Desde 2013, quando o Bayern de Munique venceu a competição, nenhum clube alemão conseguiu chegar a uma final da Champions – um rendimento pífio para o futebol do país. Será que o jejum vai acabar nesta temporada?
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A última vez que clubes alemães marcaram presença numa final da Champions League foi em 2013, quando Bayern e Dortmund decidiram o título em Londres. Desde então, os espanhóis fizeram a festa em cinco finais, e os ingleses, em uma. Os italianos, com a Juventus, também chegaram perto da "orelhuda" em duas decisões, mas tiveram que se contentar com o segundo lugar no pódio.
Desde a última conquista, nenhum clube alemão conseguiu chegar novamente à uma final. O Bayern de Munique, só para variar, avançou até as semifinais em quatro oportunidades, mas parou por aí. O Borussia Dortmund, tido e havido como maior concorrente dos bávaros, o máximo que conseguiu nestes anos todos foi chegar duas vezes às quartas de final.
Convenhamos, é um rendimento pífio para o futebol alemão. Afinal, em 2014, sua seleção principal conquistou pela quarta vez o título de campeã mundial no Maracanã.
O sorteio da fase de grupos na semana passada resultou em sentimentos contraditórios entre os torcedores alemães. Leipzig e Bayern deram sorte, e suas respectivas torcidas respiraram aliviadas. Já Leverkusen e Dortmund não terão moleza, e, com uma boa dose de razão, os seus fãs ficaram preocupados, com uma pulga atrás da orelha.
Pelo menos no papel, Leipzig e Bayern reúnem todas as condições para passar bem pela fase de grupos. Para o Bayern, o único oponente que pode causar dificuldades é o atual vice da Champions, o Tottenham. Esses dois deverão decidir a liderança do grupo.
Ou alguém acredita que os outros integrantes do grupo, Olympiakos e Estrela Vermelha, possam representar uma séria ameaça às pretensões de alemães e ingleses?
É sempre bom lembrar que na temporada passada os "Spurs" tiraram o Borussia Dortmund da competição nas oitavas de final, com duas vitórias soberanas. É um time homogêneo, sem grandes pontos fracos e que tem no banco o seu maior trunfo. Trata-se do técnico Mauricio Pochettino, que, curiosamente, no passado recente esteve até nas cogitações da diretoria do Bayern.
Dos clubes alemães, o Leipzig foi brindado com o grupo mais fácil. Será sua segunda temporada na Champions. Em 2017/2018 acabou ficando pelo caminho já na fase de grupos, mas como terminou essa etapa em terceiro lugar, conseguiu uma vaguinha na Europa League. Avançou até as quartas de final, quando foi eliminado pelo Marseille.
Acredita-se que os comandados de Julian Nagelsmann, um dos técnicos jovens mais promissores da Alemanha, desta vez possam fazer um papel bem melhor. Pelo que apresentou até agora, o Leipzig parece estar bem estruturado tática e tecnicamente já no começo da temporada. Especialistas até lhe atribuem o papel de favorito neste grupo G com Zenit, Benfica e Lyon. Não chego a tanto. Deverá ser uma disputa renhida com o Lyon para definir os dois primeiros lugares.
Quem vai encarar um grupo difícil mesmo será o Borussia Dortmund. O sorteio teve um gosto amargo para os aurinegros. Além do sempre favorito Barcelona, tem ainda a Inter de Milão no caminho de Reus e cia.
Michael Zorc, diretor de esportes, não deixou por menos: "Pegamos o grupo mais difícil. O Barça sempre é um sério candidato ao título, e a Inter se reforçou bem demais."
Tendo os catalães como favoritos absolutos, a luta pela segunda vaga se dará entre Munique e Milão. Será uma briga de foice no escuro, exatamente como costuma acontecer quando alemães e italianos se enfrentam entre as quatro linhas de um campo de futebol.
Sorte ainda pior que a do Dortmund teve o Leverkusen, que vai enfrentar uma missão praticamente impossível. Ter caído num grupo com Juventus e Atlético de Madrid foi muito azar. São dois times que se destacam por fortes sistemas defensivos em que atacantes, mesmo habilidosos, têm extremas dificuldades de se impor.
Do lado da Juve, além de CR7 e De Jong, o técnico Maurizio Sarri poderá contar com o recém-contratado Matthijs de Ligt e certamente saberá integrá-lo rapidamente ao sistema defensivo do "LaVecchia Signora".
Se é verdade que o Atlético de Madrid perdeu parte de sua espinha dorsal formada por jogadores como Griezman e Hernández, é verdade também que continua por lá o técnico Diego Simeone, cérebro e referência do time e do clube. Não se pode esquecer também de que vieram reforços, como o jovem talento português João Felix.
Resumo da ópera desse grupo: o Bayer Leverkusen que trate de fazer sua lição fora e dentro de casa contra o Lokomotiv Moscou para garantir ao menos uma vaga na Europa League, porque ir adiante na Champions será difícil, se não impossível.
Depois de todo esse arrazoado, a pergunta continua no ar: o jejum alemão na Champions League continuará ou finalmente terminará em 30 de maio de 2020 na cidade de Istambul?
Quem arrisca um palpite?
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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br
O Campeonato Alemão de Futebol tem a reputação de formar grandes talentos. Confira jogadores com menos de 21 anos que prometem brilhar nos clubes alemães nesta temporada da Bundesliga.
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Kai Havertz, 20, Bayer Leverkusen
Kai Havertz é a maior promessa do futebol alemão. Em 88 partidas, o meio-campista do Leverkusen marcou 24 gols. Ele é tecnicamente soberbo, forte com os dois pés, consegue cavar espaço, além de marcar e dar assistência a gols. Havertz quer ficar no Leverkusen nesta temporada, mas parece ser apenas uma questão de tempo antes de seguir em frente. O Bayern de Munique já está de olho nele.
Foto: imago
Jadon Sancho, 19, Borussia Dortmund
Inglês que joga na Alemanha, Sancho é uma espécie de pioneiro que está sendo seguido por muitos outros jovens britânicos. O ex-jogador do Manchester City tem velocidade e serenidade, com talento para tomar decisões apesar da tenra idade. Ele foi um dos astros da temporada passada da Bundesliga, marcando 12 gols e fazendo 17 assistências.
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Dayot Upamecano, 20, RB Leipzig
O zagueiro francês (camisa branca) é outro predestinado a brilhar. Figura imponente, Upamecano domina os lances no ar e é veloz. Ele joga duro nas disputas de bola, mas quase sempre é justo. Apesar de lapsos de concentração muitas vezes comuns em jovens jogadores, ele se tornou um dos pilares da defesa mais fechada do Campeonato Alemão.
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Ibrahima Konaté, 20, RB Leipzig
Outro zagueiro do Leipzig que domina tanto no ar quanto no solo. No ano passado, Konaté teve uma temporada soberba, com participação em 43 partidas. O francês é cobiçado por alguns clubes europeus, mas seu contrato vai até 2023. Konaté descreve seu colega Upamecano "como um irmão", e espera-se da dupla uma parceria brilhante também nesta temporada da Bundesliga.
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Alphonso Davies, 18, Bayern de Munique
O canadense nascido em um campo de refugiados na África joga pelo clube bávaro desde janeiro e marcou seu primeiro gol na Bundesliga em março de 2019, contra o Mainz. A saída de Franck Ribéry e Arjen Robben do clube pode dar a Davies mais oportunidades neste ano, especialmente após a lesão de Leroy Sané, do Manchester City, cotado para o Bayern.
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Marcus Thuram, 21, Mönchengladbach
O filho de Lilian Thuram, campeão mundial pela França, está no clube alemão desde julho, depois de impressionar nos franceses Sochaux e Guingamp. Ao contrário de seu pai, um dos melhores defensores de sua geração, Marcus é um jogador ofensivo e prefere jogar pela esquerda ou no ataque. Alto e forte, Thuram é um driblador nato e pode substituir Thorgan Hazard, que foi para o Dortmund.
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Weston McKennie, 20, Schalke
"Com seu caráter e como jogador, Weston personifica muito do que precisamos", diz o técnico do Schalke, David Wagner, sobre o americano McKennie. Devido à sua flexibilidade, o jogador de 20 anos é titular da equipe. Apesar de jovem, ele é um jogador completo, que pode dar a estabilidade necessária ao meio-campo do Schalke.
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Evan N'Dicka, 19, Eintracht Frankfurt
Outro francês, o zagueiro N'Dicka roubou as atenções com o ótimo desempenho do Frankfurt na temporada passada. Excelente na segunda metade da temporada, ele ganhou o prêmio Rookie of the Month da Bundesliga (para menores de 23 anos) em fevereiro. Inteligente e decisivo, o jovem de 19 anos deve ter uma grande temporada pela frente.
Foto: picture-alliance/dpa/Eintracht Frankfurt
Josh Sargent, 19, Werder Bremen
O atacante americano impactou na temporada passada, ao marcar um gol apenas dois minutos após deixar o banco em sua estreia na Bundesliga. Ele terminou a temporada com dois gols marcados em apenas 205 minutos de jogo. Sargent chegou ao Werder em julho de 2018 e tem contrato até 2022. Florian Kohfeldt, técnico do Bremen, é só elogios ao jogador.
Foto: picture-alliance/sampics/C. Pahnke
Jann-Fiete Arp, 19, Bayern de Munique
Espera-se muito da atuação do jovem atacante alemão na equipe bávara, principalmente agora quando os campeões querem aliviar a pressão sobre Robert Lewandowski . Arp causou sensação ao marcar nas suas duas primeiras aparições profissionais, mas não conseguiu brilhar com o Hamburgo na Segunda Divisão. Agora no Bayern, dá um grande passo à frente.
Foto: Imago Images/ZUMA Wire/E. Williams
Tyler Adams, 20, RB Leipzig
O americano Tyler Adams chegou ao Leipzig em janeiro, vindo diretamente de Nova York, e logo pareceu sentir-se bem no novo ambiente. Forte no ataque, perspicaz no passe e com uma cabeça inteligente, Adams é um verdadeiro "allrounder" que pode jogar em diferentes posições.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert
Ademola Lookman, 21, RB Leipzig
Outro inglês que seguiu os passos de Sancho, Lookman já havia sido emprestado ao Leipzig. Na temporada 2017/18, jogou 11 partidas pela Bundesliga, marcou cinco gols e fez quatro assistências. Agora, o jovem de 21 anos está de volta ao Campeonato Alemão, depois de o Leipzig tê-lo comprado do Everton FC por 18 milhões de euros. A expectativa é grande!
Foto: picture alliance/AP Photo/J. Meyer
Achraf Hakimi, 20, Borussia Dortmund
O lateral emprestado pelo Real Madrid ao Borussia Dortmund é rápido como uma flecha e um forte driblador. Em 21 jogos da Bundesliga, o marroquino nascido na Espanha marcou dois gols e deu quatro assistências, antes de fraturar o metatarso em abril. Agora está em forma novamente e quer aproveitar sua chance.
Foto: Reuters/L. Kuegeler
Rabbi Matondo 18, Schalke
O galês trocou o Manchester City pelo Schalke e espera ter um impacto semelhante ao de Sancho, que também deixou seu país pela Alemanha. Considerado o jogador mais rápido das fileiras do City, Matondo disputou apenas algumas partidas pelo Schalke no ano passado. Sob o comando do treinador David Wagner, ele deve agora decolar.