1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

O Brasil na imprensa alemã (10/02)

10 de fevereiro de 2021

Mídia da Alemanha destaca inação de Bolsonaro diante da crise em Manaus, experimento de vacinação em massa em cidade no interior paulista, os reflexos da pandemia no Rio e a luta de Djamila Ribeiro contra o racismo.

Prédios em São Paulo. No centro, uma projeção traz a foto de Jair Bolsonaro e a frase "Faltam quantas mortes até o impeachment?"
"O presidente que não quer ser responsável"Foto: Amanda Perobell/REUTERS

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Uma cidade inteira é vacinada (09/02)

A pequena cidade brasileira de Serrana, no interior do estado de São Paulo, se tornará o "laboratório" da primeira vacinação em massa do mundo como parte de um estudo. As autoridades estaduais anunciaram isso na segunda-feira. O estudo prevê a vacinação em um curto espaço de tempo da maior proporção possível da população adulta da pequena cidade, com cerca de 45 mil habitantes.

Os pesquisadores esperam conseguir vacinar 30 mil cidadãos, embora nenhum dos residentes seja obrigado a participar da vacinação em massa. Mulheres grávidas e lactantes, assim como pessoas que se queixam de febre pouco antes da vacinação também estão excluídas. Todos os participantes receberão a primeira das duas doses nas próximas semanas, e a segunda dose, quatro semanas depois. Até agora, pouco mais de 1.600 infecções por coronavírus foram contabilizadas em Serrana, 52 resultaram em morte. O vírus se espalhou mais rápido na pequena cidade nas últimas semanas. Esse fato e o tamanho da comunidade foram dois critérios fundamentais para a seleção.

Deutschlandfunk Kultur – Brasil na pandemia: sem Carnaval no Rio (07/02)

O Rio de Janeiro é Carnaval, samba e Copacabana. Esse é o clichê e, claro – como sempre –, esta não é toda a verdade. Mas o que é verdade: o elixir da vida do Rio é o encontro – na praia, nos bares, nas escolas de samba. Quando a pandemia atingiu o Brasil com mais violência do que quase qualquer outro país, fiquei chocado – também porque eu estava preocupado com o Rio.

Até hoje, a cidade tem altas taxas de infecção e taxas de mortalidade muito mais altas do que o resto do país. Já no começo do ano passado eu tive cariocas tristes, perplexos, às vezes desesperados ao telefone. Eles sofreram durante três longos meses de lockdown e agora estão tentando – lentamente, lentamente – retornar a uma espécie de "normalidade".

(…)

Segundo cálculos da Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), mais de 5% da população brasileira não tem o que comer. Em números absolutos: mais de 10 milhões de pessoas.

O Brasil já foi uma história de sucesso: no governo do Partido dos Trabalhadores sob Lula da Silva e Dilma Rousseff, a taxa de fome foi reduzida de 15% para menos de 2% graças ao Bolsa Família – um programa social para os especialmente necessitados.

Ele foi abolido quando o presidente radical de direita Jair Bolsonaro assumiu o cargo. E agora os números sobem novamente.

Frankfurter Allgemeine Zeitung – O presidente que não quer ser responsável (05/02)

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, dá repetidamente a impressão de ser bastante indiferente à pandemia e suas consequências. O governo não é responsável pelo transporte de oxigênio para Manaus, afirmou ele recentemente. A cidade na Amazônia luta contra uma situção caótica desde meados de janeiro: após os feriados, as infecções dispararam, provavelmente causadas por uma mutação do coronavírus. O sistema de saúde entrou em colapso, faltaram leitos e oxigênio. O fracasso das autoridades é evidente.

O governo Bolsonaro também foi alvo de críticas massivas. Brasília sabia da falta de oxigênio em Manaus, como admitiu o ministro da Saúde e general na ativa Eduardo Pazuello. Mas o Exército só começou a levar pacientes para fora da cidade e transportar grandes quantidades de oxigênio para o Amazonas quando já era tarde demais para muitos.

Der Spiegel – "O Twitter é a mais tóxica de todas as mídias sociais no Brasil" (05/02)

A filósofa Djamila Ribeiro é a cara do movimento das mulheres negras brasileiras. Ela conta como fez sua carreira apesar de todas as adversidades e por que agora está processando o Twitter.

Spiegel: O feminismo brasileiro viveu uma verdadeira primavera antes da crise do coronavírus. A pandemia compromete o sucesso do movimento?

A situação é difícil para os movimentos sociais. Não podemos mais organizar manifestações. Vivemos em um país onde muitas pessoas não têm acesso à internet. Como podemos chegar até as pessoas? Muitas organizações de direitos das mulheres têm significativamente menos dinheiro disponível – Bolsonaro cortou os financiamentos – e isso em um momento em que a violência doméstica está aumentando rapidamente.

Spiegel: A senhora e outras mulheres estão processando o Twitter. Por quê?

O Twitter é a mais tóxica de todas as mídias sociais no Brasil, principalmente para as mulheres negras. É violento. Não tenho dados, mas minha filha foi ameaçada no Twitter, então fui à polícia pela primeira vez na vida. Então decidi processar o Twitter, porque explora financeiramente o racismo e a misoginia. As redes sociais ganham muito dinheiro com "trending topics", e o que vai muito bem ali são as postagens racistas e sexistas. O Twitter ganha dinheiro com isso. Mas o que eles fazem tem um impacto, o dano psicológico é grande, e muitas mulheres se retiraram da vida pública e desistiram. Para mim, é importante responsabilizar o Twitter e não o indivíduo que usa o Twitter. O Twitter precisa mudar suas regras e procedimentos para evitar que tais coisas aconteçam. Neste ano haverá uma audiência com representantes do Twitter.

md/ek (ots)