Mídia aponta momento político tenso nos dias do julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE. "País está afundando" e "desliza para o caos" dizem as manchetes. Violência no Rio também é destaque.
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Stern – Um país está afundando, 01/06/2017
Na semana passada, meus vizinhos se reuniram para assistir TV. Não havia nenhuma novela ou jogo de futebol, sedativos para o povo brasileiro. Estava passando um especial sobre o encontro noturno entre o presidente Michel Temer e Joesley Batista, chefe da maior empresa de carne do mundo, a JBS.
Os dois conversaram na noite de 7 de março sobre algo que praticamente já faz parte do cotidiano profissional de poderosos no Brasil: ocultação de corrupção.
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Negócios criminosos do tipo não são incomuns na elite do Brasil. O que foi incomum é que Batista gravou a conversa e deu para o Ministério Público. O empresário corrupto firmou um acordo com a Justiça para escapar de anos de prisão.
Süddeutsche Zeitung– Brasil desliza para o caos, 06/06/2017
Após inúmeros novos escândalos de corrupção, intrigas e prisões, a confiança dos brasileiros nos políticos chegou ao fundo do poço. Marchas de protesto avançam pelas ruas, edifícios do governo são incendiados. Michel Temer pode em breve acabar como Dilma Rousseff, a mulher que ele retirou da Presidência com acusações legalmente questionáveis.
Die Tageszeitung– No labirinto da política, 04/04/2017
Os dias de Temer parecem agora contados, mas o presidente enfraquecido se agarra desesperadamente ao cargo, pois ele tem bastante a perder. O cargo lhe garante imunidade e, no geral, é presumido que Temer tenha boas chances de terminar sua carreira política na prisão. Desde que a poderosa estação de televisão Rede Globo pede abertamente o fim de Temer como presidente, sua sobrevivência até a data regular das eleições, outubro de 2018, parece mais do que duvidosa.
Der Spiegel– Guerra nos morros, 03/06/2017
Quase um ano depois dos Jogos Olímpicos, a violência no Rio está fora de controle. O número de homicídios no estado do Rio de Janeiro aumentou quase 25% em relação ao ano passado. Roubos e outros delitos aumentaram acentuadamente. A maioria dos crimes está relacionada ao tráfico de drogas.
O governador do estado pediu ajuda a Brasília no início de maio [...] O presidente Michel Temer mandou soldados da Força Nacional, uma tropa de elite militarmente organizada. Eles patrulharam nos arredores, mas não nas favelas em si – o risco de que moradores fossem mortos ou feridos em combates seria alto demais.
md/ots
A "cédula" da eleição indireta no Brasil
Com o governo Michel Temer sob pressão e, para muitos, com os dias contados, já circulam nomes no meio político e empresarial para sucedê-lo. Veja os principais.
Foto: picture alliance/AP Photo/E. Peres
Fernando Henrique Cardoso
Foi o primeiro nome colocado nas conversas no PSDB. A favor estaria a experiência e capacidade de conduzir uma espécie de pacto social para acalmar o país. Mas sua idade (85 anos) e resistência da família fizeram FHC e PSDB buscarem outras opções. Seu nome seria alvejado por partidos de esquerda e movimentos sociais ligados ao PT, o que criaria obstáculos à retomada de votações no Congresso.
Foto: imago/GlobalImagens
Tasso Jereissati
O senador cearense, que governou o Ceará por duas vezes, foi convocado às pressas para assumir o comando do PSDB diante da decadência política de Aécio Neves. Empresário bem-sucedido, ele já foi muito próximo dos ex-presidentes Sarney e Collor. Tasso é visto com simpatia no PSDB e, sobretudo, pelo mercado. Porém, é forte a resistência do PMDB, que não aceita dar o comando do país a um tucano.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Nelson Jobim
Jobim aparece como possível candidato em 2018 desde que ficou evidente a queda de Dilma. Jobim é filiado ao PMDB e foi ministro da Justiça de FHC e da Defesa de Lula. De todos os nomes mencionados, é o único que não sofreria tanta resistência interna do PT. O obstáculo central é sua ligação com o banco de André Esteves, preso na Lava Jato, e também com empreiteiros investigados na operação.
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Dana
Rodrigo Maia
Presidente da Câmara e filiado ao DEM, Maia chegou ao cargo com aval de Temer. Seu nome conta com a simpatia do chamado Centrão, que era ligado a Eduardo Cunha e que migrou à base aliada de Temer. Maia não é réu, porém, é investigado na Lava Jato. Mas a instabilidade política e extensão das investigações recomendam que se evite colocar como presidente um nome sobre o qual pairam mínimas suspeitas.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Henrique Meirelles
Ministro da Fazenda, seu nome aparece como fiador do mercado e da possibilidade de manter a economia minimamente sob controle. O problema central é sua ligação com o grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Em 2012, ele foi contratado para presidir o conselho consultivo da holding. A ligação com Joesley, o delator que implicou Temer, torna inviável o apoio de setores do PMDB e do PSDB.
Foto: Getty Images/AFP/A. Anholete
Pedro Simon
Ex-senador, do PMDB, Simon sempre foi visto como um exemplo de ética dentro do Congresso, onde permaneceu por quase três décadas. Seu nome começou a ser aventado dentro do PSDB e do PMDB nos últimos dias. O peemedebista, porém, também teria a idade a seu desfavor: Simon tem hoje 87 anos.
Foto: imago/Fotoarena
Cármen Lúcia
Presidente do Supremo Tribunal Federal, o nome da mineira apareceu logo nas primeiras horas após a bomba contra Michel Temer estourar. A ministra do STF, porém, não é filiada a nenhum partido político (o que pode se tornar um impeditivo para que possa concorrer) e já deixou claro que não pretende abandonar a magistratura.