Descoberta de vestígios de mais de 14 mil anos no nordeste da Jordânia sugere que o homem começou a fazer pão milênios antes do estabelecimento da agricultura.
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A descoberta de restos de um pão de cerca de 14.500 anos de idade, junto a uma antiga fogueira de pedra no nordeste da Jordânia, levou pesquisadores à surpreendente constatação: o homem começou a fazer pão milênios antes do desenvolvimento da agricultura.
O pão ázimo, um tipo de pão assado sem fermento, foi provavelmente feito com ancestrais não domesticados de cevada, aveia ou trigo, além de tubérculo transformado em farinha de uma planta parente do papiro.
Isso mais de 4 mil anos antes de o cultivo ser estabelecido pelo homem, como revelado nesta segunda-feira (16/07) por pesquisadores das universidades de Copenhague, Londres e Cambridge na publicação acadêmica Proceedings of the National Academy of Sciences.
O pão foi feito por caçadores-coletores da cultura natufiana, que havia iniciado uma transição do nomadismo ao sedentarismo, e foi achado num sítio arqueológico no Mediterrâneo Oriental.
Segundo Amaia Arranz-Otaegui, chefe da pesquisa, até hoje acreditava-se que a origem do pão estava associada a sociedades primitivas que cultivavam cereais e legumes. A mais antiga amostra de pão até então encontrada vinha de um sítio arqueológico de 9 mil anos na Turquia.
"Agora temos que ver se há uma relação entre a produção de pão e o início da agricultura", afirmou Arranz-Otaegui. "É possível que o pão tenha servido de incentivo para as pessoas terem iniciado cultivo e agricultura."
Tobias Richter, arqueólogo da Universidade de Copenhague e coautor do estudo, chamou a atenção também para o impacto nutricional de adicionar pão à dieta humana.
"O pão nos fornece uma fonte importante de carboidratos e nutrientes, incluindo vitaminas B, ferro e magnésio, assim como fibra", afirma Richter.
Há evidências abundantes no local do achado que apontam para uma dieta baseada em plantas e carne por parte dos natufianos. As fogueiras feitas por eles, em formato redondo, de um metro de diâmetro e delineadas com pedras de basalto, ficavam no meio de cabanas.
Agora, os pesquisadores tentam reproduzir, ao menos de forma aproximada, o pão feito por eles.
Nok: Misteriosas esculturas pré-históricas da África
As estátuas Nok estão entre as descobertas arqueológicas mais importantes da África subsaariana. As peças de terracota com mais de 2 mil anos são os primeiros testemunhos da escultura no continente.
Foto: Barbara Voss und Monika Heckner
Nok: a origem das esculturas africanas
As esculturas Nok estão entre as descobertas arqueológicas mais importantes da África subsaariana. As peças de terracota com mais de dois mil anos são os primeiros testemunhos da escultura no continente. Até o dia 23 de fevereiro, alguns desses exemplares ficarão expostos no museu Liebieghaus em Frankfurt.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt/Institut für Archäologische Wissenschaften/Archäologie und Archäobotanik Afrikas
Saques são constantes
O nome dessas peças vem da região onde elas foram encontradas, a vila Nok, no Planalto de Jos, região central da Nigéria. Em 1928, trabalhadores na mineração de estanho acharam os primeiros exemplares. Desde 2005, uma equipe de arqueólogos alemães e nigerianos trabalha em 200 escavações na região. Saques e destruição são constantes nesses sítios arqueológicos.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt
Pré-história da Nigéria
Depois de retiradas da terra, as figuras são restauradas por arqueólogos. Além das esculturas, os pesquisadores se interessam por objetos do cotidiano, como vasos de argila, utensílios de pedras e joias. Eles esperam que esses vestígios arqueológicos revelem um panorama da cultura pré-histórica dessa região da Nigéria.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt
Fabricação de ferro
Nas escavações foram encontrados fornos de fundição com indícios de fabricação de ferro, provavelmente uma das mais antigas da história da humanidade. Escombreiras enormes e restos de fornos de fundição indicam que o metal já era produzido 500 anos antes de Cristo na região.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt
Mistério de terracota
Não se sabe exatamente qual a função das esculturas. Pesquisadores acreditam que elas eram usadas em diferentes rituais. Uma de suas finalidades era serem destruídas. Nas escavações, foram encontrados centenas de fragmentos que não podem ser reconstruídos. Aparentemente, as peças foram deliberadamente quebradas de forma que não pudessem mais ser recuperadas.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt
Pessoas, animais e quimeras
Rostos pontiagudos e desproporcionais e olhos com formato triangular, cujas pupilas são indicadas por um aprofundamento, são típicos dessas esculturas vermelhas. Características individuais como barba, joias e cabelos extravagantes são outros acabamentos artísticos. Elas representam, principalmente, pessoas, animais e quimeras, uma mistura de dois ou mais animais.
Foto: Norbert Miguletz
Inspiração para Picasso
Quando as primeiras esculturas Nok chegaram à Europa, no início do século 20, elas representaram uma libertação para a arte. O que por muitos europeus era considerado arte primitiva, serviu de inspiração para grandes mestres, como Paul Gauguin, Pablo Picasso e Ernst Ludwig Kirchner. Eles viam nessas obras a legitimação para a ruptura com a arte figurativa realista.
Foto: picture-alliance/dpa
Tesouro mundial
As esculturas vermelhas logo arrebataram colecionadores de todo o mundo. Durante muito tempo, elas eram conhecidas somente nos círculos do mercado de arte internacional. Mas começaram a aparecer cada vez mais exemplares em Paris, Londres e Nova York. Hoje as esculturas podem ser admiradas nos principais museus do mundo.
Foto: Stefan Rühl
Roubo de peças e falsificações
Nos mercados de arte internacional, as esculturas são comercializadas por milhões de euros. Mas muitas delas são falsificações ou peças roubadas. A exposição na Liebieghaus apresenta falsificações e esculturas originais lado a lado.
Foto: Barbara Voss/Monika Heckner (Ausschnitt)
Intercâmbio cultural
As esculturas Nok são exibidas em salas dedicadas à arte da Grécia antiga, Roma e Egito. Como as peças são da mesma época, nos museus elas ficam próximas umas às outras. Mas há mais dois mil anos elas estavam isoladas pelo deserto do Saara. Um intercâmbio cultural entre essas regiões era impossível.
Foto: Norbert Miguletz
Primeira exposição
A exposição no museu de Liebieghaus é a primeira da Alemanha sobre arte africana dessa época. Mais de 100 esculturas e fragmentos encontrados nos últimos anos por arqueólogos alemães e africanos estão expostos. Os visitantes também podem conhecer os primeiros resultados da pesquisa que revela alguns mistérios da cultura Nok.