O ponto forte é a defesa, o fraco é o ataque. A marca: a diversidade cultural, que já gerou até crise interna e acabou fortalecendo a equipe. O que esperar dos adversários do Brasil na estreia na Copa do Mundo?
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Os pontos fortes
A seleção da Suíça é extremamente organizada no retorno defensivo. O novo xerife da defesa, o jovem zagueiro Manuel Akaji, do Borussia Dortmund, é uma das maiores promessas da equipe. Recentemente, mesmo adversários de destaque como Portugal e Espanha tiveram dificuldade em encontrar meios de furar o ferrolho suíço. Nos últimos seis jogos, a Suíça sofreu apenas um gol – empate em 1 a 1 com a Espanha. Desde a Eurocopa de 2016 na França, a Suíça sofreu menos de 0,5 gol por jogo – uma média excelente.
Em geral, a seleção suíça é muito bem coordenada, os mecanismos funcionam e os jogadores se conhecem. O time titular na partida contra o Brasil será praticamente o mesmo que na estreia na Eurocopa de 2016 contra a Albânia – exceção feita a uma ou duas posições. O treinador Vladimir Petkovic aposta na calma, confiança e estabilidade – e com sucesso.
Nas Eliminatórias para o Mundial na Rússia, a Suíça perdeu apenas na visita a Portugal, e venceu todas as outras nove partidas. Apesar de ter conquistado os mesmos 27 pontos que Portugal, teve que encarar a Irlanda do Norte na repescagem.
As fraquezas
O setor problemático da seleção suíça é claramente o ofensivo. Todos os candidatos para a única posição no comando de ataque tiveram uma temporada difícil. O supertalento Breel Embolo, do Schalke 04, esteve lesionado por um longo período e agora busca recuperar a boa forma – o mesmo vale para Josip Drmic, do Borussia Mönchengladbach.
Haris Seferovic mal jogou pelo Benfica recentemente. E Mario Gavranovic até marcou muitos gols, mas na tecnicamente fraca liga croata pelo Dinamo Zagreb. Falta à Suíça um centroavante matador do calibre dos ex-jogadores da Bundesliga Stéphane Chapuisat ou Alexander Frei.
Mas também há dúvidas no meio-campo ofensivo. O criado Blerim Dzemaili, que atua pelo Bologna, tem a confiança do treinador Petkovic, mas ultimamente tem tido atuações moderadas pela seleção. E Xherdan Shaqiri, o mais famoso jogador suíço e que leva o apelido de "brasileiro dos Alpes", tem conseguido inspirar a equipe apenas raramente. Além de um artilheiro, a equipe precisa também de jogadores rápidos e habilidosos nas extremidades.
A estrela
Muitos conhecedores apontam para Shaqiri, que jogou pelo Bayern de Munique e pela Inter de Milão e, atualmente, defende as cores do Stoke City, como o craque do time. Mas a verdadeira estrela da seleção suíça é Granit Xhaka. O meia defensivo é quem dita o ritmo, impulsiona, cria e comanda o jogo suíço. Ele sempre está desmarcado para receber a bola, inicia investidas ofensivas com seus excelentes passes e tem a qualidade para efetuar lançamentos longos e precisos.
Desde a Eurocopa de 2016, a Suíça registrou mais posse de bola do que seus adversários em mais de 90% dos jogos, e Xhaka é responsável por isso. Com a transferência do Borussia Mönchengladbach ao Arsenal por aproximadamente 45 milhões de euros, ele é o jogador suíço mais caro da história. Xhaka é o único que se encontra no limiar do mais alto escalão internacional.
Ninguém deu mais passes do que Xhaka na última temporada da Premier League. Na Eurocopa de 2016, apenas o meia alemão Toni Kroos o superou. De certa forma, Xhaka representa a esperança da Suíça de finalmente ter uma estrela mundial também no futebol – assim como Roger Federer, no tênis, como Dario Cologna, no esqui cross-country, como Simon Ammann, no salto de esqui, entre outros tantos esquiadores.
O treinador
Petkovic, de 54 anos, teve um começo difícil como técnico da seleção suíça no segundo semestre de 2014. Ele herdou o trabalho do aparentemente insuperável Ottmar Hitzfeld, que treinou com bastante sucesso os clubes alemães Borussia Dortmund e Bayern de Munique. O treinador nascido em Sarajevo perdeu os dois primeiros jogos e encontrava dificuldades em se comunicar.
E seu retrospecto como treinador do Young Boys e da Lazio era modesto demais para resultar numa aceitação imediata. Porém, durante a qualificação para a Eurocopa de 2016, Petkovic se soltou, tornou-se mais aberto e corajoso. O ex-assistente social da organização Caritas uniu uma equipe que tem jogadores com diferentes raízes, culturas, idiomas e mentalidades.
E, no final das contas, Petkovic levou a Suíça a jogar um futebol mais vistoso do que Hitzfeld, o que fortaleceu sua posição. Posse de bola, com coragem e sem negligenciar o ataque – esse é o credo de Petkovic.
Uma história especial
Na segunda metade de 2015, a seleção suíça passou pela sua maior crise dos últimos anos – e sequer dizia respeito ao desempenho atlético. Na equipe predominava um clima pesado, que acabou tornado público. Um jornal descreveu a situação como "Balkangraben" (vala dos Bálcãs, em tradução literal), que simboliza a separação dos jogadores com raízes nos Bálcãs do resto.
O termo foi inspirado no "Röstigraben", expressão em alemão que descreve os ressentimentos entre as partes alemãs e francesas da Suíça. Houve também questões sobre a integração do crescente grupo de jogadores com raízes africanas, cuja maioria fala francês.
O treinador Petkovic, um croata bósnio com passaporte suíço, manteve muitas conversas, afastou o sobrecarregado capitão Gökhan Inler e estabeleceu uma nova hierarquia. E pouco antes da Eurocopa de 2016, a equipe efetivamente encaixou. Hoje, a seleção suíça representa o poder de integração que caracteriza o pequeno Estado alpino.
O prognóstico
A estreia será apertada, embora os brasileiros possuam significativamente mais qualidade técnica individual. Na sequência, a Suíça encerrará em segundo lugar no grupo atrás do Brasil. Nas oitavas de final, os suíços provavelmente terão de enfrentar a Alemanha e podem evoluir para se tornar a surpresa do torneio.
Provável escalação contra o Brasil:
Yann Sommer (Borussia Mönchengladbach); Stephan Lichtsteiner (Arsenal), Fabian Schär (La Coruña), Manuel Arkanji (Borussia Dortmund), Ricardo Rodríguez (Milan); Valon Behrami (Udinese), Granit Xhaka (Arsenal); Xherdan Shaqiri (Stoke City), Blerim Dzemaili (Bologna), Steven Zuber (Hoffenheim); Haris Seferovic (Benfica).
*Samuel Burgener tem 30 anos e é repórter de Esportes do Neue Zürcher Zeitung, o jornal mais renomado da Suíça. Na Copa do Mundo na Rússia, ele acompanha a seleção da Suíça de perto. Seu clube favorito é o Sion, por onde jogou Roberto Assis, o irmão de um certo Ronaldinho Gaúcho.
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15 jovens para ficar de olho na Copa 2018
O Mundial é o maior palco do futebol e, às vezes, promessas e atletas antes menos badalados despontam para o mundo – como um certo Pelé, em 1958. Confira 15 jogadores que podem chamar a atenção na Copa na Rússia.
Foto: AFP/Getty Images/P. Stollarz
Kylian Mbappé - França
Kylian Mbappé é o nome mais badalado e conhecido desta lista – e certamente já deixou de ser uma promessa. Mas vale lembrar que o atacante do Paris Saint-Germain terá apenas 19 anos durante a Copa do Mundo. Mbappé estreou pela Équipe Tricolore em março de 2017. Em 12 jogos, marcou três gols. Seu talento está avaliado em 120 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/abaca/C. Liewig
Gabriel Jesus - Brasil
Um dos quatro convocados para a Copa do Mundo que estrearam pela seleção brasileira sob o comando de Tite, Gabriel Jesus tem tido uma carreira meteórica. O atacante do Manchester City estourou no Palmeiras em 2016, conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio e está avaliado em 70 milhões de euros. Nas Eliminatórias, Gabriel Jesus balançou as redes sete vezes.
Foto: Reuters/L. Foeger
Marcus Rashford - Inglaterra
Principal revelação do futebol inglês em anos, Marcos Rashford conquistou seu espaço no Manchester United e na seleção da Inglaterra. Quando estourou em 2016, ainda conciliava a escola com o futebol. Com Jamie Vardy, Raheem Sterling e Danny Welbeck a concorrência é parelha. Rashford terá 21 anos de idade durante o Mundial e está avaliado em 50 milhões de euros.
Foto: picture alliance/Citypress 24
André Silva - Portugal
Companheiro de ataque de Cristiano Ronaldo na seleção portuguesa e nomeado pelo próprio craque do Real Madrid como seu herdeiro na Seleção das Quinas, André Silva terá apenas 22 anos durante a Copa do Mundo. Contratado a peso de ouro pelo Milan, ainda não conseguiu despontar. Mas pelas Eliminatórias, André Silva marcou nove gols e ficou atrás somente de Cristiano Ronaldo (14).
Foto: picture-alliance/Offside/S. Stacpoole
Rodrigo Bentancur - Uruguai
Rodrigo Bentancur tem todas as qualidades para se tornar um maestro do meio-campo. Apesar de medir 1,87 metros, o meia defensivo de 20 anos da Juventus tem muita mobilidade, passada larga e exibe elegância nos passes. Os seis últimos jogos da seleção uruguaia foram justamente os únicos de Betancur com a camisa da Celeste – em cinco foi titular.
Foto: imago/Imaginechina
Kelechi Iheanacho - Nigéria
Kelechi Iheanacho tem apenas 21 anos e já jogou duas temporadas de Liga dos Campeões, conquistou a Copa da Liga Inglesa pelo Manchester City e foi campeão mundial sub-17, em 2013, onde foi vice-artilheiro e esolhido melhor jogador do torneio.
Pela seleção principal da Nigéria, o atacante do Leicester City soma oito gols em 15 partidas.
Fique de olho, Tite! Que os jogadores dos Bálcãs são bastante técnicos, não é nenhum segredo. Andrija Zivkovic não é de fazer gols, mas sua velocidade e técnica apurada causam muita dor de cabeça aos laterais adversários. Ele atua tanto como meia avançado ou pelas extremidades. Pelo Benfica, o jovem de 21 anos adquiriu experiência internacional e agora sonha dar o grande salto.
Foto: imago/A. Djorovic
Sardar Azmoun - Irã
Levando em contas as estatísticas, Sardar Azmoun tem números de estrela do futebol: são 20 gols em 30 jogos pela seleção iraniana. No entanto, é bem verdade que o Irã não enfrentou potências mundiais nem nas Eliminatórios nem em amistosos. Por outro lado, o jovem atacante de 23 anos estará em casa no Mundial. Azmoun atua pelo clube russo Rubin Kazan, cidade onde o Irã enfrentará a Espanha.
Foto: AFP/Getty Images/J. Klamar
Giovani Lo Celso - Argentina
Giovani Lo Celso ainda não é titular na seleção da Argentina. Mas o talentoso meio-campista canhoto de 22 anos regularmente tem mostrado seu potencial pelo Paris Saint-Germain – participou de 47 jogos na temporada. Lo Celso ainda carece de constância, mas a Copa do Mundo pode ser o trampolim necessário para se tornar um astro do futebol mundial. Por ora, ele está avaliado em 20 milhões de euros.
Foto: Getty Images/L. Griffiths
Hwang Hee-chan - Coreia do Sul
O atacante sul-coreano Hwang Hee-chan despontou no cenário europeu ao levar o RB Salzburg à semifinal da Liga Europa e ao título austríaco. Em 37 partidas, marcou 13 gols e deu quatro assistências. Avaliado em apenas 7,5 milhões de euros, o jovem de 22 anos certamente será acompanhado por muitos olheiros na Copa do Mundo.
Foto: AFP/Getty Images/A. Iwanczuk
Piotr Zielinski - Polônia
Com 24 anos durante a Copa do Mundo, o meio-campista Piotr Zielinski é o mais velho desta lista e, possivelmente, não pode ser considerado uma promessa. Há duas temporadas no Napoli, o meia ambidestro é uma das peças fundamentais no sucesso recente do clube italiano e da seleção polonesa. Ele não é de marcar muitos gols, mas é responsável em dar estabilidade no meio-campo.
Foto: imago/East News
Hirving Lozano - México
O atacante mexicano Hirving Lozano atua pelo campeão holandês PSV Eindhoven. No Campeonato Holandês marcou 17 gols em 29 partidas – pela seleção do México são sete em 26 participações. Embora seja destro, Lozano prefere jogar pela extrema esquerda. Atualmente, o jovem de 22 anos está avaliado em 22 milhões de euros.
Foto: AFP/Getty Images/F. J. Brown
Ousmane Dembélé - França
O Barcelona desembolsou 115 milhões de euros para tirar o atacante francês Ousmane Dembelé do Borussia Dortmund. Em meio a lesões e atos de indisciplina, Dembélé ainda não fez jus ao valor, mas seu talento é inquestionável. Tudo indica que ele estará 100% fisicamente na Copa do Mundo, quando terá 21 anos de idade.
Foto: Getty Images/A. Alcalde
Marco Asensio - Espanha
No Real Madrid, o canhoto Marco Asensio entra em campo geralmente quando os grandes nomes merengues são poupados. O ponta-esquerda tem 22 anos de idade. Pelo Real Madrid, Asensio já conquistou todos os títulos possíveis exceto a Copa do Rei. Em 2015, foi campeão europeu Sub-19 com a Espanha e eleito melhor jogador do torneio. Pela principal, porém, ainda não balançou as redes em 10 jogos.
Foto: imago/Alterphotos
Timo Werner - Alemanha
Timo Werner é considerado a grande promessa do futebol alemão. Até poucos meses atrás, o veloz atacante do RB Leipzig traçava uma evolução meteórica – pela Alemanha são sete gols em 12 jogos. Mas nos quatro amistosos contra potências (Inglaterra, França, Espanha e Brasil), Werner marcou apenas uma vez. Aos 22 anos, ele tem a responsabilidade de ser o centroavante titular da atual campeã mundial.