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O que é o sistema de defesa antiaérea Patriot

Publicado 22 de novembro de 2022Última atualização 15 de julho de 2025

Sistema americano foi projetado para neutralizar diversos tipos de ameaças aéreas, como mísseis, aviões e drones maiores. EUA retomarão envio do armamento à Ucrânia.

Dois caminhões militares com baterias de mísseis e antenas
Sistemas Patriot oferecem aos países uma sensação de segurança contra ameaças aéreas Foto: Bernd Wüstneck/dpa/picture alliance

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que vai enviar mísseis do sistema de defesa antiaérea americano Patriot para a Ucrânia para auxiliar o país a repelir os constantes ataques aéreos russos que atingem o front de batalha, mas também o interior do país.

O anúncio ocorre poucas semanas após Trump suspender o suprimento de armas à Kiev. Segundo o presidente americano, a União Europeia pagará integralmente o valor dos novos mísseis. 

Até o momento, não há confirmação sobre o número de unidades Patriot que serão enviadas. Entretanto, a Alemanha concordou em pagar a conta de pelo menos duas baterias de mísseis deste tipo. 
Durante o governo do ex-presidente americano Joe Biden, o sistema antiaéreo já havia sido provido à Kiev. 

Defesa antiárea versátil

Fabricado pelo conglomerado aeroespacial e de defesa dos EUA Raytheon, o MIM-104 Patriot é um sistema de mísseis terra-ar concebido inicialmente no início dos anos 60 para interceptar aeronaves. Ele foi modificado na década de 1980 para se concentrar na nova ameaça dos mísseis balísticos táticos.

A Raytheon diz que planeja seguir incorporando novos desenvolvimentos técnicos no sistema até pelo menos 2048. Em sua atual iteração, o Patriot pode defender um território contra mísseis balísticos táticos, mísseis de cruzeiro, drones, aeronaves e "outras ameaças". 

Os sistemas Patriot são fornecidos em baterias móveis que incluem um centro de comando, uma estação de radar para detectar ameaças recebidas e lançadores. Em 2022, o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede nos EUA, avaliou o custo do sistema em mais de 1 bilhão de dólares (R$ 5,59 bilhões).

O armamento cobre uma distância de cerca de 68 quilômetros, de acordo com as Forças Armadas da Alemanha. Seu radar pode rastrear até 50 alvos, e atacar cinco deles de uma só vez. Dependendo da versão em uso, os mísseis interceptadores podem atingir uma altitude de mais de dois quilômetros e atingir alvos a até 160 quilômetros de distância.

Cada unidade requer cerca de 90 soldados para a sua operação, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank americano.

Entretanto, as forças russas também usam dispositivos menores, tais como mini drones que se mantêm mais próximos do solo e são mais difíceis para o sistema Patriot rastrear e interceptar.

Diversos países já utilizam o modelo de defesa, como Holanda, Alemanha, Japão, Israel, Arábia Saudita, Kuwait, Taiwan, Grécia, Espanha, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Romênia, Suécia, Polônia, Bahrein e Suíça.

Sistema é fabricado pelo conglomerado americano aeroespacial e de defesa RaytheonFoto: Sebastian Apel/U.S. Department of Defense/AP/picture alliance

Alemanha envolvida nas negociações

O anúncio de Trump ocorre no momento em que o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, está indo para Washington para se reunir com autoridades de defesa dos EUA. O país europeu é dono de 12 unidades do sistema. 

Lá, espera-se que ele discuta os detalhes do acordo com o secretário de defesa Pete Hegseth, bem como a relação entre os EUA e a OTAN.

Ele também discutirá qual é a posição do novo governo em relação a um acordo intermediado por Biden para implantar sistemas de mísseis de longo alcance dos EUA na Alemanha no próximo ano.

A visita ocorre em meio à campanha contínua da Alemanha para apoiar a Ucrânia, especialmente em vista da redução do apoio dos EUA desde que Trump retornou à Casa Branca.

A própria Alemanha também ofereceu seus mísseis Patriot à Polônia em 2022 para o país membro da Otan se proteger de uma eventual ofensiva russa. 

No caso da Ucrânia, embora Berlim tenha concordado em pagar pelo armamento americano, Pistorius confirmou que não enviará seus mísseis Taurus de longo alcance para apoiar o esforço de guerra.

O Taurus KEPD 350 é um míssil de cruzeiro conjunto da Alemanha e da Suécia que é lançado de uma aeronave. Enquanto os Patriots podem atingir alvos em um raio de 160 quilômetros e são lançados do solo, o Taurus, como um sistema de longo alcance, tem um alcance muito maior, de até 500 quilômetros.

Patriot já foi usado em combate

O Patriot já foi usado em diversos combates. Seu primeiro uso em situação real de conflito foi em 1991, quando defendeu os militares dos EUA e da coalizão, bem como áreas povoadas em Israel, contra os mísseis Scud iraquianos durante a Operação Tempestade no Deserto. 

Na época, oficiais dos EUA e da Raytheon celebraram a eficácia do Patriot, mas pesquisas independentes posteriormente questionaram esses resultados. O sistema é diferente do conhecido "Domo de Ferro" israelense

No incidente mais mortal, um ataque com míssil Scud matou 28 militares dos EUA em seus alojamentos na Arábia Saudita quando os Patriots que os protegiam não conseguiram interceptar o míssil que chegava.

As modernizações seguintes melhoraram a eficiência do sistema. O Patriot foi novamente enviado para o Iraque em 2003, durante a guerra liderada pelos EUA naquele país. Diversos lançamentos de testes desde então resultaram em intercepções bem-sucedidas, embora vários mísseis Patriots sejam com frequência necessários para deter uma única ameaça.

Sistema é móvel e exige 90 militares em sua operaçãoFoto: Dominika Zarzycka/NurPhoto/picture alliance

Custo dificulta operação

O maior desafio do Patriot, em vez de acompanhar a tecnologia inimiga, pode ser o custo de fazer isso. A primeira aquisição do Patriot pela Polônia custou 4,75 bilhões de dólares (R$ 26 bilhões), mais de um quarto do orçamento de Defesa proposto pelo país para 2023. Um único teste de interceptação, de acordo com o RAND, um grupo de pesquisa de defesa sediado nos EUA, pode custar até 100 milhões de dólares (R$ 559 milhões).

Muitas das ameaças que o Patriot enfrenta, como os drones, custam uma pequena fração disso. Para ajudar a dividir os custos, alguns membros da Otan concordaram, em outubro, em tratar conjuntamente suas necessidades de defesa antiaérea, incluindo a compra de mais unidades Patriot.

Ucrânia testa alternativas; Rússia reage

Ucrânia usou uma série de armas para combater os ataques russos, além do Patriot. Entre elas estão os sistemas de defesa aérea de curto alcance, como os Buks e S-300s de fabricação russa, os mísseis Hawk de antiga geração fabricados nos EUA e os modernos sistemas SAM, como o NASAMS.

O país também usou mísseis ATACMS fabricados nos EUA, que têm um alcance de 300 quilômetros, depois que Biden suspendeu a proibição de seu uso nos últimos meses de seu mandato presidencial.

O Kremlin alertou anteriormente o governo Biden para não enviar sistemas Patriot para a Ucrânia.
As tensões entre Trump e Putin aumentaram nas últimas semanas. O americano ameaçou sancionar Moscou se o presidente russo não chegar a um cessar-fogo em 50 dias. 

Em resposta ao anúncio de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os EUA continuam envolvidos no conflito, apesar de prometer o contrário. "Agora parece que esses suprimentos serão pagos pela Europa, alguns serão pagos, outros não. O fato é que o fornecimento de armas, munições e equipamentos militares dos Estados Unidos continuou e continua para a Ucrânia", disse. 

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