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O Brasil na imprensa alemã (19/08)

19 de agosto de 2020

Jornais destacam perseguição de ultraconservadores a menina estuprada, tentativa do governo Bolsonaro de atrair investidores para proteger floresta e o curioso comportamento do mercado de ações brasileiro.

Casal observa painel da Bovespa
Corrida na bolsa de valores é destaque de jornal alemãoFoto: Getty Images/Y.Chiba

FAZ - Por que Bolsonaro virou, de repente, ambientalista? (18/08)

"Adote um Parque" é o nome do último programa do ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles. Na mira, estão investidores privados. O governo brasileiro está assim reagindo às crescentes críticas à sua política ambiental, críticas estas que também vem do setor privado.

Mas os potenciais investidores estão céticos em relação ao programa. O governo brasileiro, afirmam empresários, deveria primeiro demonstrar sucesso na luta contra o desmatamento ilegal, antes de esperar investimentos.

No Brasil, crescem as preocupações com as possíveis consequências da destruição contínua da floresta tropical. Até mesmo o setor agrícola está exigindo cada vez mais controles mais rigorosos e até um fim ao corte ilegal de madeira. Os produtores reconhecem que o ecossistema intacto desempenha um papel central em sua sobrevivência a longo prazo.

O desmatamento ilegal também é combustível para os opositores ao acordo de livre-comércio que o Brasil e os outros Estados do Mercosul concluíram com a UE e cuja ratificação pelos europeus ainda está pendente.

A Alemanha quer ratificar o acordo, se possível ainda em 2020 – os alemães ocupam no momento a presidência rotativa do Conselho da UE. O acordo com os Estados do Mercosul é visto como um instrumento importante para manter a influência da Europa na América do Sul. Nos círculos diplomáticos, é dito que o Bolsonaro não permanecerá presidente para sempre, mas que a parceria com o Brasil continuará.

Mas do ponto de vista das organizações ambientais, tais argumentos não contam. Um aprofundamento das relações com o Brasil enviaria o sinal errado, diz Gesche Jürgens, do Greenpeace Alemanha, por exemplo.


Süddeutsche Zeitung – Política às custas da vítima (19/08)

No final, só foi possível escondendo-a na mala do carro. Quando uma menina chegou a um hospital na cidade brasileira de Recife no domingo, já havia grupos ultrareligiosos e de extrema direita esperando na entrada, para impedir que um aborto fosse realizado na menina de dez anos.

É o triste final de um caso ainda mais triste que vinha dividindo o Brasil há dias. Tudo começou quando a criança de dez anos foi internada no hospital com dores de estômago, em 7 de agosto. Durante o exame, os médicos diagnosticaram uma gravidez de 22 semanas. O pai da criança era provavelmente o marido de uma tia.

Há anos, grupos religiosos vêm tentando endurecer as leis brasileiras sobre o aborto e, se possível, proibi-lo completamente. Médicos são ameaçados, ativistas tiveram que deixar o país por medo de ataques. Com a posse de Jair Bolsonaro, os ativistas antiaborto ganharam enorme influência.

Handelsblatt – Estrangeiros se vão, investidores brasileiros chegam (19/08)

Apesar da pandemia e da crise econômica, investidores brasileiros estão indo em massa ao mercado de ações. Os indicadores da bolsa de valores estão subindo, mas isso dificilmente vai durar.

Um presidente sobrecarregado, uma recessão severa e nenhuma luz à vista na pandemia – na verdade, as perspectivas para a economia brasileira dificilmente poderiam ser piores. Mas no mercado de ações, os investidores estão se comportando como se o Brasil estivesse à beira de uma brilhante recuperação. Raramente a Bolsa de Valores de São Paulo e a economia do país funcionaram de forma tão desacoplada como agora.

Os investidores privados, em particular, não estão sendo dissuadidos pelo ambiente sombrio do Brasil no momento: os investidores domésticos investiram o equivalente a cerca de 8 bilhões de euros em ações neste ano. Isto representa um aumento de 68% em comparação com o início do ano.

A principal razão para a atual corrida na bolsa de valores são as baixas taxas de juros. A Selic está atualmente em 2,25%, o que torna o mercado acionário atraente tanto para investidores como empresas que querem levantar capital.

Os investidores estrangeiros, entretanto, veem as coisas de forma completamente diferente: eles vendem em peso ações desde o início da pandemia, em meados de março. Eles retiraram cerca de 13 bilhões de euros do país. Esta é a maior fuga de caixa de um mercado emergente mundial, segundo observa o Deutsche Bank.

Os investidores estão desapontados com o curso de reformas do governo do populista de direita Bolsonaro. Muitos investidores institucionais estrangeiros, como os fundos de pensão, também estão descontentes com as catastróficas políticas ambientais e para a Amazônia do governo Bolsonaro.

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