Acusações de abuso sexual cometido pelo médium João de Deus são destaques da semana que passou. Continuidade de acordo nuclear entre Alemanha e Brasil, Escola Sem Partido e relatório do Coaf também são tema.
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Frankfurter Allgemeine Zeitung – O curandeiro do Brasil é um estuprador?, 13/12/2018
Para muita gente sofrendo, ele é a última esperança: João Teixeira de Faria, conhecido no Brasil como "João de Deus". O médium teria livrado inúmeras pessoas de suas doenças e penúrias, incluindo celebridades de Hollywood e vários políticos conhecidos. Mas desta vez Faria não é notícia por causa de suas curas milagrosas, mas por outras atitudes. Nos últimos dias, várias mulheres que acusam Faria de abuso sexual foram a público. Desde a divulgação das acusações, centenas de mulheres relataram ao Ministério Público que o mesmo teria acontecido com elas.
Os métodos de Faria são tão inexplicáveis quanto controversos. Além da cura espiritual por meditação e cultos, seu centro na cidade goiana de Abadiânia também é palco, às vezes, de intervenções físicas – o que é duramente criticado por profissionais da área da saúde.
Não é a primeira vez que Faria precisa se defender de denúncias de abuso sexual. Ele já foi acusado por isso há alguns anos, mas o processo foi arquivado por falta de provas. Agora, porém, as alegações são inúmeras. Elas foram desencadeadas por uma matéria publicada no jornal O Globo, na qual várias vítimas relataram maus tratos cometidos por Faria. Pouco depois, num programa veiculado na maior rede de TV do Brasil, a Globo, a holandesa Zahira Lieneke Mous contou que foi abusada pelo curandeiro. Outras vítimas também falaram, mas sua identidade não foi revelada.
Desde então, centenas de acusações contra Faria foram levadas ao MP. Se fosse condenado apenas em dez casos de abuso sexual, ele precisaria contar com uma pena de até 150 anos de prisão, e o centro do médium seria fechado.
Uma editora já reagiu e retirou a biografia de João de Deus de circulação. Em Abadiânia, teme-se o pior. A cidadezinha de 15 mil habitantes depende totalmente do turismo gerado pelo centro de cura. Agências de turismo estão tão inseguras quanto os visitantes vindos do mundo inteiro.
Sueddeutsche.de – Programa nuclear alemão funciona no Brasil apesar de Bolsonaro, 16/12/2018
O governo federal alemão quer dar continuidade ao programa nuclear com o Brasil e ao fornecimento de barras de combustível também sob o presidente direitista Jair Bolsonaro. Não existe necessidade de anular ou de modificar o acordo – nem da perspectiva da política externa, nem da política energética, diz uma resposta do Secretário de Estado para a Economia da Alemanha, Ulrich Nussbaum, à bancada do Partido Verde. Segundo o comunicado ao qual a agência DPA teve acesso, apesar da retirada da Alemanha da produção de energia nuclear até 2022, desde 2011 o país europeu forneceu, entre outros, barras de combustível com um total de dez toneladas de urânio para o Brasil.
Der Spiegel – Um presidente permite a caça a professores, 15/12/2018
"Escola sem Partido" é o nome do conceito de uma aparente "educação livre de ideologia" propagada por [Ana Caroline] Campagnolo [eleita deputada estadual do PSL pelo estado de Santa Catarina] e seus apoiadores. Sob Bolsonaro, a caça às bruxas contra tudo o que é supostamente de esquerda deverá se tornar política do governo. O ex-militar quer nomear o professor de filosofia Ricardo Vélez Rodríguez a ministro da Educação – um colombiano que ajudou a desenvolver o projeto da Escola Sem Partido.
A convocação pública ao denuncismo é parte de uma insurreição de direita com que o presidente eleito do Brasil quer revolucionar ideologicamente escolas e universidades públicas. É que as instituições de ensino valem como bastiões da resistência contra Bolsonaro.
Para os fundamentalistas, não se trata apenas de combater ideais supostamente da esquerda. Eles querem banir principalmente a educação sexual e temas relacionados a gênero das aulas. "Eles acreditam que a discussão sobre gênero é obra do diabo", diz a historiadora Marlene de Fáveri, que teme que a próxima medida seja o banimento da Teoria da Evolução do currículo escolar.
Há 28 anos, ela leciona na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. É autora de uma obra de referência premiada várias vezes sobre o passado nazista do estado. Ideais fascistas eram amplamente difundidos entre os diversos descendentes de alemães em Santa Catarina. O partido nazista NSDAP até abriu seu próprio escritório internacional na cidade de Blumenau.
Tagesspiegel – Incêndio em favela brasileira destrói 600 casas, 16/12/2018
Um incêndio de amplas dimensões numa favela na cidade de Manaus, no norte do Brasil, queimou cerca de 600 casas. Segundo dados das autoridades, 17 pessoas ficaram feridas no fogo na madrugada de segunda para terça-feira (18/12). Um representante do governo do Amazonas disse que talvez tenha sido o maior incêndio municipal "da história de Manaus". Cerca de cem bombeiros atuaram para apagar o fogo na favela de Educandos. As autoridades suspeitam que o fogo começou quando um dos moradores cozinhava.
Frankfurter Allgemeine Zeitung – Mancha no colete branco, 15/12/2018
Ele sempre confiou em seu funcionário e está convencido de que Queiroz pode explicar tudo, disse Flávio Bolsonaro. Porém, quem também precisa se explicar é seu pai, Jair Bolsonaro, que, entre outros, foi eleito presidente por causa de sua imagem de guardião da moral e das afiadas críticas que teceu condenando a corrupção e o nepotismo. O colete supostamente branco de Bolsonaro corre o risco de ficar manchado. Por isso, ele aumentou os esforços durante a semana: "Se tiver algo errado, que paguemos". Isso pode sair caro para ele.
RK/ots
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Com diplomação, presidente eleito conclui primeira fase da transição e já tem o gabinete formado. Durante a campanha, ele prometeu reduzir número de ministros de 29 para 15, mas acabou com 22. Veja quem são.
Foto: picture-alliance/AP Images/L. Correa
Redução modesta
Durante a campanha, Jair Bolsonaro prometeu reduzir o número de ministérios de 29 para 15. Mas, durante a transição, o presidente voltou atrás e promoveu uma redução bem menor do que a prometida. Ao todo, há 22 pastas no novo governo. Entre os ministros, há filiados do DEM, PSL e MDB, além de dez com laços militares, dois discípulos de Olavo de Carvalho e apenas duas mulheres.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Izquierdo
Paulo Guedes
Guru econômico e ministro anunciado ainda durante a campanha, Paulo Guedes comanda o superministério da Economia, formado pela junção das pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior. O economista é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), suspeito de ter cometido fraudes na captação de recursos de fundos de pensão de estatais entre 2009 e 2013.
Foto: AFP/Getty Images
Onyx Lorenzoni
Deputado federal do DEM, Onyx Lorenzoni articulou a campanha de Bolsonaro desde 2017 e foi indicado para assumir a Casa Civil. Em sua carreira política, já foi deputado estadual no Rio Grande do Sul e, desde 2003, tem mandatos na Câmara. Após ser citado na delação da JBS, ele admitiu ter recebido caixa dois de campanha, e está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República.
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Sérgio Moro
Juiz federal que foi responsável pela Lava Jato em primeira instância, Sérgio Moro comandará o Ministério da Justiça. Seu decisão de entrar para a política causou polêmica. Foi ele quem condenou Lula pela primeira vez em 2017, o que marcou o início dos problemas do ex-presidente em registrar sua nova candidatura ao Planalto em 2018. Fato que ajudou Bolsonaro a assumir a liderança nas pesquisas.
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Marcos Pontes
Astronauta que chegou a ser cotado para vice da chapa do PSL, Marcos Pontes chefiará o Ministério da Ciência Tecnologia. Formado em engenharia aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Pontes se tornou o primeiro astronauta brasileiro da história e foi enviado ao espaço pela Missão Centenário, em 2006, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é filiado ao PSL.
A deputada federal Tereza Cristina (DEM) comandará o Ministério da Agricultura. Engenharia agrônoma e empresária, Tereza Cristina foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e indicada pela bancada ruralista para o cargo. Ela defende a aprovação do projeto lei que flexibiliza as regras para a fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país.
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Ernesto Araújo
Diplomata de carreira, Ernesto Araújo assumirá o Ministério das Relações Exteriores. Discípulo de Olavo de Carvalho, ele atuou no Itamaraty em várias áreas, porém, nunca chefiou uma embaixada. Araújo mantinha um blog no qual fez campanha para Bolsonaro, chamou o PT de "Partido Terrorista" e disse querer libertar o mundo da "ideologia globalista". Admira Donald Trump e nega o aquecimento global.
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Luiz Henrique Mandetta
Deputado federal do DEM (MS), Luiz Henrique Mandetta ficou com o comando do Ministério da Saúde. Médico ortopedista e ligado a Lorenzoni, ele era crítico do Programa Mais Médicos. Entre 2005 e 2010, Mandetta foi secretário municipal de saúde de Campo Grande. A passagem pelo cargo lhe rendeu um inquérito por suspeita de fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois.
Foto: Agência Brasil
Fernando Azevedo e Silva
O general da reserva Fernando Azevedo e Silva foi escolhido para o Ministério da Defesa. Natural do Rio, ele deixou o Alto Comando do Exército em 2018 e passou a assessorar o presidente do STF, Dias Toffoli. Azevedo e Silva foi chefe do Estado-Maior do Exército e comandante da Brigada Paraquedista, onde serviu ao lado de Bolsonaro. Chefiou ainda operações na Missão de Paz da ONU no Haiti.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Ricardo Vélez Rodríguez
Escolha do colombiano antipetista Ricardo Vélez Rodríguez para assumir o Ministério da Educação foi indicação de Olavo de Carvalho. Nascido em Bogotá e naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez é formado em filosofia e mostrou apoiar várias das bandeiras defendidas por Bolsonaro, como a expansão de escolas militares no país e o combate a uma suposta predominância de ideias esquerdistas no ensino.
Foto: Agência Brasil
Tarcísio Gomes de Freitas
O ex-diretor do Dnit Tarcísio Gomes de Freitas chefiará o novo Ministério da Infraestrutura, que deve englobar a atual pasta de Transportes, Portos e Aviação Civil. No governo Temer, Freitas foi secretário de Coordenação de Projetos do Programa de Parceria em Investimentos e consultor legislativo da Câmara dos Deputados. O engenheiro civil iniciou a carreira no Exército e atuou no Haiti.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Gustavo Canuto
Servidor efetivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto comandará o novo Ministério do Desenvolvimento Regional. Servidor sem filiação partidária, Canuto é formado em engenharia da computação e direito e já atuou na Secretaria Geral da Presidência da República, na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e na Secretaria de Aviação Civil.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Osmar Terra
Ex-ministro do governo Temer, Osmar Terra assumiu o novo Ministério da Cidadania e Ação Social. Médico, Terra é deputado federal pelo MDB desde 2001. Já foi prefeito de Santa Rosa (RS) e secretário de Saúde do RS. Terra poderá ser um dos ministros que trará dor de cabeça a Bolsonaro. O deputado apareceu na superplanilha da Odebrecht, que indicaria propinas pagas a políticos.
Foto: Viola Jr/Camara dos Deputados
Marcelo Álvaro Antônio
Deputado do PSL Marcelo Álvaro Antônio assumirá o Ministério do Turismo. Integrante da frente parlamentar evangélica, ele foi o candidato mais votado em Minas Gerais, reeleito para o segundo mandato neste ano. Antes de ser deputado, Antônio foi vereador de Belo Horizonte. Antônio é o segundo filiado do PSL escolhido por Bolsonaro para integrar seu governo.
Foto: Agência Brasil/Valter Campanato
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior
O almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior chefiará o Ministério de Minas e Energia. Ele atuou como diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, foi observador do Brasil na Força de Paz das Nações Unidas em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina, e comandante de submarinos.
Foto: Getty Images/AFP/H. Retamal
Damares Alves
Pastora evangélica e assessora do senador Magno Malta (PR), Damares Alves foi escolhida para chefiar o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. A advogada trabalha há mais de 20 anos no Congresso. Ela já declarou que a mulher nasceu para ser mãe, se posicionou contra o feminismo e políticas voltadas a diminuir a discriminação de homossexuais. É contra a legalização do aborto e das drogas.
Foto: Agência Brasil/V. Campanato
Ricardo de Aquino Salles
Advogado e criador do Endireita Brasil, Ricardo de Aquino Salles será o ministro do Meio Ambiente. Salles foi secretário estadual do Meio Ambiente no governo de Geraldo Alckmin. É réu por improbidade administrativa, acusado de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental do rio Tietê, numa ação que teria favorecido mineradoras. Foi ainda diretor da Sociedade Rural Brasileira.
Foto: Imago/Fotoarena
Ministérios dentro do Planalto
Além da Casa Civil, outros três ministérios funcionam dentro do Planalto. Ex-presidente do PSL e aliado próximo de Bolsonaro, Gustavo Bebianno será o chefe da Secretaria-Geral. O general reformado que comandou a Missão ONU para a Estabilização no Haiti Augusto Heleno ficou com o Gabinete de Segurança Institucional. Já o general Carlos Alberto dos Santos Cruz ficará com a Secretaria de Governo.
Foto: Getty Images/AFP/M. Pimentel
AGU e CGU
A Advocacia-Geral da União (AGU) ficará sob o comando do advogado André Luiz de Almeida Mendonça, que, ao longo da carreira, atuou em áreas de transparência e combate à corrupção. O Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) continuará a ser chefiado por Wagner Rosário (foto). O servidor de carreira ocupa o cargo desde junho de 2017, indicado pelo ex-presidente Michel Temer.
Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Roberto Campos Neto
O chefia do Banco Central ficou com o economista Roberto Campos Neto, neto do ex-ministro do Planejamento Roberto Campos, que comandou a pasta entre 1964 e 1967, durante a ditadura militar. Próximo de Paulo Guedes, já atuou no banco Santader, no banco Bonzano Simonsen e na gestora de fundos Claritas.