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O Brasil na imprensa alemã (03/02)

3 de fevereiro de 2021

Maior revista do país, "Spiegel" destaca drama da falta de oxigênio em Manaus e questiona como cidade pode viver segunda onda se, segundo estudo, 76% da população já teria sido infectada na primeira.

Cemitério em Manaus: drama na cidade tem espaço frequente na imprensa alemã
Cemitério em Manaus: drama na cidade tem espaço frequente na imprensa alemãFoto: Lucas Silva/dpa/picture alliance

Spiegel Online – O mistério da imunidade de rebanho que desapareceu (01/02)

Um estudo com doadores de sangue indicou que, durante a primeira onda, 76% dos moradores de Manaus já haviam sido infectados com o Sars-Cov-2. Com base nesse dado, a população teria, em muito, ultrapassado o limite da chamada imunidade de rebanho, que é frequentemente fixado em 67%. Isso significaria que poucas pessoas poderiam ser infectadas e que uma segunda onda estaria, assim, descartada. Durante semanas, especialistas têm discutido as possíveis razões pelas quais um novo e grave surto acabou, mesmo assim, ocorrendo na cidade. Na semana passada, um grupo de pesquisadores do Brasil, da Inglaterra e dos Estados Unidos publicou um artigo com quatro abordagens explicativas na revista científica The Lancet. Suas considerações:

1 - A explicação mais simples seria que a população de Manaus não atingiu a imunidade de rebanho no início de dezembro, quando a segunda onda começou. A suposição de que 76% da população já havia sido infectada até outubro de 2020 se baseia em um estudo publicado na revista Science, que pode ter falhas.

2 - A imunidade da primeira onda já está se esvaindo: também é possível que a imunidade que se acumulou na população durante a primeira onda na primavera esteja desparecendo. Ainda não está totalmente claro quão bem e por quanto tempo as infecções protegem contra novas infecções.

3 - O vírus mudou tanto que a imunidade não basta: atualmente está se espalhando em Manaus a mutação P.1, uma das variantes do coronavírus com a qual os especialistas estão mais preocupados.

4 - A nova variante do vírus é claramente mais contagiosa: a última possibilidade discutida no artigo é que uma variante do vírus que está agora se espalhando em Manaus é claramente mais contagiosa do que o vírus original.

Spiegel Online – "As pessoas não morreram de covid-19, morreram sufocadas porque houve um problema logístico" (30/01)

Em Manaus, os pacientes de coronavírus estão morrendo por falta de oxigênio. A jovem médica Ana Cláudia Cunha estava lá quando o sistema de saúde entrou em colapso.

Depois que a metrópole amazônica brasileira foi duramente atingida por uma segunda onda de covid-19, o sistema de saúde da cidade entrou em colapso. Dezenas de pacientes morreram sufocados nos últimos dias, já que os hospitais ficaram sem oxigênio. As ambulâncias estão paradas porque seus leitos são necessários nas enfermarias dos hospitais. E ninguém sabe quantos pacientes estão morrendo em casa porque as camas nas unidades de terapia intensiva estão cheias.

Enquanto os cientistas se perguntam se o surto está ligado a uma mutação perigosa do vírus, as autoridades estão investigando se o ministro da Saúde deve ser responsabilizado por uma falha logística. Ana Cláudia Cunha, de 30 anos, estava de plantão no Hospital Universitário Getúlio Vargas no dia em que o oxigênio acabou. Ela conversou com a Spiegel por telefone.

"A maioria das pessoas espera dias por um leito. Muitos tentam entrar com processos, mas dadas as longas listas de espera, isso também não ajuda muito. Isso significa que a maioria dos pacientes chega até nós muito tarde. Muitas vezes, só os acompanhamos até a morte."

ZDF – Protesto com sacos plásticos no Brasil (01/02)

No Brasil, as críticas ao presidente populista de direita estão crescendo por causa de sua política para o coronavírus.

Neste fim de semana, brasileiros se manifestaram novamente contra o presidente Jair Bolsonaro, pedindo o impeachment. Alguns manifestantes do lado de fora do prédio do Congresso usavam sacos plásticos na cabeça – referindo-se à dramática situação na região amazônica onde pacientes haviam morrido porque os hospitais ficaram sem oxigênio.

"Fora Bolsonaro" foi escrito nos cartazes que milhares de brasileiros seguraram fora dos vidros de seus carros. Foram os primeiros grandes protestos em massa no Brasil em tempos, organizados em caravanas em muitas grandes cidades.

rpr/ek (ots)

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