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O Brasil na imprensa alemã (19/02)

19 de fevereiro de 2020

Denúncia contra Vale e TÜV Süd tem grande repercussão nos jornais alemães, e "Süddeutsche Zeitung" aproveita para verificar como está investigação do caso na Alemanha. Jesus negro da Mangueira também é destaque.

Rompimento da barragem de Brumadinho
Rompimento da barragem de Brumadinho deixou mais de 250 mortesFoto: Getty Images/AFP/D. Magno

Berliner Zeitung – Samba de protesto, 19/02/2020

Um Jesus negro deverá levar a escola de samba mais famosa do Rio de Janeiro à vitória. A Estação Primeira de Mangueira, atual campeã da capital do samba, sabe provocar. E costuma acertar em cheio. No ano passado, a equipe da Mangueira conquistou o título com uma homenagem a negros artistas e ativistas pelos direitos humanos. No centro estava Marielle Franco, a vereadora afro-brasileira negra, que foi assassinada a tiros em 2018 e virou um estrela política póstuma.

Süddeutsche Zeitung – "Recompensa e conflito de interesses" 15/02/2020

A Promotoria Pública de Munique 1, conhecida por grandes processos envolvendo empresas, está se dedicando a um caso novo e sem precedentes. Ele levará os investigadores bávaros ao Brasil. Uma pequena delegação de promotores e policiais deverá investigar em Minas Gerais por que, no dia 25 de janeiro de 2019, a barragem de uma mina de minério ferro se rompeu na pequena cidade de Brumadinho – e que papel a TÜV Süd desempenhou nisso.

Depois do rompimento, uma enorme e venenosa onda de lama passou sobre pessoas, animais e casas. No fim, 259 pessoas morreram, e 11 continuam desaparecidas. O caso foi um dos maiores acidentes industriais da história do Brasil – e os seus rastros levam à Alemanha.

[...] No Brasil, a acusação de mais de 460 páginas atribui uma responsabilidade considerável pelo desastre à TÜV Süd. A empresa não era apenas um observador, mas também um ator. Os promotores públicos usam uma comparação do mundo do cinema: a TÜV Süd não era um fotógrafo, mas o diretor de um "filme de terror e suspense".

Por causa da perspectiva de bons negócios com a Vale, a TÜV Süd havia negligenciado seus deveres. Em 2018, a filial brasileira da empresa havia preparado vários relatórios de especialistas em nome da Vale, segundo os quais a barragem, que pertencia à mina de minério de ferro Córrego do Feijão, era segura. De acordo com o Ministério Público brasileiro, uma "relação criminosa" teria sido estabelecida entre a Vale e a TÜV Süd no decorrer de 2018, caracterizada por "pressões, acordos, recompensas e conflitos de interesse".

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Barro e ouro, 13/02/2020

Por cinco anos, Sebastião Salgado tentou em vão obter uma autorização para fotografar a mina de ouro de Serra Pelada. Mas ele não diz isso de forma tão sucinta. Ele prefere contar os anos: 1981, 1982, 1983, 1984, 1985 – sempre um novo pedido, sempre uma nova negativa. Aí o seu rosto se abre num sorriso, pois aconteceu aquilo que ele chama de milagre e sua sorte grande: o controle sobre a mina passou dos militares para uma cooperativa, e ele não apenas pôde visitar o local por um dia, como alguns já haviam feito antes dele. Ele podia ficar. Mais de um mês. Com 60 quilos de arroz, 30 quilos de feijão e 200 rolos de filme preto e branco, ele se ajeitou ao lado dos trabalhadores que passavam os dias remexendo na lama e as noites dormindo em redes estendidas sob lonas.

AS/ots

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