O povo alemão
5 de abril de 2013O povo alemão surgiu num processo que se estendeu por vários séculos, e suas origens perdem-se no tempo. A palavra Deutschland (Alemanha) compõe-se de dois elementos: enquanto land significa terra, deutsch, que só apareceu no século 8º, designava inicialmente a língua falada na parte oriental do império dos francos, que atingiu seu apogeu no reinado de Carlos Magno.
Os teutões, um povo sobre o qual pouco se sabe, podem ter sido sua origem. Consta que eles desapareceram depois de derrotados pelo comandante romano Caio Mário em 102 a.C. O nome latino Germania é derivado do alemão Gehrmann ou Wehrmann, que significa "homem de guerra" ou "homem de lança".
As primeiras referências aos germani são do século 1º a.C.. Embora provavelmente designasse populações célticas, e não germânicas, a expressão logo passou a ser empregada em obras literárias. O historiador romano Tácito e o imperador Júlio César forneceram os primeiros dados sobre os costumes dos germanos, povos bárbaros organizados em tribos, que viviam em florestas.
A vida e os costumes das diversas populações germânicas foram descritas por Tácito em sua obra Germania. No livro Sobre a Guerra Gálica, César descreve a luta contra Ariovisto, apresentado como "rei dos germanos" e grande ameaça para "toda a Gália".
O rio Reno, que os romanos cruzaram duas vezes na tentativa de subjugar a Germânia, tornara-se, já na época de César, o limite de dois mundos distintos: o latino mediterrâneo e o nórdico germânico. O imperador romano Augusto desistiu da expansão até o rio Elba (no leste da atual Alemanha) depois que o príncipe Armínio, da etnia germânica dos queruscos, derrotou três legiões na Floresta de Teutoburg. Por ter conseguido deter os romanos, Armínio – ou Hermann, como é chamado em alemão – é considerado o primeiro herói "nacional" da Alemanha.
Demorou muito, contudo, para que os povos germânicos constituíssem uma nação. Esse movimento começou com a constituição do grande Estado franco merovíngio e sua conversão ao cristianismo durante o reinado de Clóvis (481 a 511 d.C.), episódio que está ligado também à origem da França. Três séculos depois, pouco depois da morte de Carlos Magno (814 d.C.), o império começou a se desintegrar devido a partilhas sucessórias. Formou-se um império ocidental e um oriental – a fronteira política correspondia mais ou menos à fronteira linguística entre o alemão e o francês.
Aos poucos, os habitantes do império oriental desenvolveram um sentimento de união. A palavra que a princípio designava a língua passou a qualificar o povo que a falava e, depois, a região por ele habitada: Deutschland. A partir desse momento, pode-se dizer que a Alemanha adquiriu uma história própria, no contexto da Europa centro-ocidental.
Bem cedo estabeleceu-se a fronteira ocidental da Alemanha, que permaneceu relativamente estável. Já a fronteira oriental mudou várias vezes ao longo dos séculos. No ano 900, ela mais ou menos acompanhava os rios Elba e Saale. Nos séculos seguintes, o território habitado pelos alemães foi ampliado em direção ao leste, um movimento que só veio a estacionar em meados do século 14.