Em comemoração do 70º aniversário do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, chanceler federal expressa preocupação com racismo e disseminação de teorias da conspiração e discurso de ódio contra judeus na internet.
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Em discurso nesta terça-feira (15/09) em cerimônia comemorativa do 70º aniversário do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que o antissemitismo nunca desapareceu na Alemanha.
"O fato de muitos judeus não se sentirem seguros, não se sentirem respeitados em nosso país, é parte da realidade de hoje e me causa grande preocupação", disse Merkel na cerimônia, realizada em Berlim.
"É uma vergonha e me envergonha profundamente a maneira como o racismo e o antissemitismo se manifestam nos últimos tempos", afirmou a chanceler. "É verdade que o racismo e o antissemitismo nunca desapareceram, mas há algum tempo eles se manifestam de maneira cada vez visível e desinibida."
Merkel afirmou que, com frequência, judeus são alvo de ofensas, ameaças, teorias da conspiração e discurso de ódio nas redes sociais. "Isso é algo que nunca devemos aceitar em silêncio", disse ela, sob aplausos.
Merkel lembrou o ataque a uma sinagoga na cidade alemã de Halle em outubro do ano passado como um exemplo de "como as palavras podem se tornar ações rapidamente".
Em discurso anterior ao de Merkel, o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, também denunciou a crescente proeminência do sentimento antissemita, incluindo um aumento nas teorias da conspiração e crimes contra judeus.
"Teorias de conspiração antijudaicas, semelhantes às da Idade Média, ressurgiram durante a atual pandemia de coronavírus", disse Schuster. "As ideias dos nazistas ainda não desapareceram", acrescentou.
O Conselho Central dos Judeus na Alemanha foi criado em Frankfurt em 1950, inicialmente para representar os judeus sobreviventes do Holocausto que estavam considerando o exílio ou se mudando para a recém-fundada Israel. O órgão representava cerca de 15 mil judeus localizados nas zonas de ocupação americana, francesa, britânica e soviética do pós-guerra, assim como exilados que cogitavam retornar à Alemanha.
A entidade representa atualmente os interesses políticos e sociais de 23 associações regionais e 105 comunidades judaicas, com um total de 100 mil membros.
Schuster chamou os fundadores do conselho de "pioneiros", que merecem respeito por seu papel de plantar a semente para a vida judaica na Alemanha, dizendo que eles mostraram "grande confiança" na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, por se sentirem ligados ao país.
MD/afp/epd/kna
Memoriais judaicos em Berlim
Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.