Tempelhofer Feld é atualmente um dos espaços verdes preferidos dos berlinenses – e palco de momentos marcantes da história da capital alemã.
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Um dos parques mais impressionantes de Berlim e preferido dos berlinenses não nasceu com a pretensão de ser uma área de lazer ao ar livre. O areal no bairro Tempelhof foi destinado a abrigar o aeroporto central da capital alemã, construído entre as décadas 1920 e 1930.
O aeroporto Tempelhof foi inaugurado em 8 de outubro de 1923 com o voo comercial que ligava Berlim à antiga Königsberg, atualmente Kaliningrado, exclave russo entre a Polônia e a Lituânia. Em 1930, o local já era o maior aeroporto da Europa em número de passageiros, com voos para 71 cidades, 25 fora da Alemanha.
Nesta época, o aeroporto era bem diferente. O prédio, que impressiona pelo tamanho, foi erguido durante o regime nazista e, neste período, foi usado como base militar.
No fim da Segunda Guerra Mundial, em abril de 1945, o aeroporto foi ocupado pelo Exército soviético e, em julho, entregue à administração americana. Durante a divisão de Berlim, o aeroporto foi um dos principais cenários de uma das mais graves crises da Guerra Fria.
Com o bloqueio de Berlim, entre junho de 1948 e maio 1949, no qual os soviéticos impediram o acesso à cidade por vias terrestres e fluviais, o abastecimento de Berlim Ocidental foi feito pelas Forças Aéreas dos Estados Unidos e do Reino Unido, nas linhas que ficaram conhecidas como ponte aérea de Berlim e pousavam no Tempelhof.
Neste período, quase 278 mil voos foram feitos para abastecer a cidade. Além de alimentos, os aviões traziam também combustível, máquinas e todo o tipo de bens de consumo necessários para a população. Além disso, cerca de 240 mil pessoas chegaram a ou deixaram Berlim Ocidental em voos conectando Tempelhof.
Com a criação dos dois Estados alemães e a separação definitiva do país, em 1949, o bloqueio foi levantado, e o local se tornou uma das principais portas de entrada de Berlim Ocidental. A partir de 1951, as companhias aéreas Pan American e Air France começaram a oferecer voos dali.
No comando do local desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Americana devolveu o aeroporto à cidade em 1993. Dois anos mais tarde, o local foi tombado pelo patrimônio histórico.
Em 1996, com a decisão da construção de um novo aeroporto, Berlim optou por fechar os três antigos que estavam em funcionamento. O primeiro foi o Tempelhof, em 2008, reaberto como parque em 2010, assim como ele estava. Ele passou a ser chamado de Campo do Tempelhof (Tempelhofer Feld). Em 2014, numa consulta popular, a maioria dos berlinenses foi contra destinar algumas áreas ao longo do muro do parque para o setor imobiliário.
O espaço ganhou destaque na imprensa novamente em 2015, quando no auge da crise migratória, a prefeitura de Berlim decidiu abrigar refugiados nos antigos hangares. Cerca de 2 mil pessoas foram abrigadas lá.
Com mais de 300 hectares de área verde, o Tempelhofer Feld é um dos maiores parques localizados dentro de cidades do mundo.
Pessoalmente, tenho algumas ressalvas com o Tempelhof, há poucas árvores e, em dias de ensolarados, sombras fazem uma enorme falta. Porém, acho o parque bem curioso, devido às pistas de pouso e decolagem, e os antigos hangares e prédio administrativo são impressionantes.
Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
A primeira linha subterrânea para transporte público na Alemanha foi inaugurada em 1902, em Berlim, cerca de 40 anos depois de a primeira do mundo ser aberta em Londres. Os alemães chamam o metrô de U-Bahn.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Berlim, pioneira na Alemanha
No dia 15 de fevereiro de 1902, foi inaugurado o metrô berlinense, partindo da estação da Praça de Postdam em direção à estação Stralauer Tor. Três dias depois, o meio de transporte foi aberto ao público. Até dezembro do mesmo ano, foram abertas nove estações na rede metroviária. Na Alemanha, o trem subterrâneo chama-se Untergrundbahn ou U-Bahn.
Foto: Imago/G. Leber
Londres, primeiro metrô do mundo
Em 1863, começaram a circular os metrôs em Londres, na época, locomotivas a vapor. Como a fumaça incomodava os passageiros, a linha foi encerrada precocemente. Em 1890, os túneis da capital londrina foram eletrificados. Em Paris, a primeira linha da rede de metrô foi inaugurada em 1900. O Chemin de Fer Métropolitain (caminho de ferro metropolitano) deu origem à abreviatura no português, metrô.
Foto: picture-alliance/Heritage-Images
Da Berlim Ocidental à Oriental
O metrô de Berlim, primeiro trem subterrâneo da Alemanha, cresceu com a expansão de seus trilhos, que inicialmente percorriam pouco mais de 10 quilômetros. Ele sobreviveu a duas guerras mundiais e o Muro de Berlim. Durante a divisão da cidade, o trem só chegava ao lado oriental, comunista, após inspeções rigorosas. A segurança foi redobrada, para evitar que alemães do leste fugissem para o oeste.
Foto: DW/Kate Brady
Hamburgo
A eficiência dos trens elétricos em Berlim inspirou a cidade portuária de Hamburgo, que inaugurou sua rede ferroviária subterrânea em 15 de fevereiro de 1912. Por causa do rio Elba, no entanto, grande parte da malha foi construída sobre viadutos e aterros.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Colônia e outras
Em outras grandes cidades alemãs, o metrô subterrâneo foi introduzido após a Segunda Guerra, por conta da reconstrução dos centros urbanos. A Stuttgart, ele chegou em 1966; a Essen, em 1967; e a Frankfurt e Colônia, em 1968. Na foto, a escada rolante da estação de metrô Heumarkt, em Colônia.
Foto: Imago/blickwinkel/S. Ziese
Munique
À capital da Baviera, o sistema de metrô subterrâneo só chegou na década de 1970. Inicialmente ele estava previsto para ser inaugurado em 1974, mas, devido aos Jogos Olímpicos de 1972, começou a funcionar já em 1971. Na foto, a estação Münchner Freiheit, decorada pelo designer e artista alemão Ingo Maurer, com espelhos no teto e luzes azuis.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Warmuth
A rede mais longa do mundo
Desde dezembro de 2017, a mais extensa malha metroviária do mundo é a de Xangai, na China, com 637 quilômetros. Na Alemanha, a maior rede de metrô é a de Berlim, com 144 quilômetros, 12ª colocada no ranking mundial.
Foto: Imago/Xinhua/D. Ting
O mais longo trecho subterrâneo
A mais longa linha subterrânea da Alemanha é a U7 (foto), de Berlim, com 31,8 km. Já a linha de metrô mais longa, que corre embaixo e sobre o solo, é a linha U1 em Hamburgo, com 55,8 km. Em termos de inclinação, a linha U3, entre Frankfurt e Hohemark, supera uma altura de 204 metros.
Foto: Imago/R. Peters
Bunker de guerra
Estações de metrô especialmente profundas sob o solo foram construídas nos antigos países socialistas durante a Guerra Fria, para servirem também de abrigo numa eventual guerra nuclear. O recorde mundial de profundidade é a estação de metrô Arsenalna, em Kiev, na Ucrânia, com 105,5 metros. Na foto, a escada rolante de uma estação de metrô em São Petersburgo.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Brandt
A estação alemã mais profunda
Já nos países ocidentais, os metrôs não são tão profundos devido a questões arqueológicas (Atenas e Roma) ou geológicas (Oslo e Washington). A estação mais profunda da Alemanha é a Messehallen, em Hamburgo, 26 metros abaixo do solo. Também suas escadas-rolantes são recorde alemão, com 22 metros de extensão.