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O grande irmão perdoou

ef25 de setembro de 2003

A imprensa européia comenta: Schröder foi o primeiro líder alemão que ofereceu resistência ao grande irmão americano e ficou impune. Ele rejeitou a guerra no Iraque e Bush perdoou porque precisa de ajuda da Alemanha.

Bush (dir) aperta a mão de Schröder numa suite de hotel em Nova YorkFoto: AP

Assim o jornal holandês Volkskrant resume, de maneira realista, sua opinião sobre a reconciliação entre o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, e o presidente norte-americano, George W. Bush, em Nova York, à margem da Assembléia Geral da ONU, quarta-feira (24).

A resistência de Schröder teria sido em parte oportunista, pois com seu não categórico à guerra ganhou uma eleição difícil em 2002, escreveu o jornal, "mas o fato é que ele ousou e isto é um sinal da emancipação alemã". O local do encontro dos dois - Hotel Waldorf-Astoria – teria mostrado, do ponto de vista protocolar, que para Washington as relações teuto-americanas são de terceira categoria.

Para o jornal russo Kommersant, com sua primeira conversa com Schröder, depois de 16 meses de crise nas relações bilaterais, e também seu discurso no plenário da Assembléia da ONU, Bush teria transmitido a seguinte mensagem aos adversários internacionais mais importantes: "Nos ajudem a sair desta situação desagradável no Iraque, compartilhem conosco as dificuldades da reconstrução e nós perdoamos vocês."

Ao contrário de Bush

, Schröder e o presidente da França, Jacques Chirac, não têm pressa com o problema do Iraque, escreveu o jornal russo. Na sua opinião, os europeus podem se dar ao luxo de negociar confortavelmente e observar como o chefe da Casa Branca perde cada vez mais popularidade em seu país.

O diário francês Le Monde, por outro lado, acha que os países europeus reconhecem que estão envolvidos demais em crises regionais e não se podem dar ao luxo de ficar inertes diante das dificuldades americanas. "Pelo contrário, eles podem lucrar na medida em que aproveitem o pedido de ajuda dos Estados Unidos para superar as conseqüências de sua divisão na questão do Iraque e colocarem as relações transatlânticas novamente sobre bases saudáveis."

Alívio e ceticismo com a reconciliação

entre Schröder e Bush é o que se depreende dos comentários da imprensa alemã. O diário de maior tiragem nacional, Bild, indaga em seu editorial desta quinta-feira (25) se acabaram os tempos de gelo e se voltou a reinar harmonia entre Alemanha e América.

O editorialista conclui que Bush e Schröder fizeram as pazes por bons motivos. Bush precisa de apoio internacional para pacificar o Iraque, assim como de dinheiro, tropas e ajuda civil. Schröder, por sua vez, vê num Iraque estável um fator importante para a segurança na Europa. Além do mais, as exportações alemãs para os Estados Unidos precisam de uma boa atmosfera.

O verdadeiro motivo da reconciliação

, na opinião do diário Freie Presse, é que, na política interna, tanto o presidente Bush quanto o chanceler federal Schröder estão encostados na parede: "Schröder não tem que ganhar uma eleição em 2004, mas também o seu governo perdeu a confiança da população em proporções dramáticas. Não admira, portanto, que Bush e Schröder aproveitem a política externa para polirem suas respectivas imagens tão desgastadas."

Uma crise perigosa chegou ao fim,

pelo menos provisoriamente, com o encontro entre Bush e Schröder e o discurso do chanceler federal alemão na Assembléia Geral da ONU, escreveu o jornal Die Welt. Na sua opinião, não só Washington, mas os dois lados trataram um ao outro conforme o lema "quem não está do nosso lado é contra nós", mas ambos teriam compreendido, finalmente, que isso não atende o interesse de ninguém.

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