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O que é a superterça nos EUA e no que prestar atenção

5 de março de 2024

Data na qual o maior número de estados realiza eleições primárias pode definir rumos da corrida à Casa Branca.

Trump Hailey Biden
Joe Biden, Nikki Haley e Donald Trump disputam a indicação dos seus partidosFoto: ABACA/IMAGO;AP Photo/picture alliance

Nos Estados Unidos, esta terça-feira (05/03) é chamada de superterça porque mais delegados estão em jogo, tanto do lado democrata como do republicano, do que em qualquer outra data durante a campanha das eleições primárias para a disputa pela Casa Branca.

Os delegados são os representantes dos estados na convenção nacional que vai decidir quem será o candidato do partido na eleição presidencial de 5 de novembro. Eles depois votam segundo os resultados das eleições primárias nos seus estados.

Até aqui tudo indica que a eleição de novembro será uma repetição do duelo entre o democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump. Assim, o aspecto mais interessante desta superterça são os sinais que ela pode enviar de quais são os pontos fracos na campanha de cada um.

Republicanos

Do lado republicano, 15 estados realizarão disputas, incluindo os dois mais populosos, a Califórnia e o Texas. Mais de um terço dos delegados – 865 de um total de 2.429 – serão distribuídos. Pelo menos 1.215 são necessários para assegurar a indicação.

Alabama, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Vermont e Virgínia estão realizando primárias. Dois estados, Alasca e Utah, estão realizando caucuses.

Apenas entre os republicanos há uma disputa de fato, entre o ex-presidente Donald Trump e a ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos EUA na ONU Nikki Haley. Trump, que é forte favorito e pode praticamente garantir sua nomeação nesta terça-feira, soma 276 delegados. Halley tem 43.

Trump venceuquase todas primárias republicanas realizadas até aqui, incluindo Iowa, New Hampshire, Nevada, Carolina do Sul, Michigan, Idaho e Missouri.

Haley obteve, no domingo passado, a sua única vitória, na capital dos Estados Unidos, Washington DC, com perto de dois terços dos votos. Porém, Washington DC só tem 19 delegados (que foram todos para ela).

Analistas dão como certo que Trump vá levar a maioria dos delegados. Assim, as atenções se voltam sobretudo para o desempenho dele, em especial entre eleitores republicanos moderados e independentes, que têm demonstrado preferência por Haley.

As pesquisas de opinião mostram que Trump é o amplo favorito na Califórnia e no Texas, bem como em estados como Alabama, Maine e Minnesota. Sua campanha projeta que ele ganhará pelo menos 773 delegados nesta superterça e terá assegurada a indicação uma ou duas semanas depois.

Trump tem insistido para que Haley desista, mas ela já prometeu ficar na disputa. Antes desta superterça, Haley cruzou o país, numa agenda de viagens agressiva. Após sua derrota na Carolina do Sul, em 24 de fevereiro, ela disse que os eleitores "têm o direito a uma escolha real, não uma eleição no estilo soviético, com apenas um candidato".

Democratas

Do lado democrata estão em jogo nesta terça-feira 1.420 delegados, e são necessários 1.968 para assegurar a indicação. Porém, o presidente Joe Biden, que soma 206 delegados, não enfrenta uma real concorrência. Seus dois oponentes não garantiram nenhum delegado para si até o momento e não são vistos como uma ameaça à candidatura do presidente.

A principal preocupação entre os democratas é que os eleitores repitam o comportamento das eleições primárias no Michigan, onde 13% escolheram a opção "não comprometido", revelando que não querem nenhum dos três candidatos, o que pode indicar que o partido terá dificuldades na eleição de 5 de novembro.

Os mesmos 15 estados listados acima, exceto o Alasca, estão realizando primárias democratas, e a eles se soma Samoa Americana, um território dos EUA, que realizará caucuses. Há ainda Iowa, onde os caucuses democratas foram realizados em janeiro, inteiramente pelo correio, e cujos resultados serão divulgados nesta terça-feira.

Primárias e caucuses

Tanto as primárias como os caucuses são eleições indiretas, nas quais os eleitores escolhem os delegados que irão depois escolher o candidato do partido à presidência dos Estados Unidos.

Nas primárias, a votação ocorre por meio de voto secreto depositado numa urna. Alguns estados realizam primárias fechadas, nas quais somente os membros declarados do partido podem participar. Nas primárias abertas, todos os eleitores podem participar, independentemente da filiação partidária.

Os caucuses são assembleias realizadas pelos partidos políticos, geralmente em condados ou distritos eleitorais. Na maioria deles, os participantes se dividem em grupos de acordo com o candidato que apoiam. No final, o número de eleitores em cada grupo determina quantos delegados cada candidato ganhou.

O que mais observar?

Mais do que nos resultados propriamente ditos, analistas políticos estarão de olho nas performances dos candidatos, sobretudo do lado republicano, e tentarão entender o que elas dizem sobre as chances de cada um.

As atenções vão se voltar, por exemplo, para a Carolina do Norte, um estado que está sendo visto como um swing state em 2024, ou seja, onde tanto os republicanos como os democratas têm chance de vencer na eleição de novembro – e que pode assim ser decisivo para o resultado final.

Em 2020, Trump venceu nesse estado por uma pequena margem. O estado permite que os eleitores que não são filiados a um partido, ditos independentes, participem de qualquer primária que escolherem, o que pode elevar o desempenho de Haley.

Um aspecto importante desta superterça é que em muitos estados haverá primárias abertas, como na Virgínia, em Vermont e na já mencionada Carolina do Norte, o que pode influenciar decisivamente nos resultados de Trump e de Haley e indicar possíveis dificuldades para o candidato na eleição presidencial. Onze das primárias republicanas serão abertas.

Suprema Corte reverte decisão de estados

Nesta segunda-feira, ou seja, na véspera da superterça, a Suprema Corte também reverteu uma decisão dos estados de Maine e do Colorado, que haviam tentado eliminar Trump das eleições primárias com o argumento de que ele teria incitado à insurreição ao incentivar seus apoiadores a invadirem o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Os juízes argumentaram que essa decisão cabe apenas à Suprema Corte e não pode ser tomada pelos estados.

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