Empresas que operam metrô, bondes e ônibus oferecem uma variedade de tickets específicos para cada tipo de viagem. Num país sem catracas, andar sem bilhete pode acabar em multa.
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Ao pisar na Alemanha pela primeira vez, é impossível não se confundir na hora de comprar um bilhete para o transporte público. Além de não haver catracas em lugar nenhum, é preciso entender uma série de regras para não comprar a passagem errada e, assim, evitar uma possível multa.
Assim que cheguei, andei por alguns meses de metrô (UBahn) com o ticket errado. Sempre comprava o Kurzstrecke, para trajetos curtos de até quatro estações achando que estava tudo bem, mas se a fiscalização tivesse passado eu poderia ter tido problemas.
Na Alemanha, a rotina no transporte público é sem catracas. Fiscais aparecem sem aviso e multam em até 60 euros quem usa os meios de transporte sem ticket ou com o bilhete errado. Por isso, é importante entender como tudo funciona.
Os tipos de bilhete variam para cada cidade. Em alguns casos, é preciso carimbar o ticket numa máquina nas plataformas ou dentro do metrô e do ônibus. Não carimbar ou carimbar o mesmo ticket duas vezes pode resultar em multa. Em outros casos, basta comprar o ticket, que será válido entre uma e duas horas. Em algumas cidades, é preciso seguir o trajeto num único sentido. Para retornar, é preciso comprar um novo bilhete.
Máquinas para adquirir os bilhetes estão disponíveis nas plataformas e, quase sempre, dentro do metrô e dos bondes (Strassenbahn). Com exceção das máquinas nas plataformas, as que estão no metrô e bonde dão troco, mas na maior parte dos casos, só aceitam moedas. Quantas vezes não tive que pedir para outros passageiros trocarem uma nota de 10 ou até 20 euros por moedas para que eu pudesse comprar o ticket. Nos ônibus, os bilhetes são vendidos pelos motoristas e não precisam ser carimbados, pois vêm com o nome da estação onde foram comprados.
Os preços variam de acordo com zonas tarifárias. Quanto mais afastado do centro é o seu destino final, mais caro fica o ticket. E há uma variedade: bilhete de 24 horas de duração, semanais e mensais, bilhete para trajetos curtos, tickets normais, que permitem ao passageiro viajar por um determinado período de tempo, tickets para grupos de até cinco pessoas, e tickets com quatro viagens. A partir do momento em que o passageiro carimba na plataforma ou dentro do transporte, o bilhete começa a valer. Nesta coluna , explico como funcionam os trens na Alemanha, que sofrem com muitos atrasos .
Por volta da meia-noite, o metrô e os bondes param de funcionar e dão lugar aos ônibus noturnos, sempre identificadas com a letra N e o número da rota. Esse ônibus percorrem uma linha mais extensa, não exatamente igual ao dos ônibus regulares.
Nas plataforma, há quadros informando os horários previstos do metrô, ônibus e bonde nos diferentes dias da semana. Painéis eletrônicos também indicam em quantos minutos o transporte chegará. Tudo para evitar imprevistos e cumprir a sagrada pontualidade alemã.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.
A história do metrô na Alemanha
A primeira linha subterrânea para transporte público na Alemanha foi inaugurada em 1902, em Berlim, cerca de 40 anos depois de a primeira do mundo ser aberta em Londres. Os alemães chamam o metrô de U-Bahn.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Berlim, pioneira na Alemanha
No dia 15 de fevereiro de 1902, foi inaugurado o metrô berlinense, partindo da estação da Praça de Postdam em direção à estação Stralauer Tor. Três dias depois, o meio de transporte foi aberto ao público. Até dezembro do mesmo ano, foram abertas nove estações na rede metroviária. Na Alemanha, o trem subterrâneo chama-se Untergrundbahn ou U-Bahn.
Foto: Imago/G. Leber
Londres, primeiro metrô do mundo
Em 1863, começaram a circular os metrôs em Londres, na época, locomotivas a vapor. Como a fumaça incomodava os passageiros, a linha foi encerrada precocemente. Em 1890, os túneis da capital londrina foram eletrificados. Em Paris, a primeira linha da rede de metrô foi inaugurada em 1900. O Chemin de Fer Métropolitain (caminho de ferro metropolitano) deu origem à abreviatura no português, metrô.
Foto: picture-alliance/Heritage-Images
Da Berlim Ocidental à Oriental
O metrô de Berlim, primeiro trem subterrâneo da Alemanha, cresceu com a expansão de seus trilhos, que inicialmente percorriam pouco mais de 10 quilômetros. Ele sobreviveu a duas guerras mundiais e o Muro de Berlim. Durante a divisão da cidade, o trem só chegava ao lado oriental, comunista, após inspeções rigorosas. A segurança foi redobrada, para evitar que alemães do leste fugissem para o oeste.
Foto: DW/Kate Brady
Hamburgo
A eficiência dos trens elétricos em Berlim inspirou a cidade portuária de Hamburgo, que inaugurou sua rede ferroviária subterrânea em 15 de fevereiro de 1912. Por causa do rio Elba, no entanto, grande parte da malha foi construída sobre viadutos e aterros.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Colônia e outras
Em outras grandes cidades alemãs, o metrô subterrâneo foi introduzido após a Segunda Guerra, por conta da reconstrução dos centros urbanos. A Stuttgart, ele chegou em 1966; a Essen, em 1967; e a Frankfurt e Colônia, em 1968. Na foto, a escada rolante da estação de metrô Heumarkt, em Colônia.
Foto: Imago/blickwinkel/S. Ziese
Munique
À capital da Baviera, o sistema de metrô subterrâneo só chegou na década de 1970. Inicialmente ele estava previsto para ser inaugurado em 1974, mas, devido aos Jogos Olímpicos de 1972, começou a funcionar já em 1971. Na foto, a estação Münchner Freiheit, decorada pelo designer e artista alemão Ingo Maurer, com espelhos no teto e luzes azuis.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Warmuth
A rede mais longa do mundo
Desde dezembro de 2017, a mais extensa malha metroviária do mundo é a de Xangai, na China, com 637 quilômetros. Na Alemanha, a maior rede de metrô é a de Berlim, com 144 quilômetros, 12ª colocada no ranking mundial.
Foto: Imago/Xinhua/D. Ting
O mais longo trecho subterrâneo
A mais longa linha subterrânea da Alemanha é a U7 (foto), de Berlim, com 31,8 km. Já a linha de metrô mais longa, que corre embaixo e sobre o solo, é a linha U1 em Hamburgo, com 55,8 km. Em termos de inclinação, a linha U3, entre Frankfurt e Hohemark, supera uma altura de 204 metros.
Foto: Imago/R. Peters
Bunker de guerra
Estações de metrô especialmente profundas sob o solo foram construídas nos antigos países socialistas durante a Guerra Fria, para servirem também de abrigo numa eventual guerra nuclear. O recorde mundial de profundidade é a estação de metrô Arsenalna, em Kiev, na Ucrânia, com 105,5 metros. Na foto, a escada rolante de uma estação de metrô em São Petersburgo.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Brandt
A estação alemã mais profunda
Já nos países ocidentais, os metrôs não são tão profundos devido a questões arqueológicas (Atenas e Roma) ou geológicas (Oslo e Washington). A estação mais profunda da Alemanha é a Messehallen, em Hamburgo, 26 metros abaixo do solo. Também suas escadas-rolantes são recorde alemão, com 22 metros de extensão.