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O impacto no Brasil do corte de investimentos na Volks

7 de outubro de 2015

Especialistas divergem sobre consequências de anúncio de cortes de investimentos para os negócios da montadora no Brasil. Possível atraso de novos lançamentos poderia piorar desempenho frente a concorrentes.

Foto: picture-alliance/dpa/Jochen Lübke

Especialistas no setor automotivo se dividem sobre o impacto que o anúncio de revisão de investimentos anunciado pelo novo presidente da Volkswagen, Matthias Müller, terá sobre o desempenho da montadora no Brasil.

"Estamos revisando todos os investimentos previstos. O que não for absolutamente necessário será cortado ou adiado. E digo abertamente: isso não ocorrerá sem sacrifícios", alertou Müller em encontro com 20 mil funcionários na sede central em Wolfsburg, na Alemanha, na terça-feira (06/10).

Para José Roberto Ferro, presidente do Lean Institute Brasil e especialista no setor, o corte de investimentos deve prejudicar o lançamento de novos produtos da empresa no mercado automotivo brasileiro.

"Com as mudanças, investimentos em capacidade produtiva e melhoria de produção não devem ser feitos", avalia. "É possível que isso signifique algum tipo de atraso, mesmo porque o mercado brasileiro está muito ruim."

Desde antes do escândalo de fraude nos testes de emissões em quase 500 mil veículos a diesel nos EUA e outros 11 milhões em todo o mundo, a Volks já vinha perdendo fatia de mercado para as demais líderes no mercado, como General Motors, Fiat e Ford, diz Ferro. Novas empresas, como Honda, Toyota, Hyundai e Renault, estão crescendo em meio à queda de participação da Volks no setor.

De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a empresa ficou atrás de Fiat e Chevrolet no ranking de marcas mais vendidas em 2014, com 18% de participação no mercado.

Já para o consultor Paulo Roberto Garbossa, diretor da ADK Automotive, o volume de vendas da Volks, que ficou em mais de 576 mil unidades em 2014, ainda é satisfatório.

"O que há hoje no Brasil é uma pulverização de vendas. Se compararmos em termos de volume de unidades, ela vende muito mais do que cinco anos atrás, por exemplo. Mas em termos de participação é menor, porque há muito mais marcas no mercado", opina.

Defasagem

Uma fonte do setor de concessionárias de automóveis disse à DW Brasil que se espalha um "sentimento de frustração", em meio à possibilidade de que a redução de investimentos afete ainda mais o lançamento de novos produtos.

Segundo Ferro, do Lean Institute Brasil, os produtos da Volks estão "defasados". "A empresa precisa recuperar a modernidade e o apelo da linha de produtos. Se, por causa da redução de investimentos, tiverem que adiar lançamentos, isso vai agravar ainda mais a situação da empresa no Brasil", observa.

Para o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores Volkswagen (Assobrav), Sergio Reze, a Volks no Brasil não deve ter prejuízos.

"Não vejo de forma clara e objetiva o anúncio de que futuros investimentos da marca no exterior e, particularmente, no Brasil serão interrompidos ou postergados", disse em nota. "Vamos aguardar notícias concretas, para então fazer uma análise das possíveis consequências deste eventual atraso no lançamento de novos produtos em nosso mercado."

O Ibama abriu uma investigação contra a montadora. O recall de veículos afetados pela fraude, anunciado nesta quarta-feira (07/10) por Müller, também teria impacto pequeno no Brasil. O único veículo leve a diesel da empresa comercializado no país é a picape Amarok – cerca de 80 mil unidades já foram vendidas.

A Volkswagen do Brasil não se pronunciou sobre os possíveis impactos que a revisão de investimentos da empresa pode ter no país.

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