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O continente vota, mas poucos comparecem

(am)10 de junho de 2004

De 10 a 13 de junho, os cidadãos da UE estão convocados às urnas para decidir a futura composição do Parlamento Europeu. Pela primeira vez, o pleito será em 25 países. Mas o entusiasmo dos eleitores deixa a desejar.

As urnas estão prontas: faltam os eleitoresFoto: AP

Na União Européia não existe voto obrigatório. Votar ou abster-se é uma decisão que cabe a cada um dos cidadãos. Assim, uma das maiores preocupações dos políticos antes de qualquer eleição é a de mobilizar o eleitorado, tentando suscitar o interesse pela participação na decisão política. Um difícil empreendimento nas eleições de 2004.

Os políticos nem sonham em obter um engajamento do eleitorado como ocorreu em 1979, quando o Parlamento Europeu foi escolhido pela primeira vez através de voto direto. Naquele ano, 65% dos eleitores compareceram às urnas. No pleito que começa nesta quinta-feira (10/6), estendendo-se até domingo (13/6), uma média de menos de 50% dos eleitores dos diversos países da UE deverá comparecer às urnas, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup.

Variações de país para país

São enormes as diferenças entre os 25 países-membros da UE. A Bélgica, onde ocorrem eleições regionais no mesmo dia, deverá bater o recorde de participação do eleitorado, com o comparecimento de cerca de dois terços dos cidadãos com direito a voto. Os campeões do desinteresse parecem ser os tchecos. Segundo a pesquisa do Gallup, apenas 20% darão seu voto.

Nos dez novos países-membros da União Européia, apenas 20% dos eleitores deram como certa a sua intenção de comparecer às urnas. A Alemanha ocupa um lugar médio na lista, com cerca de 42% de intenção de voto. Há cinco anos, a participação foi um pouco maior – de 45%.

Temas nacionais

Os temas da política européia – por exemplo, a nova Constituição – representam um papel apenas secundário da decisão dos eleitores de comparecer ou não às seções eleitorais. Mais de 70% das pessoas que pretendem votar citaram principalmente motivos ligados a seus próprios países, como a luta contra o desemprego ou o combate ao terrorismo.

Inúmeros partidos oposicionistas nos 25 países-membros da UE conclamaram os eleitores a uma votação de protesto contra seus próprios governos, através do voto para o Parlamento Europeu. É o que ocorre também na Alemanha: a oposição democrata-cristã da CDU-CSU conclamou os eleitores a que "mostrem o cartão vermelho" ao governo de Berlim, nas eleições para o Parlamento Europeu.

Poder inalterado

Para os que não pretendem votar, o argumento mais corrente é o de que não se pode mudar nada, dando seu voto a um dos futuros 732 deputados. E isso é até mesmo confirmado pelo cientista político Oskar Niedermayer, da Universidade Livre de Berlim. Segundo ele, é um fato que a composição do Parlamento Europeu, qualquer que seja, não altera em nada as relações de poder em Bruxelas. O Parlamento de Estrasburgo não pode nem constituir um governo, nem exercer um controle efetivo dos trabalhos da Comissão Européia.

Na pesquisa do Gallup, muitos eleitores queixaram-se da falta de informações sobre a União Européia. Apenas 37% das pessoas indagadas foram capazes de citar a data correta da eleição européia em seu país. E somente cerca de 40% tinham consciência de que a UE é formada por 25 países-membros desde o dia 1º de maio último. Mas 77% consideram positiva a participação dos seus países na União Européia.

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