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O Brasil na imprensa alemã (19/10)

19 de outubro de 2022

O primeiro debate televisivo entre Lula e Bolsonaro no segundo turno e a polêmica fala do presidente brasileiro sobre meninas venezuelanas foram destaques na mídia da Alemanha.

Lula e Bolsonaro durante debate na TV
Mídia alemã classifica campanha presidencial do segundo turno como uma "batalha de lama"Foto: Marcelo Chello/AP/picture alliance

Süddeutsche Zeitung – Guerra suja em horário nobre (18/10)

Na campanha eleitoral brasileira, as acusações voam de um lado para o outro, indo da pedofilia ao canibalismo. Agora, os dois candidatos se encontraram pela primeira vez na televisão.

(...)

Já antes [do debate na TV] o clima estava extremamente tenso: em entrevista na sexta-feira, Jair Bolsonaro quis chamar a atenção para a vulnerabilidade dos imigrantes venezuelanos e o problema da prostituição infantil. Ele falou de uma situação em que teria "pintado um clima" entre ele e uma menor de idade venezuelana. A fala gerou indignação.

Na verdade, a história deveria servir para ele desabafar contra o regime socialista na Venezuela e, claro, também contra seu adversário de esquerda Lula da Silva. Bolsonaro enfatiza repetidas vezes que, se seu opositor ganhar a eleição, o Brasil pode se tornar um país repressivo, um país de caos. "Você quer algo assim para sua filha?", perguntou o governante de extrema direita ao seu entrevistador.

No entanto, as declarações do presidente brasileiro foram rapidamente descontextualizadas pelos internautas. O que Bolsonaro está dizendo sobre ele e a garota é nojento, segundo comentários. O chefe de Estado chegou a ser acusado de pedofilia.

Logo, políticos próximos a Lula da Silva emitiram críticas: Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores de Lula, descreveu Bolsonaro como "depravado" e "criminoso".

No final, desenvolveu-se uma dinâmica tão forte que o titular até teve que colocar anúncios na internet afirmando que ele não é pedófilo. Em um vídeo, ele também se dirigiu diretamente a seus seguidores e negou todas as alegações.

Tudo isso é apenas um exemplo da disputa suja em que a campanha eleitoral do Brasil se transformou nas últimas semanas. Em vez de propostas, há calúnias; em vez de argumentos, são feitas acusações. Enquanto Jair Bolsonaro tem que se defender das acusações de pedofilia, o desafiante Lula da Silva tem sido acusado por críticos de satanismo.

Notícias falsas são espalhadas dizendo que o político de esquerda está planejando proibir missas na igreja. Um lado acusa seriamente o outro de canibalismo, que por sua vez responde com supostos planos do oponente de permitir o incesto.

Tagesschau – Duro duelo entre Bolsonaro e Lula (17/10)

Antes do segundo turno da eleição presidencial no Brasil, Bolsonaro e o desafiante Lula fizeram sérias acusações um contra o outro em um debate na TV. Eles se acusaram mutuamente de mentir.

Durante o duelo na emissora brasileira TV Bandeirantes na noite de domingo, os candidatos se concentraram em temas que são considerados o calcanhar de Aquiles um do outro: Lula abordou a gestão da pandemia de coronavírus de Bolsonaro, e o titular do cargo relembrou os escândalos de corrupção em torno do Partido dos Trabalhadores.

(…)

Ambos os candidatos também se acusaram mutuamente de disseminar mentiras e informações falsas. A campanha eleitoral no Brasil, que já era caracterizada por campanhas de difamação e disputas verbais agressivas, tem se assemelhado cada vez mais a uma batalha de lama desde o primeiro turno. Sobretudo o campo de Lula recentemente vem recorrendo a estratégias aplicadas pela extrema direita. O campo de esquerda desenterrou vídeos antigos de aparições de Bolsonaro e extraiu citações avulsas deles ligando Bolsonaro à maçonaria e ao canibalismo, por exemplo.

Em um ataque recente, Bolsonaro foi ligado à pedofilia. Os aliados da campanha de Lula no sábado descreveram o presidente como um "criminoso degenerado" e ficaram "indignados" com as declarações do chefe de Estado em entrevista a um canal do YouTube na sexta-feira. Nela, Bolsonaro falou sobre um passeio de moto por uma favela de Brasília, durante o qual ele havia notado um grupo de meninas menores de idade da Venezuela – o chefe de Estado sugeriu que havia uma química sexual no ar ("pintou um clima"). Ele pediu para visitar a casa das meninas. Bolsonaro alegou que as jovens se prostituíam. Mas de acordo com relatos da mídia, elas participavam de um projeto social que as treinava como cabeleireiras.

Chegando a São Paulo para o debate televisionado, Bolsonaro disse que as últimas 24 horas tinham sido "as piores da minha vida", por causa desses ataques. Lula não levantou a questão durante o debate, mas usou na lapela um broche da campanha contra o abuso infantil.

Die Tageszeitung – Ministros do Supremo como inimigos (19/10)

Se reeleito, o presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, pode iniciar uma reforma conservadora do Supremo.

Ele disse que a mídia inventou a história. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou em um estúdio de televisão em São Paulo no domingo não ter planos de aumentar o número de juízes no Supremo. Lá enfrentava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o primeiro debate na TV para o segundo turno de 30 de outubro.

Apesar da declaração de Bolsonaro, muitos temem que se o extremista de direita for reeleito, haja o risco de que o sistema judiciário seja reestruturado – com consequências devastadoras para a jovem democracia brasileira.

A relação entre Bolsonaro e o STF é complicada há muito tempo. No ano passado, ele gritou a seus apoiadores jubilosos em uma manifestação que não aceitaria mais as decisões da Corte. Frequentemente, ele ataca juízes individualmente, recentemente chamou o ministro Alexandre de Moraes de "ditador". A Corte, disse Bolsonaro, condena santos e absolve demônios.

Os ataques de Bolsonaro estão relacionados principalmente ao fato de o Supremo Tribunal Federal ter impedido alguns dos projetos autoritários do presidente. Muitos dos decretos de Bolsonaro foram derrubados na Justiça. "No Brasil, o STF muitas vezes tem a última palavra nas disputas entre os poderes", diz o advogado e jurista Fernando Neisser ao TAZ. "É por isso que ele desempenha um importante papel no meio político."

md/ek (ots)