Ruínas de antiga estação de espionagem dos Estados Unidos agora estão protegida de demolição. Construção icônica foi um dos principais cenários da Guerra Fria na capital alemã.
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Dos arredores é possível ver de longe as ruínas impressionantes da antiga estação de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA. Localizada num dos pontos mais altos de Berlim, em Teufelsberg, a Montanha do Diabo, a construção foi um dos principais cenários da Guerra Fria na capital alemã. Desde a década de 1990, o local estava abandonado e exposto às ações do tempo.
Agora, uma ação das autoridades dará nova vida à construção icônica. As ruínas da antiga estação de espionagem, assim como toda a montanha, com 120 metros de altura, sobre a qual ela foi construída, foram, no início de novembro, tombadas pelo patrimônio histórico de Berlim.
A Teufelsberg carrega consigo grande parte da história do século 20. A origem da montanha artificial de entulhos é no regime nazista. Em 1937, Adolf Hitler inaugurou no terreno a construção do prédio que abrigaria uma faculdade técnica militar. No final da Segunda Guerra Mundial, a construção foi implodida, e parte do material acabou sendo usado na reconstrução da cidade.
Localizado no meio do bosque Grunewald, o terreno e os restos da antiga faculdade passaram a receber, a partir de 1950, entulhos da cidade destruída nos bombardeios. Ao longo de 22 anos, 26 milhões de metros cúbicos de entulhos, ou seja, quase um terço das casas bombardeadas em Berlim, foram acumulados no local, dando origem à montanha Teufelsberg.
A natureza, ao brotar do meio dos escombros, fez o resto do trabalho para transformar aquele monte de concreto numa montanha verde.
Como estava no lado ocidental da cidade dividida após a guerra, no seu ponto mais alto, os americanos resolveram em 1962 construir uma estação de espionagem. As operações realizadas no local e os segredos descobertos a partir dali ainda são um mistério, pois os arquivos são mantidos em sigilo nos Estados Unidos.
Com a queda da União Soviética e a reunificação da Alemanha, em 1991, os americanos retiraram todos os equipamentos e entregaram o prédio à cidade. Desde então, diversos planos foram feitos para a antiga estação, que foi comprada em 1996 por investidores, com o intuito de construir um hotel e apartamentos de luxo no local.
Nada saiu do papel, e os investidores deixaram a estação virar ruínas até se tornar um paraíso para pichadores. Em 2004, após declarar o alto da montanha como região de proteção ambiental, autoridades proibiram a construção de novos prédios no local, jogando um balde de água fria nos planos para transformar a montanha num paraíso imobiliário.
Há cerca de quatro anos, a prefeitura de Berlim tentou recomprar o terreno e as ruínas, no entanto, os donos só aceitaram vender por um valor muito acima do de mercado. Atualmente, são organizadas visitas guiadas à antiga estação. Agora, com o tombamento da montanha, as ruínas precisam ser conservadas.
Um dos donos já reiterou que não pretende vender à cidade a sua parte e anunciou que a ideia é reformar a antiga estação para abrigar galerias de arte, além de disponibilizar mais espaço para a arte dos grafites, que já tomaram algumas das paredes das ruínas.
Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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Dez filmes de espionagem que se passam na Alemanha
De James Bond a Ethan Hunt, muitos agentes secretos já passaram pela Alemanha — mesmo que virtualmente. Berlim parece ser a cidade ideal para diretores como Spielberg e Hitchcock gravarem seus thrillers.
Foto: 2014 Twentieth Century Fox
"Ponte dos Espiões"
Muitas partes do novo filme de Steven Spielberg foram filmadas em Berlim e nos seus arredores. A produção reconta a primeira de uma série de trocas de espiões que aconteceram na Ponte Glienicke, conhecida como a "Ponte dos Espiões" — daí o título do filme. Spielberg não é o primeiro cineasta a retratar agentes secretos na Alemanha. Veja a seguir mais exemplos.
Foto: 2014 Twentieth Century Fox
"Cinco dedos"
O filme ("Five fingers", 1952) dirigido por Joseph L. Mankiewicz fala sobre um agente secreto famoso durante a Segunda Guerra Mundial e que trabalhou para os nazistas — amplamente conhecido por seu codinome, Cícero. Apesar de outros filmes de espionagem serem gravados em locações, este foi rodado, principalmente, em estúdio.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-Images
"Os espiões também amam"
Esse thriller da Alemanha Ocidental, originalmente intitulado "Spion für Deutschland" (1956), também retrata as ações de um agente secreto alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Estrelado por Martin Held e Nadja Tiller, ele foi filmado em Berlim e nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/dpa
"A guerra secreta"
Werner Klinger é um dos quatro cineastas que dirigiram esse antológico filme de espião ("The secret agents", 1965). O filme é composto por histórias dirigidas por um alemão, um francês, um italiano e um britânico. Filmado em Berlim, é estrelado por Henry Fonda e Robert Ryan.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"Cortina rasgada"
Alfred Hitchcock filmou esse thriller de espionagem ("Torn curtain", 1966) em estúdio. No entanto, algumas cenas foram feitas em Berlim. A equipe de filmagem gravou na capital alemã e enviou as imagens para Hollywood, assim Hitchcock poderia usar o material em seu filme. O elenco inclui atores alemães, além de estrelas americanas, como Julie Andrews e Paul Newman.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"007 contra Octopussy"
Uma grande parte do 13º filme ("Octopussy", 1983) do agente secreto mais popular da história do cinema, James Bond, foi gravada em Berlim. O agente 007, interpretado por Roger Moore, é visto no Checkpoint Charlie, em frente ao Muro e em uma cena de perseguição no antigo circuito de AVUS.
Foto: picture-alliance/dpa/ KPA
"O inocente"
Anthony Hopkins, Isabella Rossellini e Campbell Scott estrelam o filme ("The innocent", 1993). Ele é baseado na "Operação Ouro", que aconteceu durante a Guerra Fria quando agentes da CIA e do MI6 construíram um túnel sob o setor russo da capital alemã. A direção é de John Schlesinger.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"Missão Impossível 3"
Para o terceiro filme da série "Missão Impossível", o diretor J.J. Abrams e o ator Tom Cruise queriam gravar, inicialmente, no Reichstag (o prédio do Parlamento alemão). Mas o governo não permitiu que eles gravassem no edifício — um conselho decidiu que ele não deveria ser usado em filmes comerciais. A equipe teve que construir os sets de filmagem no Babelsberg Studio, nos arredores de Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa
"O segredo de Berlim"
O filme de Steven Soderbergh ("The good german", 2006) também demonstra como estúdios podem substituir locações reais. A história se passa na Berlim do pós-guerra, mas foi filmada em Los Angeles. No entanto, Soderbergh inseriu, na película em preto e branco, cenas de arquivo reais da então destruída cidade.
Foto: picture-alliance/dpa
"Jogo de espiões"
Este thriller de espionagem ("Spy game", 2001), estrelado por Robert Redford e Brad Pitt, também se passa em Berlim, mas não foi filmado na Alemanha. Locações em Budapeste foram usadas para reproduzir a capital alemã. Isso pode ser notado em algumas cenas, porque certo elementos da paisagem não existem de fato em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa
"O agente da U.N.C.L.E"
Misturando comédia, aventura e espionagem, o filme ("The man from U.N.C.L.E", 2015) dirigido por Guy Ritchie contém muitas cenas que se passam em Berlim na década de 1960. Henry Cavill interpreta um agente secreto americano competindo com um espião russo. O filme recria a atmosfera da Berlim dividida — ainda que tudo tenha sido feito por computador.
Foto: 2015 WARNER BROS. ENTERTAINMENT INC. AND RATPAC-DUNE ENTERTAINMENT LLC ALL RIGHTS RESERVED/Daniel Smith