Die Tageszeitung – Ataque à Amazônia, 25/08/2017
A exploração abusiva da Região Amazônica entra na próxima fase: por decreto, o presidente Michel Temer acabou com uma enorme área de proteção ambiental no norte do país. Grandes partes da área de mais de 46 mil quilômetros quadrados, bem maior do que a área da Holanda, devem ser liberadas para a mineração.
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Embaixo da terra deve haver principalmente ouro, mas também grandes reservas de minério de ferro, cobre e outros minérios. A partir de agora devem ser liberadas concessões para a exploração. O governo quer aumentar as exportações de matérias-primas para colocar o país, abalado pela crise, de novo no caminho do crescimento.
O senador oposicionista Randolfe Rodrigues quer barrar o decreto de Temer. Segundo um projeto enviado às pressas, o decreto é inconstitucional porque áreas indígenas dentro do território da Renca também serão afetadas pela exploração econômica. Mas é pouco provável que um Congresso dominado por conservadores aceite a proposta. Rodrigues falou em "maior ataque à Região Amazônica em 50 anos".
Tagesschau.de – "Crime contra a Floresta Amazônica", 26/08/2017
"É o maior crime contra a Floresta Amazônica desde os anos 1970", criticou Randolphe Rodrigues, senador do estado do Amapá, no Norte do Brasil.
Mas todos os protestos de organizações ambientalistas e políticos da oposição foram ignorados: por decreto, com um canetaço, o presidente Michel Temer liberou para a mineração uma enorme área bloqueada no norte da Amazônia.
"Eu não poderia imaginar que o descaramento, a ganância desse governo fosse tão longe", disse o senador Rodrigues.
A experiência com outras áreas do Brasil deveria servir de alerta: a área ao norte do Rio Amazonas ainda é completamente inexplorada. Mas em todos os lugares onde estradas foram construídas, elas levaram também muitos problemas para as florestas.
Spiegel Online – Brasil libera enorme reserva natural para a mineração, 24/08/2017
Ela é maior do que a Dinamarca e deve conter enormes reservas de ouro: um decreto do presidente Temer libera a mineração numa reserva natural. Oposição e ambientalistas estão preocupados.
AS/ots
O Rio Negro é um dos principais do mundo. Afluente da margem esquerda do Amazonas, tem 1,5 km de extensão em território brasileiro e drena área equivalente a 10% da bacia Amazônica.
Foto: DW/N. PontesO Rio Negro é um dos principais do mundo. Afluente da margem esquerda do Amazonas, tem 1,5 mil km de extensão em território brasileiro e drena área equivalente a 10% da bacia Amazônica. Suas águas são alvo de especulação científica há 200 anos. Na década de 1980, estudos concluíram que o tom se deve à quantidade de ácidos orgânicos vindos da decomposição de restos vegetais no seu solo arenoso.
Foto: DW/N. PontesFlorestas de terra firme, vegetação de igapó e campina fazem parte da paisagem natural da bacia do rio Negro. A região é feita por um mosaico de diferentes tipos de solos e de vegetações correlacionadas. Florestas altas e densas de terra firme sobre solos argilosos, caatingas típicas da Amazônia e formações mais abertas, chamadas de campinas, ocorrem sobre areia branca.
Foto: DW/N. PontesComunidades ribeirinhas também ocupam tradicionalmente as margens do rio. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Rio Negro foi criada em 2008 e faz parte do Corredor Central da Amazônia e do Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro, estabelecido em 2010. Na foto, vê-se a comunidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, uma das 19 na unidade de conservação, com 103 mil hectares.
Foto: DW/N. PontesSebastião Brito de Mendonça, hoje presidente da associação das comunidades, já foi preso em flagrante durante transporte ilegal de madeira, acusado de formação de quadrilha. “Serviu para me fortalecer, ensinar a lição para as próximas gerações”, avalia. A madeira ainda traz renda para os moradores, mas com manejo legalizado e sustentável, e garante cerca de R$ 800 por família.
Foto: DW/N. PontesUma iniciativa importante para mudar a trajetória desses moradores foi o Programa Bolsa Floresta. Estabelecido pelo governo estadual, ele é gerido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) desde 2008, com reforço de recursos do Fundo Amazônia a partir de 2010. Rosana Lima Silva, mãe de sete filhos e casada com pescador, é uma das beneficiadas, que paga R$ 50 por família.
Foto: DW/N. PontesProjetos de geração de renda e empoderamento das comunidades fazem parte do Bolsa Floresta. Com o apoio, o artesanato é feito com materiais que a floresta fornece, como fibra de bacaba, uma palmeira que, até há pouco tempo, não tinha serventia para os moradores. As mulheres da comunidade Tumbira expõem no local e vendem os produtos, principalmente para Manaus.
Foto: DW/N. PontesTucumã é o fruto de uma palmeira típica da região amazônica, e quase toda a sua produção é proveniente de áreas extrativistas – a espécie é de difícil cultivo. De cor alaranjada e sabor pouco doce, na comunidade do Saracá, na RDS Rio Negro, o tucumã vira suco e recheio de pequenas tapiocas. Tudo é servido no restaurante comunitário, administrado pelas mulheres do povoado.
Foto: DW/N. PontesAté pouco tempo atrás, as comunidades da RDS Rio Negro só tinham eletricidade poucas horas por dia, a partir de um gerador movido a diesel. Atualmente, o fornecimento é ininterrupto em todas as casas, mediante pagamento da conta de energia elétrica. A comunicação via telefone, no entanto, ainda é precária. Na vila de Saracá, um orelhão é compartilhado como um telefone fixo.
Foto: DW/N. PontesNa foto, uma sumaúma se destaca às margens do rio Amazonas, o maior do mundo em extensão e em volume de água. A árvore ocorre em toda a bacia Amazônica, tem grande porte e pode atingir até 50 metros de altura e 2 metros de diâmetro. A sumaúma foi bastante explorada ao longo dos anos pela qualidade da madeira, por isso é difícil avistar um exemplar de porte tão grande próximo a áreas habitadas.
Foto: DW/N. Pontes