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O protagonismo das parteiras na Alemanha

Karina Gomes
1 de junho de 2018

No país onde a cesariana é a última opção, auxiliar de parto conhecida como Hebamme acompanha pré-natal, nascimento da criança e pós-parto, numa relação de confiança com a gestante. A formação é específica.

Hebamme bei der Untersuchung
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hiekel

No alemão antigo, Hebamme significa "a avó que levanta o recém-nascido do chão". As parteiras alemãs são tão próximas das gestantes que acabam mesmo se tornando parte da família. As profissionais que podem acompanhar a mãe do bebê antes, durante e depois do parto são altamente solicitadas na Alemanha e, se a gestação é tranquila, tem um papel até mais importante do que o médico ginecologista, que atua como coadjuvante.

As Hebammen são as protagonistas no auxílio de partos normais e naturais (sem anestesia). Elas trabalham nos hospitais e centros de parto (Geburtshaus) alemães, e o serviço é amplamente coberto pelo planos de saúde.

Para se tornar uma Hebamme, é necessário fazer uma formação técnica de dois anos e ter um registro no Conselho de Medicina e no Conselho das Hebammen do estado onde atuam. A função também é desempenhada por homens, que são chamados de Entbindungspfleger, algo como enfermeiro de parto.

A Alemanha tem uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo – 3,4 mortes a cada 1.000 recém-nascidos. O parto normal ou natural é amplamente incentivado no país e a cesariana – que corresponde a cerca de 30% dos partos – é vista como uma exceção. O procedimento cirúrgico feitos por médicos é em geral usado em último caso. Devido ao trabalho da Hebamme, as visitas das gestantes ao ginecologista não são frequentes durante o pré-natal.

A Hebamme não deve ser confundida com uma doula, que é quem oferece apoio à gestante durante o parto com massagens e exercícios e não necessita ter uma formação profissional.

As Festgestellten trabalham em hospitais e casas de parto e se revezam no atendimento das mulheres em trabalho de parto. As Beleghebammen acompanham o pré-natal a partir da 25ª semana de gestação e oferecem atendimento domiciliar. Elas estão prontas para auxiliar em dúvidas, ansiedades e medos, dar orientações sobre a gravidez e estabelecer uma relação de confiança com a gestante.

As Beleghebammen podem fazer o parto da gestante numa casa de parto onde estejam registradas caso a mãe não queira ser atendida por outra profissional ou fazer o parto domiciliar. Elas também oferecem cursos de preparação sobre a gestação – Geburtsvorbereitungskurs – às mulheres e suas famílias para preparar a chegada do bebê.

As classificadas como Nachsorgen orientam a família no pós-parto, dão orientações sobre amamentação, acompanham o ganho de peso do bebê, ensinam a dar banho, entre outras tarefas, sempre recomendando terapias alternativas. As Hebammen não são autorizadas a realizar ultrassons e não podem prescrever medicamento. Algumas famílias mantêm o acompanhamento da Hebamme por até um ano.

Nas casas de parto, o cenário é convidativo para um parto normal ou natural. O quarto tem uma cama de casal, poltronas, uma banheira espaçosa, um banco de cócoras e objetos para fazer exercícios. Todas as fases do parto ocorrem nesse quarto, desde as longas horas de contrações, o parto e atendimento ao bebê. Se tudo corre bem, a família fica descansando por algumas horas logo após após parto, para só depois o bebê receber os primeiros cuidados da Hebamme. Se tudo estiver bem, a família pode ir embora no mesmo dia.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.

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