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CatástrofeSíria

O destino da bebê nascida em escombros do terremoto na Síria

10 de fevereiro de 2023

Salva das ruínas ainda presa à mãe por cordão umbilical, Aya é amamentada por esposa de diretor de hospital após perder pais e irmãos na catástrofe. Tio-avô quer acolhê-la. Médico diz que decisão cabe às autoridades.

Bebê recém-nascido em balança de hospital
Ainda internada em hospital, Aya melhora a cada diaFoto: Anas Alkharboutli/dpa/picture alliance

A bebê que nasceu sob escombros após o devastador terremoto na Síria está, por enquanto, sob os cuidados do médico responsável pelo seu tratamento.

"Minha esposa está amamentando a pequena Aya", disse nesta sexta-feira (10/02) Khalid Attiah, diretor do hospital infantil da cidade de Afrin, na região de Aleppo, na Síria, em entrevista à agência de notícias alemã DPA. "Minha prioridade, por enquanto, é que ela fique bem."

Ele diz que ainda não foi decidido com quem a menina vai ficar e que houve pedidos de parentes distantes, mas que não há nada de concreto ainda. "A decisão cabe às autoridades", informa.

A agência de notícias AP noticiou que Salah al-Badran, tio do pai da criança, está decidido a acolher a menina assim que ela deixar o hospital. Mas sua própria casa foi destruída pelo terremoto. Ele e a família de 11 pessoas estão agora vivendo em uma tenda.

A bebê perdeu a maior parte de sua família mais próxima, segundo Attiah, que tem, ele próprio, uma filha de quatro meses e um filho de três anos.

Nascimento sob escombros

Equipes de resgate em Jenderis descobriram Aya na tarde de segunda-feira, mais de 10 horas após o terremoto, enquanto cavavam os destroços do prédio de cinco andares onde sua família vivia.

Escondida sob o concreto, a bebê ainda estava conectada pelo cordão umbilical à mãe, Afraa Abu Hadiya, que estava morta, junto com o marido e mais quatro filhos. A bebê foi levada às pressas para um hospital na cidade vizinha de Afrin.

"Abu Hadiya provavelmente deu à luz a menina e depois morreu algumas horas antes de serem descobertos", disse o médico Hani Maarouf, do hospital Cihan, em Afrin. "Nós a chamamos de Aya para que pudéssemos parar de chamá-la apenas de recém-nascida'', acrescentou.

A condição da menina melhora a cada dia, e não houve danos à sua coluna, como inicialmente se temia, segundo o especialista.

A família morava no vilarejo de Jenderis, próximo à fronteira com a Turquia e duramente atingido pelo terremoto de segunda-feira. A família havia anteriormente se deslocado da província síria de Dair al-Saur, no leste.

O homem que salvou a bebê cortou o cordão umbilical com uma faca e finalmente tirou a criança dos escombros. Um vizinho a teria levado para o hospital em Afrin.

Famílias inteiras morreram, cifra de órfãos é desconhecida

Aya é apenas uma dos muitos órfãos deixados pelo terremoto de magnitude 7,8 desta segunda-feira, que matou mais de 20 mil pessoas no norte Síria e no sudeste da Turquia. O sismo, ocorrido pouco antes do amanhecer, derrubou milhares de prédios de apartamentos, que despencaram sobre moradores no momento em que eles despertavam do sono, matando famílias inteiras.

Médicos afirmam que na maioria dos casos, as crianças órfãs são acolhidas por parentes. Entretanto, mesmo muitos desses parentes também agora estão lidando com o destroços de suas próprias vidas e famílias. Especialistas afirmam ainda ser cedo para dizer quantas crianças perderam seus pais.

Em um hospital no noroeste da Síria, uma menina de 7 anos, Jana al-Abdo, pergunta repetidamente onde seus pais estão depois de ter sido trazida ao local, afirma o médico Khalil Alsfouk, responsável pelo tratamento da garota. "Nós mais tarde descobrimos que ela é a única da família que sobreviveu'', disse ele nesta quinta-feira.

md/lf (DPA, AP)

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