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O Brasil na imprensa alemã (31/03)

31 de março de 2021

Troca de pessoal nos altos escalões da política e Forças Armadas brasileiras esteve em foco na mídia da Alemanha, com ênfase na pressão em que se encontra o governo Bolsonaro pela má gestão da pandemia.

Brasilien Präsident Jair Bolsonaro.
Foto: Alan Santos/PR

FAZ – Bolsonaro troca seis ministros de uma vez só (30/03)

Diante das críticas crescentes a sua gestão de crise na pandemia do coronavírus, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reestruturou seu gabinete, substituindo a chefia de seis ministérios.

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De seu governo original, com que assumiu o cargo em janeiro de 2019, quase não há mais nenhum ministro – sobretudo nenhum importante. O fato de [o chanceler Ernesto] Araújo, da ala ideológica do governo do populista de direita, ter renunciado é visto como um amargo golpe para o bolsonarismo.

Araújo fora acusado de, com seu comportamento, isolar o Brasil no cenário internacional e colocá-lo numa posição precária para adquirir vacinas. Assim, iniciou desavenças com importantes parceiros comerciais como a China, de quem o Brasil importa substâncias farmacêuticas para a produção de vacinas contra o coronavírus.

Além disso, fez aliança com o governo do então presidente americano Donald Trump, o qual, segundo críticos, nem sempre retribuiu com as concessões almejadas, enquanto o Brasil rompia com posicionamentos históricos em instituições internacionais, como a ONU.

Antes mesmo da pandemia, agora fora de controle, Araújo também gerou polêmicas no Brasil. Ele chamou o coronavírus de "comunavírus", em alusão ao comunismo, classificou o nazismo como um movimento de esquerda e rechaçou a mudança climática como mentira marxista.

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Para a renúncia do ministro da Defesa, [Fernando] Azevedo e Silva, não houvera sinais prévios. O general da reserva de 67 anos declarou, em comunicado escrito, ter sempre servido a Bolsonaro lealmente, desde a posse deste, em janeiro de 2019: "Saio na certeza da missão cumprida."

A troca dos demais postos ministeriais também chegou para os observadores como uma surpresa. Ainda em meados de março, Bolsonaro voltara a trocar seu ministro da Saúde. Marcelo Queiroga já é o quarto político à frente da pasta, durante o mandato de Bolsonaro.

Süddeutsche Zeitung – Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, reformula seu gabinete (31/03)

Em meio à crise da covid-19, o presidente Brasil reformula seu gabinete em grande escala. Seis ministros foram substituídos de uma vez, entre os quais o da Defesa e o das Relações Exteriores, ambos pesos-pesados e até então acólitos fiéis do presidente.

Também por esse motivo, a reestruturação do gabinete é interpretada como sinal da pressão sob que Bolsonaro se encontra atualmente. Trata-se da mais abrangente mudança de pessoal desde a posse do governo, em 2019, e vem no momento em que o presidente brasileiro atravessa sua maior crise, até agora. Ela é a tentativa de transferir o poder dos militares – antes, o mais importante respaldo do presidente – a novos aliados no Congresso.

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Cada vez mais brasileiros atribuem a culpa da catastrófica situação de seu país ao presidente e seu governo. As taxas de popularidade de Jair Bolsonaro despencam.

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Desse modo, supõem observadores, o presidente brasileiro poderia liberar postos para políticos do assim chamado "Centrão", um conglomerado de diversos partidos menos comprometidos com metas políticas do que com a manutenção do próprio poder e com o acesso a cargos.

Há bastante tempo, Bolsonaro e essas legendas centristas vêm se aproximando entre si. Com os votos delas, o mandatário quer assegurar seu poder e, ao mesmo tempo, prevenir-se contra um possível processo de impeachment. Ao lado da pandemia, também a economia combalida o coloca sob pressão. Além disso, na figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há pouco retornou um poderoso rival ao ringue político do Brasil.

Tagesschau – Governo reestrutura liderança militar (31/03)

Primeiro foram substituídos seis ministros do gabinete brasileiro, agora a liderança militar vai ser reestruturada. O Exército, Aeronáutica e Marinha receberão novos chefes, anunciou o governo, sem citar um motivo para a mudança de pessoal.

Segundo a mídia brasileira, o anterior trio de líderes militares renunciou em protesto contra a inesperada demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Os novos quadros na chefia militar teriam sido decididos durante um encontro do novo chefe de pasta, Walter Souza Braga Netto, com seu antecessor, declarou simplesmente o Ministério da Defesa. Por enquanto, os novos dos três novos comandantes não foram anunciados.

Em sua primeira aparição pública, na terça-feira, Braga Netto gerou indignação ao elogiar a ditadura militar brasileira, de 1964 a 1985. O general citou o aniversário da tomada de poder pelos militares, em 31 de maio de 1964, como um motivo para festejar, dizendo que "as Forças Armadas assumiram a responsabilidade de pacificar o país" para "garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos". Também o presidente Jair Bolsonaro, de extrema direita, manifestou-se repetidamente de forma positiva sobre a ditadura militar.

Segundo um relatório de 2014 da Comissão Nacional da Verdade, sob a ditadura militar brasileira, ao todo 434 cidadãos foram assassinados a mando dos militares ou desapareceram sem deixar traços. Centenas foram arbitrariamente encarceradas e torturadas. Desde o fim da ditadura, o Exército do Brasil cuida para manter uma imagem apolítica.

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av (ots)

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