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O plano americano para ter mais bases na Alemanha

Steven Beardsley jps
11 de março de 2017

Apontando preocupações com Moscou, comandantes fazem pressão para aumentar o número de forças baseadas na Europa e sondam locais no norte alemão. Movimento reverte tendência de décadas.

Grafenwöhr / US-Armee / Militär / USA
Militares em Grafenwöhr, na Baviera: por décadas, bases americanas povoaram a paisagem alemã, especialmente no sulFoto: dapd

O Exército dos Estados Unidos tem sondado dois locais no norte da Alemanha para potencialmente alocar mais tropas na Europa. Inspetores americanos visitaram recentemente duas instalações, em Bad Fallingbostel e Bergen, comunidades militares tradicionais na Baixa Saxônia que ficam próximas de uma grande área de treino da Otan.

A imprensa local estima que as bases poderiam acomodar 4 mil soldados, o contingente de uma brigada de combate. Segundo o comando responsável pelos soldados americanos na Europa, as sondagens têm como objetivo listar opções caso os governos americano e alemão aprovem um aumento de forças no futuro.

"Neste momento nenhuma decisão foi tomada. Estamos empenhados apenas em fazer um planejamento prudente", disse o Exército em comunicado.

Preocupações com a Rússia

O deputado alemão Henning Otte, correligionário da chanceler federal Angela Merkel na CDU, disse ao jornal jornal que tem incentivado o Exército a considerar a região, que já vem experimentado uma concentração de forças blindadas da Bundeswehr, o Exército alemão.

Apontando preocupações com relação à Rússia, comandantes americanos têm feito pressão para aumentar o número de forças permanentemente baseadas na Europa. O general Curtis Scaparrotti, o comandante de todas as forças americanas na Europa, disse ao Congresso dos EUA no ano passado que uma brigada de blindados deveria ficar estacionada no continente.

Duas brigadas americanas estão baseadas permanentemente na Europa: uma, no sul alemão, é composta de tropas de infantaria mecanizada; outra, com bases na Itália e na Alemanha, de tropas aerotransportadas. Cinco anos atrás, um total de quatro brigadas estava na Europa, mas elas acabaram sendo removidas como parte de um plano do governo Barack Obama que elegeu a Ásia como foco de atividades militares.

Enquanto os EUA e seus parceiros da Otan têm aumentado o número de forças temporárias na Europa Oriental nos últimos anos, o número de forças permanentemente estacionadas só vem diminuindo desde o final da Guerra Fria. Eram 300 mil soldados no final de 1980. Hoje, são apenas 62 mil.

Países da Europa Oriental, como a Polônia, têm feito pressão para o envio de tropas permanentes em seus territórios, mas os aliados ocidentais, inclusive a Alemanha, têm resistido. Eles citam um ato da Otan em 1997 que selou um acordo com a Rússia para estabelecer limites na implantação de bases permanentes nos antigos países que compunham o Pacto de Varsóvia.

Em bases permanentes, os soldados passam anos treinando no mesmo local em vez de meses. Isso tudo em conjunto com as mesmas unidades da Bundeswehr ou de outras forças aliadas da Otan. Os soldados também vêm acompanhados de suas famílias, o que ajuda a movimentar a economia da região.

Reversão da tendência

Uma nova expansão significaria uma reversão da tendência americana das últimas décadas de reduzir seus efetivos na Europa. Bases americanas costumavam povoar a paisagem alemã, especialmente no sul.

A decisão do governo Trump de aumentar os gastos com defesa em 10% (ou em 54 bilhões de dólares) está renovando as esperanças de comandantes americanos que desejam mais soldados, poder de fogo e armamentos em suas áreas.

A Otan quer frear a Rússia por meio do apoio a aliados e pelo aumento da sua presença no leste, onde a atividade militar russa tem aumentando nos últimos anos. Posicionar uma unidade americana no norte da Alemanha teria um benefício logístico para a Otan, já que a região fica próxima do porto de Bremerhaven e dos países que fazem fronteira com a Rússia.

Se os americanos ocuparem o local, suas tropas ficarão baseadas na antiga zona de ocupação britânica na Alemanha. A área de treinamento Bergen-Hohne, uma faixa de 280 quilômetros entre Bad Fallingbostel e Bergen, é o maior campo de treinamento militar da Otan na Alemanha. No ano passado, a Bundeswehr estacionou um batalhão de tanques com cerca de mil soldados na região.

Depois que as tropas britânicas deixaram a região, em 2015, o campo em Bad Fallingbostel se transformou rapidamente em um abrigo de refugiados. A região é também o lar de várias antigas construções da época nazista, incluindo antigos campos de prisioneiros, ou Stalags, na área de Bad Fallingbostel, e o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde Anne Frank morreu durante o Holocausto.

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