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O Brasil na imprensa alemã (01/07)

1 de julho de 2020

Os escândalos dos primeiros 18 meses do governo Bolsonaro, o combate às redes de fake news no país e os reflexos do autoritarismo na gestão da crise do coronavírus foram destaque na mídia da Alemanha.

Homem de máscara anda em calçada em São Paulo
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Penner

Tagesschau.de – Balanço aterrador dos 18 meses de gestão Bolsonaro (01/07)

Jair Bolsonaro governa há um ano e meio – um tempo de escândalos e fracassos. O Brasil é atualmente um dos epicentros do coronavírus no mundo. Os filhos de Bolsonaro estão no foco da Justiça. Sua política ambiental também o isola internacionalmente.

A covid-19 continua se alastrando no Brasil. Apenas os Estados Unidos têm mais infecções e mais mortes. Mas no Jornal Nacional, principal noticiário da televisão brasileira, a doença fica bem em segundo plano. Há outras questões que preocupam o Brasil – na maior parte das vezes, os assuntos principais são os escândalos do governo ou da família do presidente Jair Bolsonaro. Ambos fornecem material suficiente.

No momento, a prisão de Fabrício Queiroz está no centro da atenção. Um amigo íntimo da família. O presidente é seu ex-colega de Exército e amigo de pescaria; o filho Flávio Bolsonaro empregava o ex-policial como motorista. Ele teria sido o elo de ligação com milícias de direita. O homem para o serviço sujo dos Bolsonaro, envolvido em todo tipo de negócio obscuro. As investigações atuais são sobre corrupção; somas bastante altas aparentemente escoaram pela conta de Queiroz.

Die Zeit – Com a lei contra as redes de ódio de Bolsonaro (30/06)

A propaganda política com conteúdo enganoso e difamatório vem dos dois principais campos políticos no Brasil, é distribuída principalmente entre pessoas com ideias semelhantes nas redes sociais e através de serviços de mensagens, como o Facebook e o Telegram. Nos últimos anos, no entanto, foi sobretudo o campo extremista de direita do entorno de Bolsonaro que conseguiu usar essa forma de comunicação a seu favor; vários estudos acadêmicos sobre o assunto mostraram isso repetidamente.

Bolsonaro venceu a campanha eleitoral de 2018 com o apoio de um exército de blogueiros militantes e disparadores de mensagens na internet, organizados, entre outros, por seu filho mais afeito à internet Carlos Bolsonaro. As notícias, que tiveram um enorme impacto na época, variaram de uma mistura de verdadeiras e falsas alegações de corrupção contra políticos de esquerda a óbvias bobagens. Por exemplo, que o candidato da oposição de esquerda estaria distribuindo material nas escolas para "transformar" crianças heterossexuais em homossexuais.

Desde então, o tom nas redes favoráveis a Bolsonaro se tornou ainda mais estridente, onde insultos pessoais, ameaças de violência, representações sexualmente degradantes de políticos opositores e crimes falsos cometidos pelos que pensam diferente são normais há muito tempo.

(…)

Uma nova lei será levada à votação, criando um novo órgão de autorregulação para as mídias sociais e os operadores de serviços de mensagens – e trazendo consigo algumas restrições drásticas à liberdade na internet. Qualquer pessoa que divulgue mensagens na internet deve ser registrada com nomes reais, números de telefone celular e até cartões de identificação, e os operadores dos serviços devem entregar listas de remetentes em massa de determinadas mensagens a órgãos policiais. Nas versões anteriores da lei, os operadores de mídia social deveriam até ser obrigados a remover notícias falsas da internet por sua própria responsabilidade.

(…)

Na verdade, esse projeto apresentado às pressas e algumas ações judiciais igualmente precipitadas – Alexandre de Moraes até proibiu recentemente a transmissão de uma reportagem em vídeo, algo que seus colegas da Corte criticaram como censura – mostram que o establishment democrático ficou extremamente nervoso. Neste ínterim, as muitas mensagens falsas põem em risco a ordem democrática do país de várias maneiras. Isso também se aplica ao enfrentamento da crise do coronavírus: como nos Estados Unidos, a pandemia no Brasil há muito se tornou uma questão política em torno da qual as teorias da conspiração se multiplicam.

Welt am Sonntag – Onde populistas governam, os números de infecções explodem (27/06)

Líderes autoritários, como Trump e Bolsonaro, se assemelham na forma de lidar com a crise do coronavírus. De maneira lúdica, eles tentam ridicularizar medidas de proteção, como, por exemplo, com aglomerações. A máscara é considerada uma fraqueza. Eles falam dramaticamente do "povo", mas não se importam com os doentes e os mortos. Agora as consequências estão aparecendo.

Na segunda-feira, um tribunal brasileiro sentenciou o presidente Jair Bolsonaro a usar uma máscara – pelo menos em espaços públicos, transporte público e lojas na capital. Ou seja, sempre que essa obrigatoriedade da máscara se aplicar a todos. Bolsonaro considera a determinação "desnecessária", e apresentou recurso.

Na sexta-feira, seu Ministério da Saúde registrou 46.860 novas infecções e 990 mortes adicionais em 24 horas. Muita coisa para uma "gripezinha" (como chamou Bolsonaro). O presidente do Brasil é um exemplo de uma série de líderes autoritários em meio à pior crise de seus países. Suprimir, encobrir, distorcer – esse não é apenas o lema de Donald Trump para lidar com a pandemia. Também é o caso no Brasil e na Índia. Os números falam por si. Como realmente são os dados em China, Irã e Rússia é algo que só dá para imaginar. E uma decisão judicial como no Brasil é impensável nesses três países.

MD/ots

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