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O Brasil na imprensa alemã (18/09)

18 de setembro de 2019

Mídia alemã aborda desmatamento e queimadas na Amazônia e possíveis consequências nas relações econômicas Brasil-Alemanha. Violência contra ambientalistas e mosquitos transgênicos também foram notícia.

Área desmatada na Amazônia
Área desmatada na AmazôniaFoto: picture-alliance/dpa/M. Sayao

FAZ – "Desmatamento da Amazônia preocupa economia alemã" (17/09)

Em entrevista, o presidente da Confederação Alemã da Indústria (BDI), Dieter Kempf, defende que agora é a hora de continuar negociando com o Brasil. Mas ele também menciona expectativas claras das empresas alemãs diante do governo Bolsonaro.

Neste momento, é realizado o Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA). Dada as condições dramáticas na Amazônia e as tiradas insultuosas do presidente brasileiro Bolsonaro ainda faz sentido realizar essa reunião?

Podemos relembrar mais de quatro décadas de intensas relações econômicas com o Brasil. Elas sobreviveram até mesmo a tempos difíceis. Sobretudo agora é importante manter o diálogo. O Encontro Econômico Brasil-Alemanha, realizado pela trigésima sétima vez este ano, em Natal, é uma excelente oportunidade para discutir questões críticas, como mudanças climáticas e preservação da Floresta Amazônica.

Diante do conflito em torno das queimadas na Floresta Amazônica, o senhor vê alguma chance real de implementação do acordo de livre-comércio recém-alcançado entre a União Europeia (UE) e o Mercosul? Alguns países da UE se opõem à ratificação.

Estamos confiantes de que, após o consenso político de junho, o acordo de livre-comércio UE-Mercosul também será ratificado. Ele é um sinal importante para o comércio livre e justo em tempos de crescente protecionismo e nacionalismo. No que diz respeito às condições dramáticas na Amazônia, o setor econômico alemão apoia o acordo UE-Mercosul. Compartilhamos a opinião da chanceler federal Angela Merkel de que nenhuma árvore permanecerá de pé no Brasil a menos que o pacto seja concluído. O acordo de livre-comércio terá um impacto positivo nos padrões ambientais e de sustentabilidade na área do Mercosul. Além do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, os Estados se comprometem a cumprir os regulamentos sobre biodiversidade e manejo florestal sustentável, bem como com o combate à extração ilegal de madeira.

O clima é hoje um problema real nas relações com o Brasil. O senhor teria algumas boas dicas para os representantes do governo brasileiro?

Se com 'clima problemático' você estiver se referindo ao desmatamento da Floresta Amazônica no Brasil, essa é uma grande preocupação para a economia alemã. Embora os incêndios na Amazônia digam respeito em primeira linha aos brasileiros, isso preocupa a todos devido à importância das florestas para a proteção do clima. A preservação da floresta tropical é parte de nossos esforços para proteger o clima global, e tanto o setor econômico quanto o político estão de acordo nesse ponto. É importante conversarmos uns com os outros. O EEBA oferece uma boa oportunidade para o intercâmbio entre os dois países – também sobre padrões ambientais e de sustentabilidade.

Como vê os primeiros meses de governo do presidente Bolsonaro? Existe esperança de uma renovação econômica do Brasil?

Esperamos que o governo brasileiro concretize o mais rápido possível suas promessas: promovendo reformas econômicas, modernizando a infraestrutura, reduzindo a burocracia e abrindo o país ao comércio internacional. Além da política econômica, a abertura da sociedade e a preservação dos direitos civis e do Estado de Direito são importantes para a atividade empreendedora. Com melhores condições estruturais, também há novas oportunidades para as empresas alemãs investirem no Brasil – e criar mais crescimento e prosperidade neste país grandioso.

ZDF "UE exige mais ação do Brasil" (17/09)

As queimadas continuam na Amazônia. Alguns políticos da União Europeia (UE) acreditam que o Brasil não está fazendo o suficiente para combatê-las – e apelam para o senso de dever de Jair Bolsonaro.

Políticos da UE pediram ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro que fizesse mais na luta contra os incêndios na Amazônia. Embora o país sul-americano tenha direito à sua soberania, o Brasil também deve, no entanto, cumprir suas obrigações, disse a ministra finlandesa de Assuntos Europeus, Tytti Tuppurainen, no Parlamento Europeu em Estrasburgo.

Segundo a ministra finlandesa, a UE está disposta a uma ampla cooperação com Bolsonaro. A Finlândia ocupa atualmente a presidência rotativa da UE e está cada vez mais comprometida com a proteção climática.

Tageschau – "Mais violência contra ambientalistas" (17/09)

As queimadas na Amazônia continuam – também porque ativistas ambientais são ameaçados cada vez mais agressivamente, denuncia a organização Human Rights Watch (HRW) em relatório.

"As redes criminosas estão operando sob quase total impunidade na Amazônia, ameaçando e atacando os defensores da Floresta Amazônica que cruzam seu caminho", afirma o relatório divulgado nesta terça-feira (17/09).

As tramas de criminosos cada vez mais agressivos, que incendeiam a Floresta Amazônica para dar espaço à agricultura e pecuária, é a força motriz decisiva por trás dos incêndios florestais na Amazônia, afirma o documento.

Segundo o relatório, essa violência contra ambientalistas está aumentando: "Não são apenas os desmatamentos e incêndios que estão em ascensão, mas também as ameaças contra aqueles que tentam detê-los", disse Daniel Wilkinson, diretor da Human Rights Watch na América Latina, à rede pública alemã ARD. "Quanto menos as autoridades agirem contra isso, mais desmatamentos e incêndios ocorrerão."

De acordo com o documento, tentativas de perseguição judicial são cada vez mais ignoradas, A Human Rights Watch documentou 28 assassinatos e mais de 40 ameaças de morte, principalmente nos últimos cinco anos. Há indícios de que as vítimas da violência tentaram impedir o desmatamento ilegal na Floresta Amazônica. Nenhum dos assassinatos foi esclarecido posteriormente, diz o relatório.

Desde que o presidente Jair Bolsonaro está no poder, o conflito em torno da Floresta Amazônica vem se acirrando. "Suas palavras e ações dão luz verde às redes criminosas responsáveis pelo desmatamento ilegal", aponta o relatório da HRW, que exige uma mudança de curso do governo do presidente Bolsonaro.

Atualmente, os políticos alemães debatem que curso tomar para lidar com o Brasil. A ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, propõe uma certificação para carne brasileira e quer cortar os fundos de projetos alemães para proteção da Floresta Amazônica. Os verdes exigem suspender a importação de carne e soja da Amazônia. O ministro da Cooperação Econômica e Desenvolvimento, Gerd Müller, defende a continuação da parceria com o Brasil.

Tageschau – Mosquitos transgênicos estão se multiplicando (12/09)

Após um teste de campo para combater mosquitos transmissores de vírus, insetos geneticamente modificados se espalham no Brasil. Dependendo da amostragem, de 10% a 60% dos mosquitos Aedes aegypti no vilarejo de Jacobina, no nordeste brasileiro, apresentaram traços correspondentes no genoma, relatam cientistas na revista especializada Scientific Reports.

O instituto de pesquisa Testbiotech critica o teste de campo: "As consequências de longo prazo relacionadas à disseminação de doenças, à multiplicação de mosquitos e às interações com o meio ambiente não podem ser estimadas", afirma em comunicado o instituto crítico da engenharia genética.

De 2013 a 2015, a empresa britânica Oxitec liberou por volta de 450 mil mosquitos Aedes aegypti machos em Jacobina a cada semana. Os genes dos mosquitos foram modificados para que os descendentes dos insetos não pudessem sobreviver. O objetivo era conter a população de mosquitos, que podem transmitir, entre outros, o vírus da febre amarela, dengue e zika. Os patógenos são transmitidos apenas pelas fêmeas.

De fato, com esse método, o número de mosquitos pôde ser reduzido de 80% a 95%, de acordo com vários estudos. No entanto, alguns desses insetos sobreviveram e agora são portadores de um material genético modificado.

As consequências da transmissão do genoma geneticamente modificado para as gerações futuras de mosquitos Aedes aegypti ainda não são claras, de acordo com a Scientific Reports. Pode ser que os mosquitos transgênicos sejam mais robustos e resistentes a inseticidas, disse a equipe liderada por Jeffrey Powell, da Universidade de Yale, no estudo: "Esses resultados mostram a importância de um programa de vigilância na liberação de organismos geneticamente modificados, a fim de detectar consequências imprevistas."

CA/ots

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