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O Brasil na imprensa alemã (08/01)

8 de janeiro de 2020

Fuga espetacular do empresário Carlos Ghosn do Japão, planos de Bolsonaro de ampliar a Transamazônica, perfil do deputado David Miranda, e manchas de óleo no Nordeste são destaques nos jornais da Alemanha.

David Miranda e Glenn Greenwald
Político de exceção David Miranda (esq., ao lado do parceiro Glenn Greenwald, en foto de 2013) foi abordado na imprensa alemãFoto: picture alliance/AP Photo

Die Welt – De estrela da indústria automotiva a caçado, 04/12

Com a fuga do Japão, pouco antes de seu julgamento, Carlos Ghosn se tornou um pária dentro de seu ramo. Sua reputação está arruinada. E é incerto se ele jamais será julgado. O chefe de longa data do grupo franco-japonês Renault-Nissan-Mitsubishi é acusado de ter desviado alguns milhões dólares de seu empregador. Ghosn foi preso no Japão no final de 2018 e depois indiciado.

Ele perdeu seu posto na aliança, a qual transformou numa marca líder na indústria automotiva. Em abril de 2019, foi libertado sob fiança e condições estritas, sem permissão para deixar o Japão. Seu julgamento está marcado para começar em abril.

As circunstâncias em que o executivo poliglota escapou do judiciário japonês parecem cenas de um thriller de segunda categoria. Ghosn, presumivelmente escondido numa bagagem, foi levado do Japão para a Turquia num jato particular, e de lá ao Líbano em outro jato particular. Ghosn, que além da nacionalidade brasileira, detém também a cidadania francesa e libanesa, por ora está preso no Líbano – só que em sua própria propriedade de luxo.

Aparentemente ele subornou funcionários da empresa turca de jatos particulares MNG Jet, que o tirou do Japão. Um funcionário admitiu ter falsificado a documentação de voo ao não incluir o nome de Ghosn nos registros oficiais.

Focus – A rodovia Bolsonaro, 04/01

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, quer expandir e transformar numa via expressa uma estrada praticamente inutilizada que corta a Amazônia. Seria uma facada no coração da floresta tropical. E o começo de uma nova onda de desmatamento.

Há 50 anos o Brasil abriu a BR-319 através da floresta, a única conexão terrestre entre a cidade de Manaus e o centro do país. Grande parte da rota caiu em desuso; pelo menos nove meses por ano, a via se transforma num lamaçal intransitável.

Para a floresta – e para o mundo – trata-se de um golpe de sorte, porque a madeira da selva permanece fora do alcance dos equipamentos pesados dos madeireiros. Mas agora o presidente brasileiro quer expandir e asfaltar a BR-319. Seu projeto é uma facada no coração da Amazônia.

Die Tageszeitung – Da favela ao parlamento, 04/01

Não existe somente o Brasil ultraconservador que aplaude Bolsonaro. Há também um Brasil de esquerda e progressista. Alguns progressistas estão resignados após a vitória eleitoral de Bolsonaro, mas outros decidiram falar mais alto, e estão ainda mais determinados a lutar contra a guinada para direita.

Uma figura importante é o membro mais improvável do Congresso brasileiro: David Miranda, de 34 anos. Ele é um dos dois abertamente homossexuais ou bissexuais entre os 513 deputados, num país em que, no ano passado, houve quase diariamente homicídios homofóbicos ou transfóbicos.

Ele é um deputado negro num país no qual negros representam 55% da população, mas apenas um quarto dos parlamentares. É um membro do Congresso vindo de uma comunidade pobre de um país onde os políticos geralmente provêm de clãs familiares.

Die Tageszeitung – Manchas negras na praia branca, 03/01

É petróleo do fundo do mar, como alguns suspeitam? O Greenpeace é o único culpado, como afirma o ministro do Meio Ambiente? Ninguém sabe a causa do derramamento de óleo nas praias do Nordeste do Brasil. E é um desastre para os habitantes.

Depois dos incêndios florestais na Amazônia, o Brasil enfrenta o próximo desastre ambiental: há meses o Nordeste está sendo afetado por um misterioso derramamento de óleo. Enormes manchas atingiram praias de todos os nove estados nordestinos e chegaram aos litorais do Sudeste. Especialistas dizem tratar-se do pior desastre ambiental da história brasileira.

"Se o óleo tivesse atingido Copacabana ou as praias de São Paulo, o governo teria agido muito antes", reclamou Alysson Conceição, dono de um restaurante em Atalaia, Sergipe.

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PV/ots

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