O Brasil na imprensa alemã (26/06)
26 de junho de 2019Capital – Boom ou "bum" (26/06)
Alguns consideram o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, um populista incendiário, outros o veem como o salvador da maior economia da América Latina. Mas o que acham empresários alemães no Brasil?
Klaus Hepp, por exemplo, conhece muito bem os comentários de sua terra natal, a Alemanha, onde se gosta de chamar Bolsonaro de extremista de direita e racista, militarista e misógino, o "Trump dos trópicos".
Aí, o empresário diz a seus conhecidos alemães: "Calma aí. Não se deve reduzir Bolsonaro a algumas expressões. Nos primeiros meses de governo, ele mexeu em muita coisa. E algumas coisas ele fez bem."
Ao mesmo tempo, Hepp reconhece os comentários que vêm de dentro da economia brasileira. Eles tratam a visão da Europa como unilateral e cega. Na Alemanha, afirmam, Bolsonaro é retratado apenas como um falastrão, enquanto todo o resto é ignorado, especialmente os erros do ex-presidente Lula e do PT, que governou o país durante 14 anos.
Então Hepp diz a seus colegas brasileiros: "Bolsonaro está de fato fazendo comentários absurdos. A comunicação dele é de baixo nível. Ele continua com os disparates no Twitter, algo indigno para um presidente. Ele também fez muita coisa errada nos primeiros meses."
Klaus Hepp vê-se a si próprio em algum lugar no meio: entre Brasil e Alemanha, entre os críticos e defensores de Bolsonaro.
Para os defensores, Bolsonaro está tentando recuperar o Brasil, um país em crise, para impulsionar a economia através da desregulamentação e da privatização.
Para os críticos, este é precisamente o modelo neoliberal que está constantemente falhando na América do Sul e, mais uma vez, apenas elevando populistas de esquerda ao poder.
Süddeutsche Zeitung – Bolsonaro em apuros (22/06)
Depois de quase meio ano, o governo brasileiro está em uma posição desconfortável.
Se Sergio Moro tiver que renunciar, seria um duro golpe para o governo de direita do Brasil. Um de muitos. Depois de seis meses no cargo, o vento que sopra contra está cada vez mais desconfortável. Os juízes tomam decisões e as revertem. O Senado suspendeu, por enquanto, a flexibilização da lei das armas, um dos projetos favoritos de Bolsonaro. O presidente teve de pedir desculpa a uma política que ele tinha insultado publicamente. Além disso, durante semanas, houve protestos em massa contra os cortes na educação e a reforma da Previdência. Bolsonaro reagiu furiosamente, insultou os manifestantes – não conseguiu controlar a situação.
Antes das eleições, ele prometeu impulsionar a economia, proporcionar segurança e pôr fim à corrupção e ao pântano da política, da Justiça e da economia. Mas a publicação das conversas de Moro com procuradores mostrou agora que a vitória de Bolsonaro pode só ter sido possível graças a alguns artifícios.
De qualquer forma, a luta contra a corrupção não parece estar indo assim tão longe: diz-se que justo na conta do seu filho mais velho foram feitos depósitos ilegais. A imagem de Bolsonaro como um homem limpo está desmoronando, cada vez mais brasileiros estão insatisfeitos com seu governo. Os índices de popularidade estão caindo. Bolsonaro foi eleito presidente em outubro com quase metade dos votos válidos, e hoje apenas um terço dos brasileiros concorda com a política de seu presidente.
Neues Deutschland - O suborno saiu caro para Odebrecht (19/06)
A construtora brasileira Odebrecht admitiu, há muito tempo, ter pagado suborno em vários países para ganhar contratos públicos. Agora a empresa entrou com pedido de recuperação judicial. Marcelo Odebrecht, herdeiro e chefe da rede criminosa em torno da Odebrecht, foi condenado a 19 anos de prisão por corrupção em primeira instância em 2016 e está cumprindo sua pena em sua casa em São Paulo. Mas a história da Odebrecht continua a ser escrita: na segunda-feira, a construtora fundada por imigrantes alemães, cujas subsidiárias também atuam em outros setores, como o petroquímico, entrou em falência em São Paulo. A empresa quer reestruturar o passivo de 51 bilhões de reais. Segundo a imprensa local, é a maior falência de uma empresa da história da economia brasileira.
RPR/ots
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