1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

O Brasil na imprensa alemã (05/01)

5 de janeiro de 2022

Inundações na Bahia e descaso de Bolsonaro, herança vazia das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro e morte de Lya Luft foram destaques da semana nos veículos alemães.

Família espera que águas baixem em Ilhéus (BA)
Família espera que águas baixem em Ilhéus (BA)Foto: Raphael Muller/AP Photo/picture alliance

Die Tageszeitung (TAZ) – "A maior catástrofe para a Bahia" (29/12/2021)

A bordo de jet-skis, os homens avançam velozmente por uma rua completamente inundada. Lá onde, há poucos dias, pedestres passeavam, só se veem os últimos andares das casas por cima da água. O vídeo foi rodado em Itabuna, cidade no sul do estado da Bahia. O Brasil vive as piores enchentes dos últimos 30 anos. O governador Rui Costa comparou a situação à de uma zona de guerra, referindo-se à "maior catástrofe na história da Bahia".

As chuvas torrenciais deixaram mais de 60 cidades inundadas. Segundo as autoridades, mais de 20 pessoas morreram nas enchentes, várias estão desaparecidas e dezenas de milhares perderam suas casas. As fortes chuvas também causaram deslizamentos. Muitos, brasileiros, a maioria das vezes pobres, moram em morros, em casas expostas às condições climáticas, sem nenhuma proteção. Duas barragens não suportaram os volumes de água e se romperam. Muitas outras podem não resistir à pressão.

Se as barragens realmente se romperem, há outro problema: o estado poderia perder as reservas de água, previstas para serem usadas nos meses de seca.

As enchentes recentes atingiram pesadamente o país assolado por crises. Nas redes sociais, internautas iniciaram campanhas de doação.

Representantes dos governos locais se deslocam pelas áreas inundadas com capas de chuva. O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou a região uma vez, mas só após vários dias prometeu pagar auxílios emergenciais para as vítimas. Além disso, causou indignação por tirar férias e ser fotografado, bem-humorado, na praia.

Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) – A herança suja das Olimpíadas (03/01/2022)

O portão não está trancado, e a casinha do vigia ao lado, abandonada. Aves de rapina famintas sobrevoam o Parque Olímpico na Barra da Tijuca. A promessa ao Rio de Janeiro tinha sido de paisagens em flor – naquele dia em que a cidade aos pés do Pão de Açúcar finalmente renovou a esperança de sair do aparente eterno círculo vicioso de pobreza e falta de perspectivas. 

Esse dia já passou há mais de 12 anos. Foi num dia em outubro de 2009 que a metrópole brasileira conquistou o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016.

Para o Brasil e para o Rio, a Copa do Mundo de futebol (2014) e as Olimpíadas deveriam ser a entrada para a elite mundial política e urbana. E, para Lula, um memorial político. O sonho foi alimentado pelas enormes descobertas de petróleo no litoral do país, uma indústria agrícola engordada por imensas conquistas de áreas de cultivo conseguidas pelo desmatamento durante anos e por um inescrupuloso setor da construção. Na época, o crescimento econômico baseado em fontes de energia fósseis e agricultura altamente industrial ainda eram aceitos internacionalmente. O sonho de Lula de chegar à elite foi um histórico erro de cálculo – do ponto de vista econômico, político e esportivo.

O que ficou da Copa e dos Jogos Olímpicos foram uma montanha de dívidas e complexos esportivos e estádios superdimensionados que prometiam um uso sustentável – algo não verdadeiramente realizado até hoje. O Parque Olímpico na Barra da Tijuca emana o charme de um vilarejo fantasma abandonado, uma atmosfera que não se deve apenas à falta de eventos pela pandemia do coronavírus. As esperanças olímpicas do Rio de 2009 não deram em nada – com exceção de algumas melhorias na infraestrutura de trânsito, como uma ampliação parcial do metrô.

O pior, porém, é a perda da confiança na política brasileira por causa dos grandes eventos administrados de forma catastrófica – o que, em última instância, contribuiu para empurrar a população indignada para os braços do populista de direita Jair Bolsonaro.

Der Spiegel – Morre Lya Luft (30/12/2021)

A escritora e tradutora Lya Luft, brasileira de origem alemã, morreu na sexta-feira na cidade de Porto Alegre, aos 83 anos, em consequência de um câncer de pele, conforme divulgou a editora Record.

[...] Luft nasceu na cidade de Santa Cruz do Sul, no sul do Brasil e marcada pela imigração alemã, em 1938. Publicou diversos romances e livros de outros gêneros, iniciando a carreira com uma coleção de poemas em 1964. Algumas de suas obras foram traduzidas para o alemão e para outras línguas, como As parceiras [1980, lançado na Alemanha em 1984 sob o título Die Frau auf der Klippe]. Além disso, ela mesma traduzia para o português obras do alemão e do inglês – incluindo publicações de Rainer Maria Rilke, Thomas Mann e Virginia Woolf.

Segundo dados da editora Record, Luft fazia parte dos escritores e escritoras mais queridos do país sul-americano neste século.

rk (OTS)

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque