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O Brasil na imprensa alemã

22 de fevereiro de 2017

Meios de comunicação do país destacam nesta semana o escândalo de corrupção da construtora Odebrecht, que se espalha pela América Latina, e a situação das instalações olímpicas no Rio de Janeiro.

Sede da Odebrecht em São Paulo: construtora teria subornado atuais e antigos presidentes
Sede da Odebrecht em São Paulo: construtora teria subornado atuais e antigos presidentesFoto: Imago/Fotoarena

O Brasil voltou a ser destaque na imprensa alemã nos últimos dias. O site de notícias Spiegel Online publicou uma longa reportagem sobre o escândalo de corrupção da construtora Odebrecht, que atinge políticos de vários países da América do Sul.

Já o diário Süddeutsche Zeitung, de Munique, dedicou três páginas da sua edição de fim de semana ao legado dos Jogos Olímpicos. O jornal compara as expectativas em relação ao uso futuro das obras com a situação atual, tomando como ponto de partida o abandono do estádio do Maracanã.

O jornal berlinense Der Tagesspiegel publicou uma crítica do filme Joaquim, de Marcelo Gomes. Depois de elogiar "O homem das multidões", um filme anterior do diretor brasileiro, o jornal afirma que, a Joaquim, falta tudo aquilo que distinguia "O homem das multidões".

Spiegel Online: Presos na rede do príncipe brasileiro, 15.02.2017

"Da Argentina até o México, um escândalo gigantesco de corrupção estremece a América Latina. A construtora Odebrecht teria subornado atuais e antigos presidentes. (...) Eles o chamam de príncipe. Mas Marcelo Odebrecht, de 49 anos, não é nenhum fã de pompa e circunstância. Ele é um asceta, não bebe álcool e é considerado um workaholic. (...) Como uma aranha, Odebrecht estava sentado numa rede de contas secretas, empresas de fachada e doleiros que a construtora teceu sobre toda a América do Sul. Ele puxava os fios que levavam aos poderosos – e os depoimentos de seus diretores estremecem todo o subcontinente. (...) Ele era chamado de 'príncipe' por ser o filho favorito e sucessor do patriarca Emilio Odebrecht. Mas 'príncipe' também era adequado a esse homem discreto porque deputados, ministros e presidentes se inclinavam perante ele como cortesãos."

Süddeutsche Zeitung: As ruínas do Rio, 18.02.2017

"No verão [europeu], o mundo celebrou uma festa esportiva estonteante às margens de Copacabana. Desde então, muito foi destruído. Também por isso, cada vez mais pessoas dizem não aos Jogos Olímpicos, como aconteceu, por último, na Suíça. (...)  Quem conhece histórias como essa [refere-se à despedida de Zico no Maracanã], deve ter ficado sentido com as imagens que foram vistas esta semana, do Rio meio ano depois dos Jogos Olímpicos de 2016: Arenas esportivas apodrecendo (...) O estádio aquático com seu revestimento em farrapos. O campo de golfe que parece a superfície enrugada de um planeta até então desconhecido. E o Maracanã. (...) Assentos arrancados por vândalos e amontoados nas catacumbas por funcionários. Placas indicativas que viraram entulho. O gramado como um tapete ralado."

Der Tagesspiegel: Crítica do filme Joaquim, 17.02.2017

"Só depois de eles abandonarem tentativas vãs [de encontrar ouro], Joaquim se torna um revolucionário, e não se fica sabendo exatamente por quê. O diretor brasileiro Marcelo Gomes, que há três anos participou da Panorama com o maravilhoso e esteticamente ambicioso filme urbano O homem das multidões, que ele realizou junto com o artista plástico Cao Guimarães, assina Joaquim. Mas neste filme falta tudo aquilo que distinguia O homem das multidões: uma concepção clara, enfoques cuidadosamente elaborados, atores minimalistas e sobretudo uma história.

Pode ser que Gomes quisesse contar algo sobre as minorias étnicas no Brasil e os movimentos migratórios, sobre a exploração econômica do país pelos senhores coloniais e a sociedade de classes e patriarcal dos colonizadores, sobre a brutal ausência de lei da vida na colônia, onde todo tipo de aventureiro seguia a própria cobiça. Mas então ele deveria ter contado isso."

AS/ots