Desabamento de paredão em Capitólio (MG), estado de saúde de Pelé e debate sobre museus etnográficos e devolução de objetos a países de origem, como o Brasil, foram temas abordados por veículos alemães.
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Bild.de – Geóloga: Desabamento mortal poderia ter sido evitado (10/01)
Aumentam as acusações de que a grave tragédia nas proximidades de Capitólio (estado de Minas Gerais) poderia ter sido evitada.
A professora Maria Parisi, do departamento de Geologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), disse ao portal de notícias O Tempo sobre as imagens do paredão do qual caiu o fragmento da morte: "Já dava para enxergar sistemas de fraturas. Existia uma bem repetitiva e muito prolongada na rocha, de forma vertical, ao longo de todo o paredão."
A docente acrescentou que ainda havia uma fratura horizontal no paredão. Segundo Parisi, as fraturas vão permitindo mais entrada de água, o que acabou fazendo com que o bloco se soltasse. Sua conclusão: "A área já estava predisposta à ruptura."
A geóloga defendeu uma "fiscalização constante" dos paredões rochosos na região rica em cursos d'água. "Atividade turística como esta tem que estar respaldada por laudo geológico", disse Parisi. Dependendo do resultado das análises, os blocos teriam de ser removidos para não causar riscos para os visitantes da área.
Além disso, ela pediu uma zona de distância para as rochas. "Tem que ter distância mínima da lancha com as rochas. Isso que aconteceu é um fenômeno que pode se repetir. As lanchas não podem se aproximar tanto."
A Marinha brasileira já havia iniciado uma investigação para apurar as causas do desabamento. Os exames também deverão esclarecer se as lanchas tinham permissão para circular no lago, por causa das condições meteorológicas. A Defesa Civil havia alertado para fortes chuvas.
SportBild – Essa é a verdadeira situação de Pelé (12/01)
Todos os dias, Pelé (81) olha para o Oceano Atlântico. No mundano balneário brasileiro do Guarujá, o melhor jogador de futebol de todos os tempos passa sua aposentadoria. Sua mansão, que ele deixa raramente, fica na nobre Praia de Pernambuco, de 1,8 km de extensão. Pelé, um dos maiores esportistas do século passado, sofre física e emocionalmente, porque seu prontuário médico engorda cada vez mais.
Durante sua carreira única, Pelé encantou o mundo com truques e gols. Sua risada era contagiosa, deixava o mundo inteiro de bom humor.
Mas, há anos, seu estado de saúde piora.
Hoje em dia, Pelé quase não sai mais de casa, já que suas enfermidades também afetam seu psicológico. Pessoas que o acompanham há muitos anos até dizem que Pelé se pergunta com frequência quanto tempo de vida ainda tem, especialmente porque cada vez mais pessoas de seu entorno faleceram. No dia 26 de dezembro, aos 86 anos, foi Dorval, seu ex-colega dos gloriosos tempos no Santos. Em março de 2020, Pelé perdeu seu irmão Zoca, então com 77 anos, que tinha câncer de próstata.
Por isso, Edinho (51), filho de Pelé, fala até num estado de depressão que teria constatado em seu pai: "Imagina, ele é o rei, sempre foi uma figura tão imponente, e hoje ele não consegue mais andar direito. Ele fica muito acanhado, muito constrangido com isso."
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Süddeutsche Zeitung – Devolver não é a única solução (10/01)
No dia 2 de setembro de 2018, o significado de coleções oriundas do Brasil atual e guardadas em museus europeus cresceu por razões dramáticas. Nesse dia, o Museu Nacional no Rio de Janeiro pegou fogo. A maior parte dos 20 milhões de objetos se perdeu nas chamas. Muitos dos objetos das sociedades indígenas da América do Sul que tinham sido reunidas desde a inauguração do museu, em 1818, estão perdidas para sempre.
A destruição do maior arquivo mundial da cultura e história indígenas do Brasil não foi apenas um golpe devastador para os grupos indígenas que usavam esses materiais para obter informações sobre seus antepassados. Também foi uma enorme perda para o mundo e para o que é chamado de "patrimônio mundial". Diante dessa tragédia, fica mais difícil conservar e entender a história desses grupos étnicos e de suas práticas culturais, e reconstruir a história do Brasil e seus entrelaçamentos globais.
O que se deve fazer com as coleções que ficaram intactas na Europa? Na Alemanha, o debate sobre museus etnográficos levou a uma transformação fundamental da atenção pública sobre essas instituições. Discussões acaloradas sobre a história colonial alemã e a possível restituição de objetos e de restos mortais humanos colocaram em foco esses temas negligenciados.
O debate foi produtivo e importante, mas também levou a uma polarização que desviou levemente a atenção da finalidade original de coleções e museus etnográficos, e também do significado que estes poderiam ter no futuro.
Até hoje, coleções etnográficas são ricas em camadas de conhecimento que podem ser descobertas, similarmente a sítios arqueológicos.
O que se deve fazer, então? Em primeiro lugar, é preciso admitir que os objetos que integram coleções europeias podem mais do que autorizam os conceitos eurocêntricos. Isso significa também se despedir de noções de que esses objetos servem somente para ilustrar narrativas museológicas ou debates políticos ou científicos. É preciso criar espaços de encontros nos quais é possível especular sobre eles, onde há lugar para descobertas e nos quais se pode pensar olhando para a frente e não só para trás.
Em outras palavras: museus deveriam ser oficinas de conhecimento. Deveriam ser locais onde coisas que nunca foram somente "objetos etnográficos" podem ser encontradas e questionadas para que se revelem suas qualidades abrangentes – como seres vivos, testemunhas de expressão criativa, como partes de arquivos materiais.
rk (ots)
O poder de destruição da natureza
Água, vento, fogo ou gelo: grandes desastres naturais causam mortes por todo mundo, afetando a vida de milhões de pessoas. Confira algumas das catástrofes naturais registradas no último século.
Foto: Getty Images/AFP/J. Barret
Enchente na China em 1931 pode ter matado até 4 milhões de pessoas
Em 1931, a cheia dos rios Amarelo, Pérolas, Yangtzé e Huai devastou parte da China. A enchente, que durou de julho a novembro, inundou mais de 88 mil km² e deixou outros 21 mil km² parcialmente inundados. Não há registro exato do número de mortos, mas estima-se que de 1 milhão a 4 milhões de pessoas morreram em decorrência da tragédia e de seus efeitos secundários, como a fome.
Foto: picture-alliance/AP Images
Por falta de aviso à população, ciclone mata pelo menos 300 mil em Bangladesh
Em novembro de 1970, o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) esteve no caminho do ciclone Bhola. Meteorologistas disseram ter previsto a tempestade, mas que não havia meios de comunicar o risco à população. Como resultado, ao menos 300 mil pessoas morreram – algumas estimativas chegam a meio milhão de mortes. Em 1991, Bangladesh foi atingido por outro ciclone, que deixou cerca de 138 mil mortos.
Foto: Getty Images
Terremoto acaba com cidade na China
A cidade industrial de Tangshan, na China, foi arrasada por um terremoto de magnitude 7,6 em 28 de julho de 1976. Em minutos, a cidade praticamente deixou de existir, com o colapso da maioria dos prédios. O abalo sísmico matou 242 mil pessoas, segundo o governo chinês – o recorde entre os terremotos ocorridos no século 20.
Foto: Imago/Xinhua
Erupção riscou cidade colombiana do mapa
O vulcão Nevado del Ruiz, na Cordilheira dos Andes, riscou do mapa a cidade de Armero, em 13 de novembro de 1985, na Colômbia. Uma erupção provocou um degelo, formando uma avalanche de lama e cinza vulcânica que atingiu um raio de 100 km, matando mais de 23 mil pessoas, entre elas, Omayra Sánchez, de 12 anos, que agonizou por 60 horas em frente às lentes do mundo todo sem possibilidade de resgate.
Foto: AP
Diretor de cinema e equipe soterrados por avalanche
Uma avalanche acima do povoado de Nizhny Karmadon, na Rússia, deixou 127 mortos em 20 de setembro de 2002 – entre eles o ator e diretor russo Serguei Bodrov Jr. e a equipe de 24 pessoas que filmavam no local no momento do desastre. Acredita-se que a tragédia tenha sido causada por um pedaço de uma geleira que se soltou das montanhas do Cáucaso e rolou em direção ao vilarejo.
Foto: AP
Mais de 230 mil mortes um dia depois do Natal
Em 26 de dezembro de 2004, um maremoto no Oceano Índico com intensidade 9.1 na escala Richter causou ondas de até 30 metros de altura, que devastaram regiões de 13 países, deixando quase dois milhões de desabrigados e ao menos 230 mil mortos. Somente na província indonésia de Acé morreram 170 mil pessoas.
Foto: Pornchai Kittiwongsakul/AFP/Getty Images
Furacão rompe barragens e deixa cidade debaixo da água nos EUA
Um dos furacões mais conhecidos da história dos Estados Unidos teve efeitos devastadores em Nova Orleans, na Luisiana. Ocorrido em 2005, o Katrina matou cerca de 1.800 pessoas, fez com que 250 mil perdessem suas casas e provocou danos estimados em cerca de 108 bilhões de dólares. Barragens se romperam, deixando 80% da cidade debaixo da água e arrancando até mesmo caixões das sepulturas.
Foto: AP
Ciclone devasta Myanmar e deixa pelo menos 140 mil mortos
O ciclone Nargis afetou, entre outros países, Índia, Sri Lanka, Laos, Bangladesh e, principalmente, Myanmar com sua fúria de categoria 4, em 2 de maio de 2008. Estatísticas apontam que 140 mil pessoas morreram, mas o número real pode ser próximo de um milhão de vítimas.
Foto: IFRC/dpa/picture alliance
Um terço da população afetada por terremoto no Haiti
Não bastasse ser o país mais pobre da América, em 12 de janeiro de 2010 um terremoto de magnitude 7 na escala Richter destruiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, deixando cerca de 220 mil mortos e 1 milhão de desabrigados. Entre as vítimas estava a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Estima-se que 3 milhões de pessoas, quase um terço da população, tenham sido afetadas.
Foto: C. Somodevilla/Getty Images
Enxurrada e deslizamentos matam mais de 900 no Rio de Janeiro
O Brasil não costuma ser assolado por desastres naturais como terremotos e tsunamis. Porém, entre 11 e 12 de janeiro de 2011, uma sequência de chuvas fortes atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, causando uma grande enxurrada e vários deslizamentos de terra, com soterramento de casas. O desastre provocou mais de 900 mortes em sete cidades e afetou mais de 300 mil pessoas.
Foto: AP
Tsunami provoca derretimento de reatores e acidente nuclear no Japão
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 seguido de um tsunami causou danos devastadores no Japão. A catástrofe matou pelo menos 16 mil pessoas. Na usina nuclear de Fukushima, os núcleos de três dos seis reatores derreteram, causando o pior acidente atômico desde Chernobyl, em 1986. O tsunami fez com que quase 300 espécies marinhas viajassem através do Pacífico até o litoral dos EUA.
Foto: AP
Dezenas de mortos cercados pelo fogo em estrada de Portugal
Uma onda de calor causou vários incêndios em Portugal em junho de 2017. Ao menos 61 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um deles, que atingiu a vila de Pedrógão Grande. Corpos de 30 pessoas foram encontrados dentro de veículos, em uma estrada que foi cercada pelo fogo. Mais de 800 bombeiros trabalharam para extinguir as chamas, com a ajuda de cinco aviões.
Foto: Reuters/R. Marchante
Onda de calor deixa 70 mil mortos na Europa
Embora os brasileiros estejam acostumas e preparados para temperaturas que frequentemente chegam a 40°C, a Europa não costumava, até alguns anos, enfrentar esse tipo de problema. Mas uma onda de calor atingiu o continente no verão de 2003, provocando a morte de cerca de 70 mil pessoas – na Alemanha foram 7 mil mortes. Na foto acima, o rio Reno em Düsseldorf.