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O Brasil na imprensa alemã (14/12)

14 de dezembro de 2022

Mídia alemã destaca nomeação de Fernando Haddad como futuro ministro da Fazenda e a polêmica e a fake news em torno do boné com sigla "CPX" usado por Lula no Complexo do Alemão.

Lula nomeou Fernando Haddad (primeiro à esquerda) como futuro ministro da FazendaFoto: Andre Penner/AP/picture alliance

FAZ – O leal ministro da Fazenda de Lula (12/12)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como ministro da Fazenda. Lula optou, assim, por uma indicação política em vez de uma nomeação técnica para um dos principais ministérios. A escolha por Haddad, de 59 anos, não animou os mercados financeiros e os investidores, que aguardavam ansiosamente uma nomeação desde a vitória eleitoral de Lula no final de outubro, mas não houve uma reação forte. Na sexta-feira, logo após o anúncio, o real e o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo caíram, mas recuperaram as perdas.

Nas últimas semanas, os mercados reagiam de forma extremamente nervosa a cada pista dada por Lula. Por muito tempo, eles esperavam a indicação de um economista liberal para o ministério da Fazenda. Vários nomes estavam em discussão, e observadores explicaram a nomeação de Haddad como uma intenção de Lula de ter um homem de confiança à frente do importante ministério. Haddad, que é formado em Economia, mas tem doutorado em Filosofia, não é o primeiro ministro da Fazenda brasileiro sem a carreira de economista. No entanto, ele difere significativamente do atual ministro da Economia, o liberal Paulo Guedes, que é considerado um queridinho dos mercados. Embora Haddad seja visto como moderado dentro do PT, os investidores temem políticas econômicas heterodoxas, falta de disciplina fiscal e aumento da dívida pública. Haddad, porém, já descartou esses temores.

No entanto, é improvável que uma redução do déficit orçamentário seja possível no curto prazo. Atualmente, a equipe de transição e o Congresso discutem uma proposta para aumentar o teto de gastos do governo. Mesmo sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, esse teto foi contornado várias vezes para poder cobrir o aumento dos gastos sociais devido à pandemia e à crise na Ucrânia. Ao mesmo tempo, a nova administração quer avançar com a reforma tributária e aprofundar a cooperação internacional.

Bild – Cônsul da Alemanha no Rio convida para uma festa dançante (10/12)

Enquanto a Alemanha treme [de frio], o Rio celebra uma festa de verão! Em 15 de dezembro, o Consulado Geral da Alemanha no Rio de Janeiro organiza uma "noite dançante". O destaque será um show com pintura corporal. A convidada de honra da noite será a Miss Alemanha Domitila Barros, de 37 anos, que vem do Brasil.

Na Comissão de Relações Exteriores, [a ministra do Exterior alemão] Annalena Baerbock [...] chegou a ser ridicularizada. O especialista em relações exteriores da legenda União Democrata Cristã (CDU), Knut Abraham, afirmou ao jornal Bild: "Uma festa com pintura corporal e Miss Alemanha parece uma interpretação bizarra da política externa feminista [que Baerbock pretende realizar]. Do meu ponto de vista, ameaça se tornar algo embaraçoso."

O que diz o ministério do Exterior sobre a festa [onde se mostrará] muita pele? Questionada pelo Bild, Domitila Barros afirmou ser "uma das mais proeminentes ativistas alemãs do clima e da sustentabilidade, com quem o governo federal [alemão] mantém contatos de trabalho regulares".

Neues Deutschland – Tudo por causa de um boné (09/12)

"Eu já estava deitado na cama quando chegaram as primeiras mensagens", conta Rene Silva. Seu smartphone vibrava a cada poucos segundos com tuítes, postagens e mensagens. E sempre vinha a mentira de que ele seria um traficante de drogas e membro de quadrilha – um absurdo. Além disso, perguntas preocupadas de amigos – e ameaças de violência por parte de estranhos. Rene Silva tem 28 anos e é um conhecido ativista pelos direitos dos moradores das favelas no Brasil. Durante todo o dia, ele esteve no palco ao lado de Lula durante sua campanha em uma das maiores favelas do Rio, o Complexo do Alemão. E agora isso: a internet estava transbordando de mentiras sobre Lula, sobre ele e sua vizinhança.

"E tudo por causa do boné. Por causa da abreviação CPX." Lula usava naquele dia um boné – dado pela ONG de Rene a Lula – com as três letras. CPX – que significa Complexo do Alemão – é um conjunto de 13 favelas no norte da cidade conhecido no Brasil pelo tráfico de drogas e operações policiais sangrentas. [...]

Lula visitou o Complexo do Alemão durante a campanha eleitoral, e milhares de pessoas cercaram seu trio elétrico. [...] Lá estava ele de novo: o "pai dos pobres", como Lula foi chamado por muito tempo. Em um discurso emocionado, ele prometeu seu apoio aos moradores da favela. E os apoiadores de Jair Bolsonaro sabiam como essas imagens poderiam ser perigosas para o presidente em exercício.

E eles fizeram o que sempre fazem: começaram a espalhar fake news. Eles tuitaram que Lula estava visitando seus "amigos traficantes" [...], que a abreviação não significava "Complexo", mas sim "cúmplice", que Lula não tinha proteção policial porque estava sob a proteção de poderosos traficantes e que um ator negro numa selfie com Lula também era traficante.

Durante quatro anos, Bolsonaro não teve nada além de desprezo pelas áreas mais pobres do Rio. Antes de sua eleição, ele exigiu que a polícia disparasse metralhadoras nas favelas. Ele também sugeriu esterilizar as mulheres pobres para que tivessem menos filhos. Depois de eleito, anunciou que os bandidos das favelas morreriam "como baratas".

E as palavras do presidente foram seguidas por ações da polícia: 29 pessoas morreram em um massacre na favela do Jacarezinho, em maio de 2021 – a operação mais sangrenta da história da polícia carioca. Em maio de 2022, 23 pessoas morreram na favela Vila Cruzeiro; já em julho de 2022, 17 pessoas no Complexo do Alemão. Entre os mortos estavam traficantes de drogas, alguns deles armados, mas também muitos vizinhos, crianças e passantes. [...]

Bolsonaro perdeu por pouco o segundo turno das eleições no final de outubro [...]. Na maioria das favelas do Rio, no entanto, ele perdeu de forma significativa: na Favela da Rocinha, ele obteve cerca da metade dos votos do seu adversário Lula (64% a 36%). Em todos os lugares, os mais pobres geralmente votam mais em Lula. E uma razão para esse resultado foi certamente o desprezo de Bolsonaro pelas favelas. [...]

fc/bl (ots)