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O desafio chinês de crescer sem poluir

Maximiliane Koschyk (ca)1 de dezembro de 2015

Abertura da COP21 comprova que a China, líder mundial em emissões, está aos poucos mudando de postura e buscando energias mais limpas. Desaceleração econômica, porém, pode ser obstáculo para as metas climáticas globais.

Usina de carvão na China: fonte é um dos maiores fatores por trás da poluição ambientalFoto: picture-alliance/dpa

A ascensão da China de um país em desenvolvimento para uma superpotência global em apenas meio século tem fascinado o mundo. Mas o progresso tem um preço: o gigante da economia asiática lidera o ranking global de emissões de gases poluentes.

O crescimento econômico da China é o resultado de sua rápida expansão industrial. Em 2011, ultrapassou os EUA como o país de maior consumo de energia. Em 2012, mais de dois terços da energia chinesa foram direcionados para o setor industrial. As autoridades chinesas argumentam que ainda têm de recuperar o tempo perdido em relação ao Ocidente em termos de industrialização; assim, eles não poderiam reduzir drasticamente as emissões – pelo menos por enquanto.

Mas parece haver uma mudança de atitude em Pequim. Pouco antes do início da Conferência do Clima em Paris (COP21), a China anunciou estar planejando rever a sua política energética. Numa versão preliminar do 13° "plano quinquenal", publicado no início de outubro, o governo apresentou propostas para energia limpa e proteção ambiental. Uma versão detalhada do documento será divulgada no próximo ano.

Na abertura da COP21, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, se comprometeram a trabalhar juntos para impulsionar um acordo para combater as mudanças climáticas.

O problema central

A dependência da China de carvão para gerar energia é um dos maiores fatores por trás da poluição ambiental. Desde a década de 1980, o país vem consumindo ao menos metade do carvão produzido no mundo – a maior parte para uso industrial.

Igualmente elevadas são as emissões de gases estufa da China. De acordo com um estudo de pesquisadores da Universidade de Harvard, o país emite tanto CO2 quanto a União Europeia e os EUA juntos. As partículas de dióxido de carbono que emergem das instalações industriais e dos fornos prejudicam o meio ambiente e aceleram o aquecimento global.

Além disso, a poluição ocasionada pelo tráfego de veículos enche de smog cidades como Xangai, Chongqing e Pequim. Nesta terça-feira, o governo ordenou o fechamento de 2.100 fábricas e pediu à população para que não saia às ruas devido ao agravamento da poluição, que na capital registra valores 24 vezes acima do que é considerado seguro para a saúde.

Usina de Três Gargantas é a maior hidrelétrica do mundoFoto: AFP/Getty Images

Ao longo da última década, o consumo de carvão da China tem crescido a uma taxa anual de 10%. No ano passado, no entanto, ele diminuiu em quase três pontos percentuais. Para 2015, o governo espera uma nova redução. De acordo com especialistas da London School of Economics, o consumo de carvão da China vai vivenciar uma drástica queda – mas somente após 2020.

Energia renovável

É provável que a China avance finalmente rumo a fontes renováveis de energia, e já há sinais positivos disso. Pequim está gastando a soma recorde de 89 bilhões de dólares em projetos relacionados com energias renováveis.

A energia hidrelétrica pode também ser a fonte renovável para a China. Quase um quinto da eletricidade do país vem hoje desse meio. Três Gargantas, na província de Hubei, é a maior usina hidrelétrica do mundo, mas também uma das instalações mais controversas do planeta. Por volta de 1,3 milhão de pessoas foram forçosamente realocadas durante a sua construção. Além disso, o reservatório está poluído com resíduos industriais.

Com a ajuda do vento, a China pode produzir ainda mais energia elétrica do que gera por meio de usinas nucleares. O país vai construir um projeto de energia eólica – o maior parque eólico do mundo – ao norte da província de Gansu.

Turbulências econômicas como obstáculo

No entanto, especialistas do Instituto Mercator de Estudos sobre a China veem a atual desaceleração da economia chinesa como um revés para as metas climáticas do país.

"A crise econômica significa que a China não será capaz de reduzir as emissões de CO2", escreveram em estudo os pesquisadores Jost Wübbeke e Björn Conrad. "Depende de como será gerado o futuro crescimento."

Ao mesmo tempo, Wübbeke e Conrad dizem acreditar que a China pode impulsionar o seu crescimento por meio de uma reestruturação econômica, mantendo sob controle as emissões de CO2. Mas isso não pode acontecer nos próximos anos, explicam, enquanto a China tem de fazer um monte de dever de casa "para prestar uma contribuição significativa com vista à prevenção das perigosas mudanças climáticas."

O Climate Action Tracker, organismo que abrange diversos centros de investigação e que analisa as emissões e compromissos dos países, classificou o esforço chinês como "médio". Os analistas apontam que as propostas chinesas para a proteção climática, que foram apresentadas na Conferência do Clima em Paris, não são suficientes para limitar o aquecimento global abaixo dos 2°C.

Como alternativa, eles sugerem que o país estabeleça metas maiores e se concentre em remodelar a sua indústria energética o mais rapidamente possível.

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