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O que é o metaverso?

Kristie Pladson
21 de outubro de 2021

O Facebook quer um dia ser visto como uma empresa de metaverso, um mundo paralelo baseado na realidade virtual que pode ser o futuro da internet.

Mulher com óculos de realidade aumentada
O metaverso une elementos de redes sociais, realidade aumentada, games online e criptomoedasFoto: imago/Westend61

O dia foi longo. Você passou a manhã indo de uma reunião para a outra, e no intervalo entre duas delas bateu um papo com uma colega no corredor sobre um show a que ambas vão assistir, à noite. Vocês se encontram no local do show depois do trabalho, ansiosas para ver ao vivo a banda favorita de K-pop. Quando o show acaba, você compra uma camiseta e tenta esquecer que acabou de ver o ex-namorado por lá.

Seria apenas um dia normal não fosse um aspecto: você fez tudo isso sem sair de casa, pois você esteve no metaverso.

O que é o metaverso?

O metaverso não tem um criador único ou mesmo uma definição. Ele pode ser vagamente definido como uma realidade digital, relacionada à World Wide Web, mas com elementos de redes sociais, realidade aumentada, games online e criptomoedas que permitem aos usuários agir e interagir virtualmente.

O conceito ainda está na sua infância, mas o potencial é enorme, e alguns analistas afirmam que o metaverso é o futuro da internet.

"Estou plenamente convencido de que o metaverso será uma nova economia muito maior do que a nossa atual economia", afirmou o presidente da fabricante de processadores gráficos Nvidia, Jensen Hang.

A Nvidia, uma empresa cujos investimentos no metaverso já levaram alguns especialistas a afirmarem que ela um dia poderá valer mais do que a Apple, é apenas uma das muitas empresas que tentam se impor nessa nova corrida do ouro. Outras são a Epic Games e a veterana Microsoft.

Uma reunião virtual no metaverso, segundo a concepção do FacebookFoto: Facebook/dpa/picture alliance

O Facebook também já está investindo há anos em realidade virtual e em realidade aumentada para o metaverso. O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, disse esperar que, um dia, as pessoas deixem de ver a empresa como uma rede social e passem a vê-la como uma empresa de metaverso. Nesta semana ele elevou ainda mais seus investimentos ao anunciar a contratação de 10 mil pessoas na Europa para ajudar a desenvolver o metaverso.

União de vários mundos

"Em vez de apenas ver o conteúdo, você está dentro dele", explicou Zuckerberg numa entrevista ao blog de tecnologia The Verge, contrastando a ideia do metaverso com as atuais páginas bidimensionais da internet.

Variações do metaverso já existem há anos, seja nas redes sociais, na realidade virtual e nos games online, seja no mundo das criptomoedas.

Jogos interativos ou de construção de mundos, como Second Life, Fortnite, Minecraft e Roblox, têm, todos, elementos do metaverso. Neles, os usuários podem trabalhar e colaborar, participar de eventos e trocar dinheiro real por mercadorias e serviços virtuais.

Porém, até aqui esses são mundos fechados. Visionários do metaverso preveem uma realidade virtual na qual alguém pode se mover livremente entre esses diferentes mundos digitais. Usuários poderiam até mesmo ter uma única identidade virtual, na forma de um avatar, e o capital em dinheiro que eles têm num mundo valeria também no outro. Todo mundo pagaria usando uma criptomoeda universalmente aceita.

NFTs e criptomoedas

A questão dos pagamentos é especialmente relevante para as criptomoedas. Essas moedas virtuais fazem cada vez mais sucesso, em parte porque mais pessoas já ouviram falar em tokens não fungíveis (NFTs), uma tecnologia que pode desempenhar um papel-chave no metaverso.

NFT é um tipo de ativo digital que representa algo único, portanto não pode ser substituído por outra coisa. Eles são verificados e armazenados por meio da tecnologia blockchain.

Um NFT de uma imagem digital, CryptoPunk #7523, foi vendido em junho de 2021 por 11,8 milhões de dólares. No início deste mês, a Dolce & Gabbana vendeu uma coleção de roupas em forma de NFTs. Alguns dos itens podem ser vestidos por avatares.

NFT da imagem "CryptoPunk #7523" foi vendida por 11,8 mihões de dólares pela Sotheby'sFoto: Cindy Ord/Getty Images

Em mundo virtuais que já foram criados, usuários estão pagando centenas de milhares de dólares em criptomoedas para comprar NFTs de imóveis digitais. A empresa leiloeira Sotheby's recentemente adquiriu seu próprio bloco de imóveis digitais, que ela usou para construir uma réplica de suas galerias em Londres e realizar um show de artes virtuais.

As transações com a maioria dos NFTs, bem como as posses deles, estão registradas na blockchain Ethereum, a rede que hospeda ether, a segunda criptomoeda mais usada (a primeira é o bitcoin. CryptoPunk #7523 foi paga em ether). Isso faz com que NFTs e Ethereum estejam numa posição vantajosa para se tornarem a espinha dorsal do metaverso. Isso poderia legitimar as criptomoedas como forma de pagamento, acelerando a aceitação delas pelo público em geral.

O efeito covid-19

Provavelmente ainda vão se passar décadas até a funcionalidade total do metaverso ser alcançada. Tecnologias centrais, em especial de realidade aumentada, ainda precisam se tornar mais comuns, e além disso o metaverso traz consigo inúmeras questões legais.

E para criá-lo será necessário um grau de cooperação tecnológica entre as empresas que parece irreal quando se pensa, por exemplo, nos inúmeros modelos de cabos para carregar telefones celulares.

Mas também é verdade que a covid-19 impulsionou o desenvolvimento do metaverso. Esforços de digitalização tiveram um grande impulso depois de a crise sanitária ter obrigado milhões de pessoas em todo o mundo a trabalharem de casa, e plataformas como Slack ou Teams familiarizaram as pessoas com conceitos centrais do metaverso. Muitas empresas já estão tentando recriar digitalmente, para quem trabalha em casa, a espontaniedade das interações humanas nos escritórios.

O metaverso ainda está na sua infância, mas a Bloomberg Intelligence, o braço de pesquisas do conglomerado Bloomberg, calculou, em julho, que ele poderá ser um mercado de 800 bilhões de dólares já em 2024.

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