos administradores, não é permitido caminhar entre os brinquedos.
Foto: DW/R.Miranda
Visita guiada
Por motivos de segurança, todo o percurso é feito num trem de madeira, que dá a volta pelo parque, mostrando o pouco que sobrou das atrações da época em que o país era dividido. Para conhecer o lugar, é preciso fazer uma reserva pela internet no site do parque. O passeio, sempre aos sábados e domingos, às 13h e às 16h, custa 15 euros por pessoa.
Foto: DW/R.Miranda
Driblando a segurança
Mas há aqueles que preferem se aventurar pelas instalações fora do horário de visitação. Na internet há até relatos de invasores que contam em detalhes suas aventuras pelo Spreepark. Nesses sites, os que se recusam a pagar pelo passeio explicam a melhor maneira de pular as cercas e também aconselham sobre quais cuidados tomar para evitar encontros com seguranças e cachorros que guardam o local.
Foto: DW/R.Miranda
Dinossauros e montanhas-russas
Entre as atrações do Spreepark, uma constante são os dinossauros – há estátuas grandes, de plástico duro, espalhadas por quase todo o local. Muitos deles, porém, estão quebrados ou pixados e viraram local de refúgio para bichos.
Foto: DW/R.Miranda
Interesse externo
As pixações e o vandalismo, no entanto, parecem ser os principais atrativos do Spreepark. Para tentar complementar a renda obtida com as visitas guiadas, os administradores também alugam o espaço para quem estiver interessado – desde empresas até fotógrafos interessados em fazer sessões de foto. Em junho de 2013, a banda britânica The XX se apresentou no local. O show teve ingressos esgotados.
Foto: DW/R.Miranda
Abandono e frustração
Localizado no meio da floresta de Plänterwald, o parque foi aberto no final dos anos 60. Administrado pela família alemã Witte, o local chegou a receber mais de 1 milhão de visitantes em seus tempos áureos. Em meados da década de 90, no entanto, o público começou a minguar. Aborrecidos com o fracasso do parque, os donos decidiram fechar o local em 2001.
Foto: DW/R.Miranda
Problemas com as autoridades
Depois de fechar o parque, a família mudou-se para o Peru e levou na bagagem alguns dos brinquedos do Spreepark. Durante a estada no país sul-americano, o patriarca dos Witte sofreu alguns problemas de saúde e acabou se envolvendo com o tráfico de drogas. Em 2003, ele e seu filho foram presos ao tentar contrabandear para a Alemanha mais de 100 quilos de cocaína.
Foto: DW/R.Miranda
Drogas e prisão
A droga estava escondida dentro de uma atração do parque, chamada "O Tapete Voador”. O pai foi preso na Alemanha e sentenciado a oito anos de prisão, tendo sido liberado depois de cumprir quatro anos. O filho, porém, segue detido no Peru, onde foi sentenciado a 20 anos de prisão pelo mesmo crime.
Foto: DW/R.Miranda
Futuro incerto
Desde o fechamento do Spreepark, há muita especulação sobre o que será feito do local. Segundo os administradores do espaço, alguns investidores já manifestaram interesse em assumir o controle do parque. No entanto, até agora nenhum projeto saiu do papel. Recentemente, um anúncio vendendo o local foi postado na internet: os donos pedem pouco mais de 1 milhão de euros pelo espaço.