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O boom dos serviços de streaming

Hannes Breustedt ip
17 de outubro de 2017

Modelo de negócios revolucionou indústria do entretenimento e hábitos dos espectadores mundo afora. Netflix foi pioneira e ainda se destaca, mas concorrência promete se acirrar no lucrativo setor.

Pessoa segura tablet que mostra logotipo da Netflix
Netflix está disponível em 190 paísesFoto: picture alliance/AP Photo/E.Amendola

Não faz nem cinco anos que a Netflix emplacou seu primeiro grande sucesso com a série House of Cards. Desde então, o mercado de TV mudou tanto que parece ter transcorrido uma eternidade. O sucesso do drama político, estrelado pelo vencedor do Oscar Kevin Spacey no papel do inescrupuloso deputado americano Frank Underwood, foi categórico: entretenimento na telinha também funciona sem provedores de TV a cabo e vastos pacotes de canais – ninguém mais pode ignorar o fenômeno do streaming.

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O modelo de negócios sofreu um boom: serviços online de vídeo, que mediante a cobrança de uma taxa oferecem filmes e séries, não substituíram de forma alguma a televisão tradicional, mas sua importância cresce de forma constante.

Nos Estados Unidos, cada vez mais clientes cancelam suas assinaturas de TV a cabo e se tornam "cord cutters" (cortadores de cabo, em tradução livre), que acessam entretenimento televisivo exclusivamente pela internet.

A tendência está intimamente ligada ao sucesso da Netflix, que moldou esse modelo de negócios desde o início. Nesta segunda-feira (16/10), a empresa divulgou que conquistou cerca de 5 milhões de novos assinantes nos últimos três meses. A companhia também anunciou investimentos maciços para manter a concorrência distante.

"House of Cards", o grande sucesso da Netflix

Explosão de preços

Fundada em 1997 em Los Gatos, Califórnia, a companhia operou inicialmente como uma locadora de vídeos online, oferecendo discos de DVD e Blu-ray. Após entrar no mercado de ações em 2003, a Netflix viu seu valor subir de 300 milhões para mais de 86 bilhões de dólares.

Por trás dessa explosão, está o florescente serviço de streaming, cujo número de clientes cresceu de cerca de 23 para 104 milhões desde 2011. Hoje, a Netflix está disponível em mais de 190 países.

Isso estimula concorrência mesmo na antiquada indústria de entretenimento. Enquanto a gigante da mídia americana Disney só recentemente anunciou um serviço de streaming para 2019, o popular pay-per-view HBO, da Time Warner, já está disponível nos EUA desde 2015, com blockbusters como Game of Thrones também disponíveis na forma de assinatura online. Além disso, a Hulu, pioneira no mercado assim como a Netflix, agora conta com a parceria de gigantes como NBC Universal, Fox e Disney.

Amazon, a concorrente de Hollywood

A maior rival do streaming, no entanto, não está em Hollywood. Conhecida sobretudo por sua agressiva expansão no comércio online, a gigante da internet Amazon compete há anos também com a Netflix graças a seu serviço Prime Video.

Recentemente, até o Vale do Silício tem metido cada vez mais o bedelho: a Google tem aprimorado seu serviço de vídeos Youtube com modelos de assinaturas e conteúdo exclusivo produzido de forma profissional. De acordo com a mídia americana, Facebook e Apple planejam bilhões de investimentos em conteúdo exclusivo em vídeo.

Na luta pela liderança no streaming, as produções próprias, chamadas de "originais", são consideradas a chave do sucesso. Essas podem ser documentários, filmes, talk shows, mas principalmente séries. Neste quesito, a HBO se estabeleceu cedo com clássicos como The Sopranos (Família Soprano, no Brasil) e The Wire, e é considerada ainda hoje líder em qualidade.

A Amazon, apesar de alguns êxitos, ainda não teve um grande hit. Claro que a Netflix também brilha com algumas novas séries, mas é difícil superar o sucesso de House of Cards ou Orange Is the New Black.

"Game of Thrones" foi disponibilizado no pay-per-view da HBOFoto: Imago/Cinema Publishers Collection

Bilhões para megahit

A caça ao próximo megahit do streaming provocou uma verdadeira batalha de gastos. Neste ano, a Netflix pretende investir 6 bilhões de dólares em conteúdo exclusivo, e a Amazon, 4,5 bilhões de dólares, segundo estimativas do banco JPMorgan.

O Youtube não chega a falar em valores, mas também vêm ganhando espaço e, para crescer, pode aproveitar os fundos da proprietária Google. A Disney, por sua vez, está abrindo o orçamento de guerra para seu canal esportivo ESPN, cujo serviço de streaming está programado para ser lançado em 2018.

As produções internas podem se revelar caros fracassos, mas em caso de sucesso, são lucrativas não apenas como um ímã de clientes. Conteúdo atraente comprado também é caro, e a aquisição de direitos é muitas vezes complexa.

Um outro problema com as produções externas foi recentemente sentido na pele dolorosamente pela Netflix, quando a Disney, por ocasião da sua própria ofensiva de streaming, anunciou o fim da cooperação com a empresa. Contratos de licença são geralmente de tempo limitado, e quando os parceiros se tornam rivais, conteúdo valioso é perdido.

Se os especialistas financeiros de Wall Street estiverem certos, a Netflix está bem posicionada, apesar de toda a concorrência. Goldman Sachs e JPMorgan recomendaram a compra das ações da empresa na semana passada e aumentaram suas metas depois que a Netflix aumentou os preços da assinatura. O valor das ações alcançou então um novo recorde.

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