Sem muitas opções no país que é o sexto maior consumidor de carne do mundo, adeptos da filosofia vegana precisam batalhar para encontrar alimentos que não tenham origem animal. Repórter faz experimento de uma semana.
Anúncio
O veganismo é um estilo de vida que busca eliminar, na medida do possível e praticável, todas as formas de crueldade e exploração contra os animais. Quando fui desafiada pela DW Brasil a adotar uma dieta vegana durante uma semana no Rio de Janeiro, achei que seria simples. Mesmo em um país conhecido mundo afora por suas churrascarias rodízio e pela tradicional feijoada, bastaria não comer carne e suprir as necessidades de proteína através de grãos como soja, feijão, lentilha e grão de bico. Restaurantes de comida a quilo, encontrados em qualquer cidade brasileira, eram minha principal aposta para sobreviver com dignidade ao experimento. Mas eu estava errada. A tarefa se mostrou desafiadora e, muitas vezes, frustrante.
Foi preciso estabelecer limites. Eu sabia que, para uma alimentação 100% vegana, teria de substituir toda a despensa de casa e até produtos de higiene e beleza, que precisariam da certificação de que não foram testados em animais. Mas, como mudanças profundas devem ser feitas aos poucos, o combinado era deixar de lado o radicalismo e focar na alimentação, sobretudo fora de casa, registrando os obstáculos enfrentados pela comunidade vegana.
O Brasil é o sexto maior consumidor de carne do mundo. A cada ano, o brasileiro consome 78 quilos de carnes bovina, suína, ovina e aves, indica o relatório "Perspectivas Agrícolas 2015-2024", elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Escolhi um restaurante a quilo no centro da cidade para meu primeiro almoço vegano. Depois de observar bem o bufê e perguntar ao gerente se não havia carne no feijão, caprichei no prato: arroz integral, feijão preto, folhas e legumes variados, além de rodelas de uma convidativa berinjela assada com especiarias. Tinha certeza de que o jogo estava ganho até a primeira mordida nas berinjelas: lá estavam, escondidos sob o molho de tomate e as rodelas, pequenos cubinhos de presunto. A paixão nacional pela carne logo ficou clara: ela se esconde sorrateiramente, em diversas formas, nos mais variados pratos. Separei o presunto e não comi. Mas falhei na missão.
Confusão conceitual: "Ah, mas frango não é carne, moça!"
No dia seguinte, em outro restaurante, perguntei se havia opções veganas. Nada. Escolhi para o almoço um macarrão integral com molho de tomate sem graça - e sem queijo, claro. Desafio vencido, mas tive uma alimentação pobre em nutrientes que me deixou com fome – e mal-humorada – a tarde toda. No terceiro dia, enfrentei o desafio social: um happy hour com amigos. Depois de ter me alimentado corretamente no almoço, à noite, no bar, meus companheiros devoravam generosas poções de bolinhos de bacalhau. Perguntei se havia alguma opção vegana de petisco, além de gordurosas batatas fritas. A resposta foi, no mínimo, curiosa. "Olha, tem pastel de frango e de queijo", disse o prestativo garçom.
Mas como assim, frango e queijo? "Ah, moça, frango não é carne!", retrucou o garçom, convicto. Descobri, então, que uma grande confusão conceitual impera por aqui: para a maioria dos brasileiros, vegetariano e vegano são a mesma coisa. E "carne" significa apenas carne bovina. Peixes e frangos não entram nessa categoria, segundo o entendimento popular. A trapalhada se repetiu outras vezes.
Quem come o quê?
Vegetariano, flexitariano, vegano, freegano: por motivos econômicos, políticos, ambientais ou de saúde, a diversidade alimentar aumentou nos últimos anos. Conheça as diferentes categorias de dieta.
Foto: ferretcloud/Fotolia
Onívoro
Aqui estão incluídos aqueles que comem de tudo, seja de origem vegetal ou animal. Os números indicam que essa parcela da população está diminuindo, já que o consumo de carne vem caindo nos últimos anos. E depois do recente alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a ingestão de carne processada pode causar câncer, muitos afirmam que vão passar a comer menos do produto.
Foto: HLPhoto/Fotolia.com
Vegetariano
É aquele que come apenas alimentos de origem vegetal, embora possa consumir produtos originários de animais vivos, como laticínios e ovos. O vegetariano não come nenhum tipo de carne, peixe ou frutos do mar. Mundialmente, seu número pode chegar a um bilhão de pessoas, dos quais mais de 200 milhões são indianos. No Brasil, cerca de 8% da população se define como vegetariana, segundo o Ibope.
Foto: Colourbox
Ovolactovegetariano
Há diferentes categorias de vegetarianos. O ovolactovegetariano, além de frutas, verduras, legumes e cereais, admite em sua dieta também leite e ovos. Esse é o tipo de vegetarianismo mais comum.
Foto: Fotolia/BK
Lactovegetariano
Além de não consumir nenhum tipo de carne, a alimentação dos lactovegetarianos também exclui os ovos. Sua dieta consiste de leite e seus subprodutos, como iogurte ou sorvetes, além é claro, de vegetais.
Ovovegetariano
Os ovovegetarianos, por sua vez, não tomam leite nem consomem nenhum tipo de laticínio, mas incluem os ovos em sua dieta. Preocupações ambientais ou motivos de saúde, como a intolerância à lactose, podem ser razões para esse tipo de regime vegetariano.
Foto: Colourbox
Vegetariano estrito
Diferente do vegetariano comum, que não come nada que implique tirar a vida de um animal, mas consome produtos originários de animais vivos (como leite, ovos e mel), o vegetariano estrito não consome nenhum tipo de carne, laticínios ou ovos. Essa categoria se confunde, às vezes, com o veganismo, que se trata antes de uma postura ética.
Foto: Colourbox/PetraD.
Vegano
O veganismo não é somente de uma forma de alimentação, mas também uma atitude ética. Além de não se alimentar de absolutamente nenhum produto de origem animal, os veganos também não usam sapatos de couro ou roupa de seda ou lã, por exemplo. Não há dados específicos sobre o veganismo no Brasil. Na Alemanha, onde a filosofia tem forte adesão, estima-se que existam cerca de 900 mil veganos.
Foto: picture-alliance/dpa
Pescovegetariano
Os pescovegetarianos são considerados semivegetarianos. Eles não comem carne vermelha nem frango, mas se permitem consumir peixes e frutos do mar. Eles também se alimentam de leite, ovos e mel. Outra variação do regime semivegetariano inclui ainda aqueles que dispensam apenas a carne vermelha, mas comem frango.
Foto: picture-alliance/chromorange
Crudívoro
Basicamente, a alimentação daqueles que preferem alimentos crus está aberta a qualquer tipo de dieta, apesar de a maioria dos crudívoros serem veganos. Nessa dieta, os alimentos não devem ser aquecidos a mais de 40°C e devem estar crus, preservando assim proteínas e enzimas. Também produtos derivados do aquecimento de alimentos, como geleias, por exemplo, ficam fora da alimentação dos crudívoros.
Foto: PhotoSG - Fotolia
Frugívoro
Os adeptos dessa dieta vão além dos veganos e comem apenas vegetais cuja aquisição não danifica as plantas. Isso inclui principalmente frutas caídas, nozes e sementes, mas também frutos colhidos sem lesar o vegetal, como tomates e abóboras ou feijão e ervilhas. Os médicos advertem, porém, que qualquer tipo de restrição alimentar pode levar à deficiência nutricional, se feita de maneira inadequada.
Foto: Colourbox
Flexitariano
Na maior parte do tempo, o flexitariano se confunde com o vegetariano. Mas, em vez da proteção dos animais, o que importa para ele é se alimentar de forma saudável. Desde que seja de origem orgânica, um pedaço de carne, peixe ou frango pode fazer parte, de vez em quando, da sua dieta. Mais de 40 milhões de alemães são adeptos dessa alimentação naturalista.
Foto: picture-alliance / Paul Mayall
Freegano
O freeganismo é uma postura política de vida. Seus adeptos se recusam a comprar qualquer tipo de alimento, comendo aquilo que conseguem de graça ou que encontram no lixo de supermercados e restaurantes. Muitos deles são vegetarianos, mas não têm objeções a comer produtos animais jogados fora. Os freeganos querem chamar a atenção para o desperdício, para o supérfluo e para a fome no mundo.
Foto: DW/J. Delcker
12 fotos1 | 12
Faminta, sucumbi a um único pastel, de queijo. E falhei de novo. Já estava perdendo por 2 x 0 e não estava nem na metade da empreitada. Comecei a temer que meu experimento seria derrota por goleada, tão sofrida quanto o lendário 7 x 1 da Alemanha na Copa do ano passado.
Eu precisava virar o jogo. Fui atrás de apoio na internet. Além de sites de receitas, encontrei diversas comunidades sobre veganismo no Facebook. Encontrei, entre outras, o "Veganismo Popular", com mais de 10 mil integrantes. A ideia é dividir experiências e compartilhar receitas simples, veganas e, principalmente, baratas. Ali, produtos caros de marcas industrializadas especializadas, como queijos e leites vegetais, não entram.
A ordem é botar a mão na massa com simplicidade, explicou uma das moderadoras, a psicóloga mineira Roberta Rodrigues, de 28 anos. Ela abraçou o vegetarianismo aos 16 anos de idade, mas ainda consumia leite, derivados e ovos. Este ano, quando soube de um grave acidente envolvendo uma carreta que levava porcos numa rodovia paulista, revoltou-se. O caso expôs a crueldade com que os animais eram transportados. E, sensibilizada, decidiu ir além e virar vegana em respeito aos bichos.
"As pessoas acham que é dificílimo, caríssimo. Não é. Na comunidade ficou provado que é possível comer bem, gastando pouco. O que existe é um pouco de acomodação, porque é fácil consumir proteína animal sem fazer esforço. É fácil colocar um queijo no pão e comer. Como vegana, pensamos mais na qualidade da alimentação e no sofrimento dos bichos. Comecei a estudar a ideologia. Mas não foi da noite para o dia. Não gosto de radicalismo. Cada pessoa tem seu tempo", conta Roberta, que prepara em casa todos os dias seu almoço.
Eu marmito, tu marmitas, ele marmita
A entrevista foi um alento. Senti-me menos derrotada. Ela relatou os mesmos problemas de incompreensão nos restaurantes de Minas Gerais. Quando vai a festas ou é convidada para churrascos – evento social onipresente na vida do brasileiro –, leva a própria marmita de casa.
"Às vezes, os amigos querem fazer um agrado e preparam alguma coisa. Mas aí, de repente, tem maionese! Preciso explicar que não como maionese porque contém ovo. Agradeço e recuso. As pessoas começam a questionar. É revolucionário, porque surge o debate. O papo de uma noite inteira pode girar em torno da ideologia vegana. Acabamos plantando uma sementinha na cabeça das pessoas. Mas sem doutrinação", diz ela.
Roberta deu, ainda, algumas dicas importantes. Uma delas é sempre prestar atenção nos rótulos dos produtos industrializados para saber se há algum traço de sustância animal na composição. E revelou outro truque: a batata palha é uma grande amiga dos veganos.
"Dá uma crocância, um toque 'ogro'' ao prato. Não me considero natureba, gosto de junk food, mas aprendi que posso comer hambúrguer e tudo o que gosto sendo vegana", garante.
Um mercado que ainda engatinha
Alimento e mito: o que realmente faz bem ou mal?
Saúde é também um pouco como moda. Vinho faz bem, colesterol mata, manteiga ou margarina? Saiba o que é bom ou não para sua saúde – hoje. Pois talvez amanhã o contrário seja verdade...
Foto: picture-alliance/dpa/T. Hase
Pense bem antes de comer biscoito de canela
Sim, a canela pode ser prejudicial. Um dos seus ingredientes – a cumarina – pode causar danos no fígado e nos rins. Mas isso não é motivo de grande preocupação, porque, por outro lado, há uma longa lista de alimentos que podem ajudar a evitar doenças. Pelo menos, é o que se pensa até hoje - porque a opinião de nutricionistas pode mudar rapidamente.
Foto: picture-alliance/dpa
Veneno ou antídoto?
"Causa câncer" ou "faz mal para os nervos" são algumas das frases que se costuma ouvir sobre o café. Porém, pesquisadores dizem que o café, na verdade, não é tão ruim assim quanto a reputação que carrega. E pode até diminuir o risco de câncer. Debate à parte, convém consumir com moderação.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Hase
Uma taça de vinho por dia
Álcool faz mal para a saúde, mas o vinho tinto contém moléculas benéficas, como o resveratrol e antocianinas. E agora? Beber ou não? Estudos epidemiológicos realizados durante anos sugerem que uma taça por dia é benéfica para as mulheres, enquanto para os homens, duas. Depois, as estatísticas mostraram que, nos EUA, aqueles que não bebem morrem mais cedo do que quem bebe com moderação.
Foto: Beboy/Fotolia
Velha rixa: manteiga x margarina
Anos atrás, a recomendação era evitar manteiga e comer apenas margarina. Ela contém menos ácidos graxos saturados do que a manteiga derivada do leite. Mas agora se alerta que a margarina é um produto artificial, inventado pela indústria de alimentos, portanto cheio de aditivos químicos.
Foto: picture-alliance/dpa
Vilão injustiçado
Quando alguém morria de doenças cardíacas ou de AVC, o culpado era o colesterol. Como ele entope os vasos sanguíneos, os médicos aconselhavam evitá-lo a qualquer custo. Alimentos como ovos, queijo e carne eram considerados especialmente perigosos. A verdade, porém, é que o corpo precisa de um pouco de colesterol, e até o produz. Mesmo assim, é importante não exagerar.
Foto: picture-alliance/dpa
Vitaminas congeladas
Muitos evitam comer legumes e verduras congelados, acreditando que eles tenham menos vitaminas do que os frescos. No entanto, vegetais congelados contêm mais nutrientes por serem processados diretamente após a colheita, em vez de ficar dias nas prateleiras dos supermercados, esperando para ser comprados.
Foto: PhotoSG - Fotolia
Peixe todo-poderoso
Há alguns anos, dizia-se que os ácidos graxos ômega-3 poderiam prevenir doenças como câncer, problemas cardiovasculares – e até mesmo déficit de atenção, hiperatividade e depressão. Os especialistas aconselhavam a ingestão diária de suplementos de ômega-3. De fato: esses ácidos graxos são importantes para algumas funções do corpo. Mas não trazem benefícios na maioria das doenças listadas.
Foto: Fotolia/joemakev
Excesso do que é bom também faz mal
Vitaminas são essenciais para o metabolismo. Então o que seria mais saudável do que tomar suplementos vitamínicos diariamente? Em especial de vitamina C, tida como proteção contra todos os tipos de doenças, inclusive resfriados. Só que até hoje nenhum estudo comprovou tais afirmativas. Na verdade, os suplementos vitamínicos podem até ser prejudiciais – pelo menos é o que se diz hoje em dia...
Foto: Fotolia
Beber sem ter sede?
A natureza é bem inteligente. Quando precisamos de água, temos sede. Mas alguém disse certa vez que se deve beber antes ter sede, pelo menos três litros por dia. A teoria talvez se baseie no fato de os idosos costumarem perder o senso de sede. Mas em condições normais, o corpo humano sabe muito bem avisar que está na hora de ingerir líquidos.
Foto: Fotolia/photo 5000
Bênção ou maldição do leite
O leite contém cálcio, que é bom para os ossos e o sistema imunológico. Isso é o que nos ensinaram. Mas um estudo sueco que vem sendo realizado há décadas sugere que quem bebe muito leite talvez morra mais cedo. Será que a responsável é a lactose? Ninguém sabe. Por enquanto, continue bebendo leite, mas com moderação.
Trigo: o novo vilão
Numerosos sites de nutrição alertam sobre os perigos do trigo, acusando-o de "inflamar o corpo, causar vazamento dos intestinos e desencadear doenças autoimunes". Certos médicos e autores dizem que trigo pode até causar calvície, alucinações e ideias suicidas. Apesar de não haver estudos que comprovem tais afirmativas, muitos têm abdicado do cereal que sustentava seus ancestrais.
Foto: Fotolia/st-fotograf
Nem tudo o que é orgânico é ouro
Se a comida normal contém química em excesso, como dizem, então a solução seriam os alimentos orgânicos, produzidos sem adubo químico ou substâncias "do mal". Porém estudos sugerem que os alimentos orgânicos não são mais ricos em nutrientes nem melhores do que os demais. São apenas mais caros.
Foto: picture-alliance/dpa
Equilíbrio é a chave
Independente do que digam todas as teorias e estudos, o estilo de vida realmente faz diferença. As estatísticas mostram claramente que fumar, beber demais e obesidade não são saudáveis, podendo até matar. Mas não se preocupe demais com os relatórios que louvam só um tipo de alimento ou outro. O que importa é o equilíbrio. Portanto, seja lá o que for, faça com moderação.
Foto: picture alliance/ZB
13 fotos1 | 13
Motivada, fui para a cozinha e aproveitei para testar receitas simples, como arroz e lentilhas cozidos juntos, ao estilo árabe, acompanhado de saladas variadas. Perdi algum tempo, mas nada que atrapalhasse minha rotina. Ficou gostoso, embora a aparência não tenha sido das melhores. Pensei em fotografar o resultado, mas ficou bem feio. Senti vergonha da minha total falta de intimidade com as panelas, confesso.
Nos supermercados, em busca de opções veganas, me deparei com poucos produtos. Caros. Muito caros. Isso acontece porque o mercado está apenas despertando para o surgimento deste público, explica o presidente da Associação Vegetariana Brasileira (SVB), Ricardo Laurino. Há 25 anos, ele parou de consumir carnes e, há 12, tornou-se vegano, com a adoção da alimentação vegetariana estrita, sem nenhum derivado de origem animal.
"Existe uma demanda crescente para este mercado e leva um tempo até que as empresas se deem conta da necessidade de investir em produtos para o público vegano. Desde meados de 2013, quando houve um episódio grave de violência animal no Brasil, com uma empresa que fazia testes em cães da raça Beagle em São Paulo, vemos um despertar maior para o veganismo. Uns chegam preocupados com a própria saúde, outros querem agir com mais compaixão frente aos animais e se relacionar melhor com o planeta", assegura Laurino.
IBGE: 16 milhões de brasileiros se dizem vegetarianos
Segundo o censo do IBGE, 8% da população se consideram vegetarianos, o que significaria cerca de 16 milhões de pessoas no Brasil. É impossível saber, porém, que tipo de vegetarianismo elas praticam. Ou quantos são veganos. Mas, segundo Laurino, campanhas como o "Desafio 21 Dias sem Carne" têm chamado a atenção. Lançado pela SVB nas redes sociais, a iniciativa já tem 20 mil inscritos em apenas um mês. Qualquer um pode participar e receber por e-mail, diariamente, dicas e receitas para uma alimentação vegetariana e até vegana.
"Há muita informação. Quando se adota uma alimentação vegana, presta-se mais atenção ao valor da nutrição e não ao fato de comer. Se a pessoa souber cozinhar, vai ser melhor. Mas, se for comer fora, a base para qualquer prato vegano é arroz integral, feijão, lentilha e grão de bico. Depois vai-se modelando com outros legumes, outros vegetais, fazendo o prato mais bonito", diz Laurino.
Dei outra bola fora no penúltimo dia, quando encontrei um pouco de frango desfiado numa singela salada de quinoa – que o gerente tinha me garantido ser "vegana". Entre erros e acertos, passei a observar mais o que coloco no prato e perguntar tudo. Mas ainda era preciso encerrar a experiência em grande estilo.
Fui a um restaurante vegano onde comi a mais deliciosa feijoada da minha vida - e sem nenhuma carne. Em vez dos cortes suínos, havia tofu, salsichas veganas e legumes bem temperados. O único porém foi o preço salgado: gastei R$ 30 com a comilança. Realmente, é mais barato enfrentar as panelas em casa. E já que estamos preservando os animais, para mergulhar no veganismo basta apenas deixar de lado o mais importante deles: o bicho-preguiça.
Dez regras dos restaurantes na Alemanha
Da leitura conjunta do cardápio à Coca-Cola sem gelo e às gorjetas no banheiro. Confira dez particularidades que você deve conhecer antes de ir a um restaurante alemão.
Foto: karuka/Fotolia
Sente-se com desconhecidos
Nos restaurantes alemães, você provavelmente não será recebido por um funcionário sorridente, que segura um cardápio à porta. O lado bom disso é que é possível escolher a própria mesa. Em pequenos cafés, sentar-se com desconhecidos é comum, portanto, não fique surpreso se um estranho se juntar à sua mesa, especialmente se você estiver sentado sozinho.
Foto: Fotolia/Maksym Gorpenyuk
Divida o cardápio
Já que não há "escolta" até a mesa, pode também não haver ninguém para trazer um cardápio. Normalmente, há um ou dois sobre a mesa, e, quase sempre, há menos cardápios do que cadeiras. Portanto, se você for jantar com amigos, é bem possível que seja necessário ler as opções em conjunto.
Foto: Fotolia/Tatyana Gladskih
Não espere atendimento personalizado
Não pense que um atendente irá parar ao lado da mesa assim que você se sentar. Talvez seja necessário, primeiramente, dar uma boa olhada em volta até que haja contato visual suficiente para que você possa fazer o pedido. Geralmente, não há um funcionário específico para cada mesa.
Foto: Fotolia/Sergej Khackimullin
Não vá com sede
Não há bebida de graça nos restaurantes alemães. Ao contrário de estabelecimentos em outros lugares do mundo, é preciso pagar até mesmo por água, com ou sem gás. E fique atento: a água custa pelo menos o mesmo que uma cerveja.
Foto: mdxphoto - Fotolia.com
Pense antes de tocar
Em muitos restaurantes, pão acompanha a refeição, mas a cesta não é reposta depois de esvaziada. No sul da Alemanha, pretzels e vários tipos de pães costumam ser dispostos sobre as mesas, mas cuidado: o garçom costuma contar exatamente o quanto foi consumido. Por isso, uma inocente mordida poderá aumentar a conta.
Foto: cmfotoworks/Fotolia
Aprenda a língua do garfo
Se a refeição foi finalizada há meia hora, mas o prato continua sobre a mesa, é provável que você não fale a "língua do garfo". Colocar os talheres na posição 3 ou 4 horas (pense nos ponteiros do relógio) significa que você está satisfeito. Também é um sinal de que seus companheiros de mesa podem roubar o que sobrou no seu prato.
Foto: Fotolia/Africa Studio
Não espere gelo na bebida
Cubos de gelo são uma raridade, mesmo para bebidas como Coca-Cola ou Sprite. De acordo com a sabedoria popular, não é saudável consumir líquidos não alcoólicos com temperatura abaixo da ambiente. Enquanto Coca, água com gás, sucos e outras bebidas são servidas mornas, pode ter certeza de que a cerveja estará na temperatura correta — ao menos para o gosto dos alemães e sem cubos de gelo, é claro.
Foto: Fotolia/photogoodwin
Leve moedas ao banheiro
Depois de tomar Coca-Cola quente, é muito provável que você precise ir ao banheiro. Não fique surpreso ao ver uma pessoa vestindo um jaleco branco perto de um prato cheio de moedas. Ela está lá para limpar o banheiro e, por isso, espera uma pequena gorjeta, independentemente de quanto custou a comida. Não se esqueça de colocar uma moeda de 50 centavos no bolso antes de deixar a mesa.
Foto: picture-alliance/dpa
Prepare-se para dar sua opinião
Os garçons alemães são treinados para perguntar sobre a satisfação do cliente quando tiram a mesa. Pode parecer não muito prático, uma vez que o jantar já terminou e nada mais pode ser feito para melhorá-lo. A resposta correta para "estava tudo em ordem?" é "bom". Se você responder "horrível", esteja preparado para receber um mero e educado aceno com a cabeça em troca.
Foto: picture-alliance/dpa
Cuidado com as gorjetas
Num país estrangeiro, a hora da gorjeta pode levar turistas a cometer gafes. Na Alemanha, a conta geralmente é arredondada. Destinar 5% a 10% do valor total é praticamente uma regra. Por uma refeição que custa 36,40 euros, é normal pagar 38 euros, caso você esteja satisfeito com a comida e o serviço, 39, se você precisar de um euro para o banheiro, ou 40, se você não quiser carregar o troco.