Veículos europeus destacam humildade da equipe e trajetória de superação. Inglês "Guardian" lembra que time vivia o "momento mais glorioso" da sua história, e meios da Espanha recordam jogadores que passaram pelo país.
Anúncio
O acidente aéreo sofrido pela equipe da Chapecoense foi destaque nos principais veículos de comunicação europeus desta terça-feira (29/11).
A notícia ocupou lugar no alto da primeira página da versão online do jornal britânico The Guardian. A publicação afirmou que o time vivia um conto de fadas momentos antes da tragédia. "Deve ter sido o momento mais glorioso da história do clube”, escreveu o jornal britânico, citando o bom desempenho do time nas partidas da Copa Sul-Americana.
A publicação chamou a atenção para a simplicidade da equipe, que jogava em um time de uma cidade relativamente pequena. "Mesmo na excelente fase, a equipe permaneceu modesta.” O Guardian afirmou que o acidente deixa um grande sentimento de perda para os brasileiros. "É uma tragédia no sentido mais verdadeiro da palavra.”
A notícia sobre a tragédia da Chapecoense foi uma das mais lidas do site da revista alemã Der Spiegel. O veículo comparou a importância da Copa Sul-America com a Liga Europa. "A vitória deste campeonato representaria o maior sucesso de toda a história da Chapecoense, desde o ano de sua criação."
O acidente também foi destaque no site do tabloide alemão Bild. A publicação comparou a tragédia com o acidente aéreo de fevereiro de 1958, envolvendo o time inglês Manchester United. O avião caiu em Munique, no sul da Alemanha, e matou 23 pessoas.
O Bildapontou Cléber Santana como o jogador mais conhecido na Alemanha, entre as vítimas do acidente, e também lembrou do ex-jogador da Chapecoense Paulo Rink, brasileiro que já passou pelos times alemães Bayer Leverkusen, 1. FC Nürnberg e Energie Cottbus.
Em entrevista ao jornal alemão Rheinische Post, Paulo Rink afirmou que conhecia muitos jogadores que estavam a bordo do avião que levava a equipe da Chapecoense para a Colômbia. "Estou sem palavras. Não sei nem o que dizer. Havia muitos jovens talentos naquele avião. Vários jogadores da Chapecoense participariam pela primeira vez de uma final internacional. Eles estavam muito contentes para a partida”, afirmou o jogador à versão online do jornal alemão.
Para Rink, trata-se de uma "catástrofe gigantesca”. "Não sei o que vai se do clube a partir de agora. Praticamente todos os jogadores estavam no avião. Como eles vão fazer daqui pra frente?”
O jornal El País, da Espanha, descreveu a Chapecoense como "equipe humilde que disputaria sua primeira final de um campeonato internacional”. A publicação espanhola lembra que o time, também conhecido como "furacão do oeste”, passou por muitos problemas financeiros e quase desapareceu há alguns anos. "A história da Chapecoense é de superação.”
O jornal espanhol El Mundo deu destaque para o jogador Cléber Santana, uma das vítimas do acidente aéreo. O jogador ficou conhecido na Espanha por suas passagens pelo Atlético de Madri e pelo Mallorca.
Segundo oEl Mundo, um dos feitos mais memoráveis de Cléber Santana no futebol espanhol aconteceu quando ele vestia a camisa do time de Mallorca. O jogador marcou um gol de placa contra o Real Madrid no Campeonato Espanhol de 2009. Para a publicação espanhola, Cléber ficará presente na memória dos espanhóis – tanto entre os fãs do Mallorca como do Atlético de Madrid.
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.