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Educação

O modelo de diferenciação do sistema de ensino alemão

Karina Gomes
7 de dezembro de 2018

Fim do ensino primário é um momento decisivo para o futuro das crianças na Alemanha. Aos dez anos de idade, alunos são distribuídos em diferentes tipos de escolas. Modelo divide especialistas.

Menina levanta a mão em sala de aula
Desempenho escolar influencia decisão sobre tipo de escola seguida pela criançaFoto: picture-alliance/dpa/D. Karmann

Dez anos de idade é muito cedo para decidir o futuro profissional de uma criança? No sistema educacional alemão, essa avaliação começa já no fim do ensino primário (Grundschule). Os alunos são distribuídos em três diferentes tipos de escolas no ensino secundário, dependendo do desempenho escolar, da recomendação de professores e, muitas vezes, também da opção dos pais.

Para ingressar no Gymnasium, o aluno tem que ter boas notas. Trata-se de uma formação de oito ou nove anos de duração, que é considerada o caminho natural para quem estará apto a entrar na universidade. Após concluir os estudos, os alunos fazem uma espécie de exame vestibular (Abitur), que só pode ser prestado uma única vez. A nota obtida servirá para o resto da vida em qualquer tentativa de ingressar na universidade. Os estudantes fazem provas específicas de acordo com a área que pretendem seguir: humanas, exatas ou biológicas.

As outras duas opções para os alunos aos dez anos de idade são as escolas que garantem uma formação para profissões técnicas. Na Hauptschule, os alunos adquirem uma formação básica de cinco a seis anos, que irá prepará-los para ingressar numa instituição de ensino profissionalizante. 

A Realschule costuma durar seis anos e combina uma orientação tanto profissional quanto científica. Pode ser definida como algo entre a Hauptschule e o Gymnasium. Se seguir na Realschule até o décimo ano, o aluno obtém um certificado (Mittlere Reife) que lhe possibilita ingressar numa instituição de ensino profissionalizante ou seguir para o Gymnasium e fazer o Abitur.

Esses dois modelos mostram o vínculo do sistema educacional alemão com o mercado de trabalho e a valorização do ensino técnico. Alguns estados federativos oferecem também as Gesamtschulen, que integram os três tipos de formação, sob o argumento que ao fim do ensino primário é muito cedo para dividir as crianças de acordo com o desempenho escolar.

O sistema não é completamente engessado. Dependendo do desempenho do aluno nos dois primeiros anos do ensino secundário, é possível conseguir uma transferência para um outro tipo de escola. Mais tarde, quando o estudante já ingressou na formação profissional, ainda há chances de entrar na universidade. É preciso passar por um curso preparatório de dois anos para o ensino superior.

Esse modelo escolar divide especialistas. Enquanto alguns defendem que a diferenciação entre os alunos causa frustração e acentua desigualdades sociais, outros argumentam que os diferentes modelos permitem justamente que a criança não se frustre caso não consiga atingir um nível mais exigente.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.

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