Em pesquisa Datafolha, 25% dos eleitores de Bolsonaro e 20% dos de Haddad apontam objeção ao PT ou ao ex-capitão como uma das razões para voto. Plano de governo fica em segundo plano na hora de decidir quem eleger.
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Um quarto dos eleitores do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e um quinto dos que pretendem votar em Fernando Haddad (PT) apontam a rejeição ao PT ou ao ex-capitão como uma das razões para a escolha, aponta pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (20/10).
Apenas 12% dos apoiadores de Bolsonaro e 15% dos de Haddad disseram fazer tal opção por considerar que o candidato escolhido tem o melhor conjunto de propostas ou plano de governo. Trata-se do quinto e do segundo motivos mais citados pelos eleitores dos candidatos do PSL e do PT, respectivamente.
O levantamento considerou as respostas espontâneas às perguntas "Por quais motivos você pretende votar em ...? Por quais outras razões? Como assim", sendo possível citar múltiplas explicações para o voto.
Além da rejeição ao PT – que cresce quanto maior a renda e a faixa etária –, o desejo de mudança, de renovação ou alternância de poder é decisivo para grande parte (30%) dos que declararam voto em Bolsonaro. Segundo o último levantamento do Datafolha, o candidato conta com 59% dos votos válidos.
A imagem e os valores pessoais defendidos pelo candidato do PSL foram mencionados por 13% dos entrevistados, chegando a 17% entre os eleitores evangélicos. Outra razão bastante citada (10%) foi o combate à corrupção prometido pelo ex-capitão.
A rejeição a Bolsonaro, por sua vez, é maior entre os eleitores de Haddad mais jovens (29% dos que têm até 29 anos) e mais escolarizados (35% dos que têm ensino superior). A proporção também cresce à medida que aumentar a renda.
O plano de governo do petista – que segundo o último levantamento Datafolha conta 41% das intenções de voto – é o segundo motivo mais citado (15%) para votar nele. A seguir, vem o alinhamento ao partido (13%) e a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (11%).
Lula está preso desde 7 de abril, condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Após ter sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa, o ex-presidente indicou Haddad como seu substituto para encabeçar a chapa petista.
Além da ligação com Lula, também conta para eleitores de Haddad (11%) a capacidade do ex-prefeito de São Paulo de governar. Dos entrevistados favoráveis ao petista, 7% se identificam com a imagem e os valores pessoais defendidos pelo candidato.
Segundo o levantamento, 48% votariam com certeza em Bolsonaro, enquanto 33% responderam o mesmo sobre Haddad. Outros 10% afirmaram que talvez votassem no candidato do PSL, contra os 12% que disseram talvez votar no presidenciável petista.
A rejeição de Haddad, no entanto, que era mais baixa do que a de Bolsonaro nas pesquisas antes do primeiro turno, agora supera a do ex-militar. Segundo o Datafolha, 54% não votariam de jeito nenhum no candidato do PT, enquanto 41% disseram o mesmo sobre seu adversário.
Bolsonaro obteve 46% dos votos no primeiro turno, contra 29% de Haddad. Ambos disputam o segundo turno no próximo domingo, 28 de outubro.
Principais razões para votar em Bolsonaro:
- Renovação/mudança/ alternância de poder (30%)
- Rejeição ao PT (25%)
- Propostas de segurança (17%)
- Imagens e valores pessoais (13%)
- Plano de governo (12%)
- Combate à corrupção (10%)
Principais razões para votar em Haddad:
- Rejeição a Bolsonaro (20%)
- Plano de governo (15%)
- Alinhamento ao partido (13%)
- Experiência e capacidade de governar (11%)
- Por causa de Lula (11%)
- Imagem e valores pessoais (7%)
LPF/ots
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Treze candidatos se apresentaram para disputar o Planalto. O líder das pesquisas acabou fora da corrida, e vários nomes tentam contornar isolamento partidário. Veja os principais episódios da disputa.
Foto: Reuters/A. Machado
Bolsonaro é eleito presidente
Em segundo turno, os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro (PSL) como presidente. Após uma campanha eleitoral polarizada, o militar reformado de extrema direita recebeu 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). Com bandeiras do Brasil e vestidos nas cores verde e amarelo, eleitores comemoram pelo país. No discurso da vitória, Bolsonaro prometeu um governo constitucional e democrático.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S.Izquierdo
TSE abre investigação contra Bolsonaro
A pouco mais de uma semana do segundo turno, o Tribunal Superior Eleitoral abriu uma ação para investigar suspeitas de compra de disparos de mensagens antipetistas no WhatsApp por parte de empresários aliados a Bolsonaro. O pedido de investigação foi feito pelo PT, após uma reportagem do jornal "Folha de S. Paulo". A PF também abriu inquérito para investigar a disseminação em massa de "fake news".
Foto: Reuters/R. Moraes
Bolsonaro e Haddad vão ao segundo turno
Numa das eleições mais polarizadas da história, em 7 de outubro os brasileiros levaram ao segundo turno os dois candidatos que, segundo sondagens, são também os mais rejeitados: Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT). Favorito no Sul e Sudeste, o ex-militar teve 46% dos votos válidos contra 29% do petista, que foi o mais votado em oito estados do Nordeste e no Pará. Em terceiro, Ciro Gomes (PDT) teve 12%.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
Bolsonaro cresce nas pesquisas
Já líder nas pesquisas, o candidato do PSL ampliou sua vantagem no início de outubro, ultrapassando pela primeira vez a marca de 30% em sondagens do Ibope e do Datafolha. Ao longo da semana que antecedeu as eleições, o ex-capitão foi subindo e, na véspera do pleito, cruzou a barreira de 40% dos votos válidos. Após ser esfaqueado, a campanha do candidato se concentrou nas redes sociais.
Foto: Reuters/P. Whitaker
A troca de Lula por Haddad
Após meses de suspense e com aval de Lula, Fernando Haddad foi oficializado candidato à Presidência pelo PT em 11 de setembro, a menos de um mês do primeiro turno, após se esgotarem as chances de o ex-presidente concorrer. Preso e virtualmente inelegível pela Ficha Limpa, Lula era líder nas pesquisas de intenção de voto. O desafio agora será transferir votos para o ex-prefeito.
Foto: Agencia Brasil/R. Rosa
Ataque a Bolsonaro
O candidato do PSL foi esfaqueado durante um ato de campanha em Juiz de Fora, um ataque que prometia mudar os rumos da corrida presidencial. Seus adversários condenaram a agressão, e alguns chegaram a mudar o tom da campanha. Não houve, contudo, um impacto decisivo sobre o eleitorado. Ele segue líder das intenções, mas com percentual praticamente igual. A rejeição a ele, por outro lado, aumentou.
Foto: picture-alliance/dpa/Agencia O Globo/A. Scorza
O "plano B" do PT
Com Lula virtualmente inelegível, a escolha do seu vice passou a ser encarada como um trampolim para um candidato substituto. No início de agosto, o PT acabou indicando Fernando Haddad, que desde o início do ano era cotado como "plano B". Manuela D'Ávila (PCdoB) ficou com a curiosa posição não oficial de "vice do vice", assumindo a posição com Lula candidato ou não.
Foto: Agência Brasil/F.Rodrigues Pozzebom
A novela dos vices
A fase de convenções começou no fim de julho sem que a maioria dos pré-candidatos tivesse um vice. Bolsonaro teve três convites recusados até fechar com o general Mourão (PRTB). Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) se contentaram com nomes do próprio partido. Alckmin teve convite recusado pelo empresário Josué Alencar, cuja família é ligada a Lula, antes de optar por Ana Amélia (PR).
Foto: Agência Brasil/F.Frazão
Os candidatos isolados
A jogada de Alckmin com o "centrão" acabou isolando outros candidatos. Jair Bolsonaro (PSL) tentou negociar com o PR, mas teve que se contentar com o nanico PRTB. Ciro Gomes (PDT) também viu suas investidas no grupo naufragarem. Marina Silva (Rede) e Ciro também não conseguiram apoio do PSB, que ficou neutro numa manobra do PT. Os três terminaram a fase de convenções com pouco apoio e tempo de TV.
Alckmin fecha com o "centrão"
Em julho, o tucano Geraldo Alckmin ainda patinava nas pesquisas, mas criou um fato novo na campanha ao conseguir o apoio do "centrão", as siglas que costumam emprestar seu apoio a governos em troca de cargos e verbas. Ao se aliar com PR, PP, PSD, DEM e SD, Alckmin passou a dominar 44% da propaganda eleitoral na TV. Sua coligação também recebe 48% do novo fundo de campanhas.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Candidaturas descartadas
A eleição de 2018 parecia destinada a superar o número de candidatos de 1989, quando 22 disputaram. Em abril, 23 manifestavam interesse em concorrer, entre eles o presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-presidente Fernando Collor. Mas eles logo desistiram ou foram abandonados por seus partidos. Outros aceitaram ser vices. Em agosto, só 13 permaneciam na corrida.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os "outsiders" saem de cena
A possibilidade de Lula ficar de fora e o sentimento antipolítico entre a população sinalizavam que esta seria a eleição dos "outsiders". O ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa e o apresentador Luciano Huck chegaram a ser incluídos em pesquisas. O empresário Flávio Rocha anunciou candidatura. Em julho, todos já haviam desistido, e a disputa ficou restrita a velhos nomes da política.
Foto: Imago/ZUMA Press/M. Chello
Lula é condenado e preso
Quando anunciou, em 2016, a intenção de disputar a eleição, Lula se tornou o líder nas pesquisas. Em janeiro, porém, sua situação se complicou após uma condenação em segunda instância que o deixou virtualmente inelegível. Em abril, foi preso. Com a possibilidade de a candidatura ser barrada, o PT passou a ter dificuldades em formar alianças, e o desfecho do pleito ficou ainda mais imprevisível.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Entra em cena o fundo de campanhas
Diante da proibição das doações por empresas, o Congresso criou em outubro de 2017 um novo fundo de R$ 1,7 bilhão para financiar candidaturas, já definindo a capacidade financeira de várias campanhas. Quase 60% do valor ficou concentrado em seis legendas: MDB, PT, PSDB, PP, PSB e PR, deixando candidatos à Presidência de pequenas e médias siglas com menos recursos na largada.