O Brasil na imprensa alemã (14/10)
14 de outubro de 2020Die Süddeutsche Zeitung – Opinião: A popularidade em parcelas de Bolsonaro (11/10)
Apesar das 150 mil mortes por coronavírus, incêndios florestais e da desvalorização da moeda, o presidente do Brasil está mais popular do que nunca desde que tomou posse. Uma razão é seu novo amor pelos pobres.
Estes são tempos sombrios para o Brasil (...) Haveria razões suficientes para não estar satisfeito com o presidente Jair Bolsonaro. Mas as pesquisas o mostram com 40% de aprovação.
Esta popularidade, porém, é financiada "em parcelas". Por um lado, pode ser explicada pelo sucesso da indústria agrícola, que cresce, por sua vez, às custas da natureza, através da criação intensiva de animais e monoculturas em florestas tropicais.
A segunda e ainda mais importante razão para a força crescente do presidente é seu novo amor pelos pobres. Desde abril, o governo tem pago a milhões de brasileiros uma ajuda de emergência mensal, antes de 600, agora de 300 reais. Não é muito, mas o suficiente para obter uma ampla aprovação.
Os pagamentos, porém, não vão mudar a desigualdade estrutural do país.
Frankfurter Allgemeine Zeitung – Tudo por um "Fora, Bolsonaro" (14/10)
O Supremo Tribunal Desportivo (STJD) do Vôlei no Brasil condenou a jogadora brasileira de vôlei de praia Carol Solberg a uma multa de mil reais por gritar "Fora, Bolsonaro!", com o aviso de que, caso isso se repetir, ela pode enfrentar punição pior. A pena, no final, foi comutada em uma advertência.
Solberg havia sido indiciada por gritar "Fora, Bolsonaro" durante uma entrevista televisionada após a primeira etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, na cidade de Saquarema, no estado do Rio de Janeiro, em 20 de setembro – um grito típico dos adversários do presidente Jair Bolsonaro.
Mas Solberg não quer se deixar calar.
Ela não se arrepende, como disse ao jornal Folha de S. Paulo após a audiência online. Quando indagada se o local onde ela havia expressado sua opinião era adequado, Solberg respondeu: "O atleta tem que poder falar onde quiser, é o que acredito. Acho que não tem local adequado. Acredito na minha liberdade de expressão quando estou dando uma entrevista."
Tagesschau – Uma ilha em coronavírus (11/10)
A ilha brasileira de Fernando de Noronha, no Atlântico, só permite a entrada de turistas que já tenham sido infectados pelo coronavírus. Porém, mais do que o vírus, o arquipélago teme planos para o turismo de massa.
O caminho para o paraíso não é fácil. Isso é o que um jovem casal sente no aeroporto de Recife. Eles queriam viajar para a ilha paradisíaca de Fernando de Noronha. Mas seus sonhos se esvaíram antes da partida no check-in. O casal não tinha um teste de laboratório válido provando que ambos já tinham contraído covid-19.
Desde setembro, este é um pré-requisito para a entrada na ilha. "Não podemos abrir uma exceção", explica o homem do guichê. Então o avião decola sem eles, cheio de 80 turistas com anticorpos contra coronavírus em seu sangue.
Porém, mais do que o coronavírus, muitos ilhéus temem o turismo de massa. Na capital Brasília há esforços para flexibilizar os atuais padrões de proteção ambiental de tal forma que, no futuro, grandes navios de cruzeiro também poderiam atracar ao longo da ilha. É sabido que o presidente Jair Bolsonaro é um oponente das rígidas regulamentações ambientais.
RPR/ots