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O futuro de Merkel em jogo

20 de janeiro de 2018

Social-democratas decidem se embarcam em negociações para integrar novo governo na Alemanha. Recusa pode levar a repetição das eleições, impedir quarto mandato da chanceler e precipitar fim de uma era na política alemã.

Bandeira alemã no Reichstag, a sede do Parlamento alemão, que seria reformulado em caso de nova eleição
Bandeira alemã no Reichstag, a sede do Parlamento alemão, que seria reformulado em caso de nova eleição Foto: Reuters/H.Hanschke

A política alemã vive um dia decisivo neste domingo (21/01), quando delegados do Partido Social-Democrata (SPD) se reúnem na cidade de Bonn para definir se abrem negociações formais ou não para embarcar num novo governo liderado por Angela Merkel.

Leia também: Ninguém mais quer brincar com Merkel 

Desde as eleições de setembro, a Alemanha enfrenta um bloqueio político, com Merkel e seus correligionários conservadores incapazes de alcançar um acordo com outros partidos para montar uma coalizão de governo.

O SPD, parceiro de coalizão na última legislatura, é tido como a última cartada da chanceler federal em busca de um quarto mandato. Um fracasso pode forçar os alemães a voltarem às urnas – algo que nunca aconteceu – e decretar o fim da era Merkel.

No poder há 12 anos, Merkel e seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estão enfraquecidos, após perderem terreno para os populistas na eleição de setembro e depois do fracasso na negociação de uma tríplice aliança, com verdes e liberais, em novembro.

Por isso, a chanceler deposita toda a sua esperança no SPD para evitar novas eleições. O partido, do ex-presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz, havia inicialmente prometido ir para a oposição depois do revés na eleição.

Schulz só abrandou sua postura, concordando em negociar com Merkel, devido à pressão do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, um correligionário, que quer evitar que a Alemanha, pela primeira vez na história, tenha que repetir uma eleição.

Em entrevista à edição de sábado (20/01) revista Der Spiegel, Schulz alertou sobre o risco de novas eleições: "Seria um absurdo! Se os partidos que, juntos, tem maioria no Parlamento, não conseguirem montar um governo, eles vão ser punidos pelos eleitores."

Como é praxe na Alemanha, os partidos fizeram reuniões de sondagem, para ver se há terreno comum para abrir negociações de fato. Um princípio de acordo foi alcançado por negociadores – e agora precisa de aprovação em convenção partidária.

Os partidos têm diferenças sobre assuntos-chave, como imigração (em especial reagrupamento familiar de refugiados), aposentadorias, política trabalhista e papel da Alemanha na União Europeia.

Mas a resistência dentro do SPD vem sobretudo da ala mais jovem. Liderada por Kevin Kühnert, essa fração defende um "não" à chamada grande coalizão para que o partido volte a ser competitivo e retorne a seus princípios de esquerda, que ele considera negligenciados na aliança com Merkel.

"Você não consegue achar ninguém que esteja empolgado com a ideia de fazer parte de outra grande coalizão”, disse Kühnert.

Os detratores do acordo temem também que ele possa levar a outro desastre eleitoral para o SPD, que amarga atualmente 18,5% nas pesquisas de intenção de voto (queda sensível, se comparada aos 24,6% obtidos nas últimas eleições, que já representaram um revés).

Em caso de "não" do SPD, outra possibilidade é que Merkel forme um governo de minoria, fazendo aliança com outros partidos de acordo com a pauta, uma vez que, para legislar, é necessária maioria no Parlamento. Mas no cenário atual, isso é tido como improvável, sobretudo por não combinar com a forma de Merkel governar.

Não se descarta que, em caso de fracasso nas negociações, Martin Schulz renuncie à liderança social-democrata. Isso abriria um cenário político novo na Alemanha, levando em conta que Merkel, que em 2017 já estava reticente em buscar uma reeleição, também pode decidir se afastar.

Independente do resultado, lideranças políticas insistem que a Alemanha não enfrenta nem enfrentará uma crise - o governo segue, de forma interina, funcional.

O argumento foi reforçado nesta sexta-feira pelo veterano deputado Wolfgang Schäuble, ex-ministro das Finanças e atual presidente do Parlamento: Se funcionar, será bom. Se não funcionar, não será nenhuma catástrofe. Há outras saídas". 

RPR/ots

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