Levantamento estima que 700 mil pessoas morreram no mundo em 2013 devido à resistência das bactérias a antibióticos. O uso em excesso de substâncias antibióticas contribui para o surgimento de patógenos mais fortes.
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Os antibióticos são substâncias que matam bactérias ou interrompem sua reprodução. Muitos podem ser encontrados na natureza, como a penicilina, produzida por algumas espécies de fungos do mofo para se protegerem de bactérias. Outros são criados em laboratório ou modificados quimicamente para melhorar sua eficácia.
Alguns antibióticos impedem a produção de proteínas que os organismos unicelulares precisam para sobreviver. Outros bloqueiam os mecanismos de transporte na parede celular da bactéria, causando colapso do equilíbrio natural da célula.
Alguns antibióticos inibem a proliferação dos organismos patogênicos, os quais, depois de algum tempo, não são mais repostos. A penicilina compromete a síntese das paredes da célula bacteriana, que acaba explodindo.
Mecanismos de defesa
Os agentes patogênicos se reproduzem muito rapidamente e se adaptam com facilidade a novos ambientes e a ameaças como os antibióticos. Um de seus mecanismos de defesa é uma modificação do material genético, ajudando-os a criar novas proteínas úteis, que despedaçam a molécula do antibiótico, tornando-o inócuo.
Além disso, as bactérias podem modificar sua parede celular, impedindo a entrada do antibiótico. Elas também trocam com frequência o receptor que os antibióticos usam para se fixar. Em seguida, produzem outra proteína que desempenha as mesmas funções na célula mas é imune à substância antibacteriana.
Quando descobrem um mecanismo para driblar os antibióticos, as bactérias passam os genes modificados a toda a sua descendência. Elas são capazes até mesmo de trocar material genético simplesmente tocando umas nas outras. Assim, a resistência vai se difundindo, e muitos patógenos são imunes a vários antibióticos.
Um deles é a perigoso Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), que é imune a grande parte dos antibióticos disponíveis. A Sociedade Alemã de Higiene Hospitalar estima que mais de 5 mil pacientes morrem anualmente de infecções por MRSA. Segundo outros cálculos, 700 mil pessoas morreram em 2013, em todo o mundo, devido à resistência bacteriana.
Excesso é nocivo
Para reduzir a eficácia desse mecanismo de defesa dos patógenos, é importante não usar antibióticos em excesso, mas sim apenas quando absolutamente necessário. Além disso, os pacientes nunca devem parar de tomá-los antes do fim do ciclo prescrito pelo médico.
Nas emergências, há "antibióticos de última instância", que os médicos receitam apenas nos casos críticos. Por serem empregados muito raramente, as bactérias ainda não tiveram a oportunidade de desenvolver mecanismos de defesa contra eles.
Estão em movimento constante as pesquisas para impedir que o elenco dos antibióticos existentes perca seu efeito. A única chance de, a longo prazo, bloquear a resistência e vencer a corrida contra as bactérias é desenvolver constantemente novos antibióticos, que os patógenos ainda não conheçam.
Tesouro de sementes no Ártico
Em Spitzbergen, perto do Polo Norte, são armazenadas sementes de todo o mundo. A ideia é criar um "back-up" da biodiversidade, que pode ser útil após guerras, catástrofes ou mudanças climáticas.
Foto: Michael Marek
Paisagem deslumbrante
Spitzbergen é um arquipélago pertencente à Noruega, com área equivalente às da Bélgica e da Suíça juntas. Árvores? Sem chance! Para onde quer que se olhe, o que se vê são pequenas montanhas de topos achatados. O ar é cristalino, e o céu, azul vivo – uma paisagem deslumbrante. No verão, há luz 24 horas por dia. No inverno, é sempre escuro, e a temperatura cai para -25 graus Celsius.
Foto: Michael Marek
Polo de pesquisa
Nos últimos anos, a região se tornou um centro para a pesquisa internacional sobre o Ártico. Biólogos marinhos, meteorologistas, geólogos e geofísicos usam Spitzbergen como base para suas atividades científicas.
Foto: Michael Marek
Mudanças climáticas
Em Spitzbergen, existem cerca de 350 geleiras. Mas as mudanças climáticas chegaram ao arquipélago: as geleiras estão derretendo e, ainda neste século, poderíamos ver a região do Ártico totalmente sem gelo no verão. O número de peixes e aves na área aumentou, e as cavalas, por exemplo, migraram de águas mais quentes para zonas costeiras de Spitzbergen.
Foto: Michael Marek
Casas coloridas e carvão
Em Longyearbyen, capital de Spitzbergen, cerca de 2.500 pessoas vivem em suas casas de madeira coloridas nos arredores do Adventdalen, vale lateral do fiorde Isfjord. Longyearbyen e Spitzbergen já foram conhecidas por seu carvão, mas hoje não há mais que algumas poucas minas por ali.
Foto: Michael Marek
Logística complicada
A logística para o abastecimento da área é grande. Cada lâmpada, maçã ou pedaço de aço precisa ser trazido à região de avião ou de barco – percorrendo 950 quilômetros a partir da porção continental da Noruega.
Foto: Michael Marek
Entrada oculta
A arca do tesouro fica a apenas um quilômetro de distância de Longyearbyen. Do lado de fora, é possível ver apenas a entrada estreita de concreto em meio à neve.
Foto: Michael Marek
Dentro da montanha
Atrás da entrada, um túnel de 120 metros de comprimento aprofunda-se pela montanha. Graças a um sistema de resfriamento, a temperatura é mantida constante em -7 graus Celsius, tanto no verão como no inverno.
Foto: Michael Marek
Cofre de sementes
No final do túnel, uma porta leva a um cofre. O frio ártico de Spitzbergen funciona como uma proteção natural para as sementes. Por trás de toda essa estrutura, está o medo de não se saber exatamente as consequências que uma diminuição da biodiversidade pode ter para a humanidade.
Foto: Michael Marek
Segurança inviolável
Spitzbergen é, por várias razões, um local ideal para armazenar sementes. A Noruega não está em guerra e, além disso, de acordo com o Tratado de Spitzbergen, de 1920, a região é uma zona desmilitarizada. A área é geomorfologicamente estável, e o cofre de sementes está 130 metros acima do nível do mar – mesmo com uma inundação, ele não seria afetado.
Foto: Michael Marek
Bilhões de sementes
Em média três vezes por ano, a movimentação é intensa, quando as sementes são entregues e desaparecem dentro dos túneis. As três câmaras têm capacidade para armazenar 4,5 milhões de espécies de plantas, cada uma delas representada por uma média de 500 sementes. Ou seja, nos três compartimentos há espaço para cerca de 2,25 bilhões de sementes. Atualmente, apenas a sala do meio é utilizada.
Foto: Michael Marek
De volta para casa
Recentemente, devido à guerra civil na Síria, sementes armazenadas foram pedidas de volta – pela primeira vez na história do forte de sementes. O destinatário foi o Centro Internacional para Pesquisa Agrícola em Regiões Secas, para onde foram levadas variedades de cereais do Oriente Médio resistentes à seca. Nesse meio tempo, a sede da organização acabou se mudando para Beirute.
Foto: Michael Marek
Sementes do futuro?
As sementes da Alemanha, por exemplo, são protegidas por embalagens de alumínio hermeticamente fechadas. Atualmente, Spitzbergen armazena 865 mil amostras de sementes de 5.103 espécies de plantas de todo o mundo. O catálogo oficial inclui amostras de 217 países.