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O Brasil na imprensa alemã (01/02)

1 de fevereiro de 2023

Viagem do chanceler federal Olaf Scholz ao Brasil recebeu destaque na mídia da Alemanha – sobretudo pelas declarações do presidente Lula sobre a guerra na Ucrânia.

Luiz Inácio Lula da Silva e Olaf Scholz
Scholz recebeu uma ducha fria de Lula, escreveu jornal alemãoFoto: Ueslei Marcelino/REUTERS

Tagesschau – Lula como negociador na guerra da Ucrânia? (01/02)

Antes da sua eleição, o presidente brasileiro já havia gerado incompreensão no Ocidente com sua posição sobre a guerra na Ucrânia. E também agora o Brasil não quer se envolver no conflito. Porém, Lula se ofereceu para mediar. Isso é realista?

As expectativas eram grandes: ele vai levar adiante acordos comerciais paralisados, iniciar novas parcerias e salvar a Amazônia. Depois da visita do chanceler federal Olaf Scholz a Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, o que predomina é a desilusão e uma conclusão: algumas das expectativas em relação ao novo presidente brasileiro eram, talvez, apenas aspirações.

Isso ficou especialmente claro na questão da guerra na Ucrânia.

Der Tagesspiegel – Uma ducha fria para o chanceler (31/01)

O Brasil está de volta ao cenário internacional, vibraram os otimistas depois da vitória do ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial contra o populista de direita Jair Bolsonaro. A Alemanha tem, de novo, um parceiro. Isso valia especialmente para a social-democracia no governo em Berlim, que apresenta Lula como um irmão em espírito.

Diante dessa expectativa, a visita do chanceler federal virou um choque de realidade para acabar com as ilusões. Olaf Scholz e Lula não andaram lado a lado, como diz a velha canção do movimento operário.

(...)

Scholz apostou em Lula, mas saiu decepcionado.

Süddeutsche Zeitung – O amigo difícil (01/02)

Mas seria errado idealizar o ex-ex-presidente. Sua apresentação ao lado de Scholz trouxe de volta a lembrança de que Lula nunca foi um parceiro fácil. Às vezes ele é pragmático, às vezes ele tende a um populismo vaidoso e arrogante. Às vezes ele se vê como impulsionador da cooperação global, às vezes ele se distancia claramente do Ocidente, que, no seu ponto de vista, sempre foi fortemente dominado pelos Estados Unidos.

É no tema Ucrânia que isso fica mais claro. De um lado, Lula condena a invasão russa. Do outro, vê-se como juiz entre dois lados, aos quais acusa, nas mesmas proporções, de terem causado a guerra. Sua declaração de que só há briga quando dois querem é grotescamente inapropriada para uma situação na qual um país menor é destruído por um maior.

(...)

Scholz deveria, portanto, educadamente ignorar Lula quando este se serve de velhos ressentimentos antiamericanos e, a partir deles, fala bobagens sobre a Ucrânia. Ainda restam suficientes pontos em comum. O mais importante: Lula precisa levar seu país a um novo sucesso econômico, e sem destruir ainda mais a natureza. Isso só vai dar certo com ampla ajuda da UE. O governo alemão deve ajudar a mobilizar esses recursos.

Lula avalia mal a situação na Ucrânia. Mesmo assim, a Alemanha deve apoiá-lo.

Bild – Scholz não teve êxito com Lula (31/01)

A visita à capital Brasília deu um tanto errado para Scholz. O chanceler queria esclarecer Lula sobre as mentiras russas que a máquina de propaganda do ditador Vladimir Putin espalha sobre a Ucrânia. Por uma hora, Lula e Scholz conversaram a sós no palácio presidencial.

Na entrevista coletiva à imprensa que se seguiu, Scholz teve de ouvir como um loquaz Lula espalhava a propaganda de Putin. Lula disse não saber "por que a guerra começou". Agora, porém, nenhum quer retroceder. À cada frase, Lula colocava a culpa pela guerra nos dois lados.

A única crítica que Lula fez à guerra de agressão criminosa da Rússia terminou, mais uma vez, com a culpabilização da Ucrânia: "A Rússia cometeu o erro clássico de invadir o território de um outro país. Mas eu ainda acho que, quando um não quer, dois não brigam".

Pelo jeito Lula não quis ouvir o chanceler ou não acreditou nele. Pois Scholz estava firmemente disposto a esclarecer ao brasileiro por que Putin era o único responsável pela guerra.

as/ek (ots)

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