Pesquisadores conseguiram associar sons emitidos durante a fala a padrões de atividades cerebrais. O princípio assemelha-se ao do reconhecimento de voz de celulares e pode dar esperança a pacientes.
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"A ideia é bem simples: transformar sinais enviados pelo cérebro durante a fala em palavras e frases", diz Tanja Schultz, cientista da computação do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, na Alemanha. Graças a circunstâncias inusitadas, sua equipe conseguiu observar o cérebro humano durante a fala.
Sete pacientes com epilepsia colocaram-se à disposição para testes nos Estados Unidos. Uma rede de eletrodos foi colocada diretamente sobre o córtex cerebral deles, e, então, os médicos aguardaram por ataques epilépticos para fazer medições necessárias.
"O objetivo desse tipo de exame é descobrir em que locais do cérebro a epilepsia começa e que pontos os médicos podem eventualmente manipular para diminuir o número de ataques", diz Schultz.
Para os exames, os pacientes precisaram ficar entre uma e duas semanas numa clínica, com o cérebro exposto. Eles tomaram anestesia local para não sentir dor, mas ficaram totalmente conscientes. Inicialmente, as redes de eletrodos não tinham como objetivo estudar a fala e como ela é formada no cérebro, mas elas ofereceram as condições ideias para os pesquisadores de Karlsruhe.
Schultz pediu aos pacientes que lessem pequenos textos em voz alta. Os sinais de atividade cerebral emitidos durante a leitura foram gravados pelos cientistas e sincronizados com os sinais acústicos da fala.
"Com base nos sinais acústicos, conseguimos associar cada um dos sons às respectivas ondas cerebrais", afirma Schultz. Para isso, os pesquisadores usaram sistemas de reconhecimento de voz convencionais.
Protótipos diferente para idiomas diferentes
A língua falada durante os testes foi o inglês. Para todos os sons do idioma, os pesquisadores criaram protótipos, chegando a 50 deles. "Se fossemos fazer isso para o alemão, então precisaríamos de cerca de 60 protótipos. Mas tanto faz se aprendemos 60, 50 ou 40 protótipos. O princípio básico é o do tradicional reconhecimento de voz, como o embutido em muitos celulares", diz Schultz.
A única e importante diferença é que o sistema de reconhecimento de voz tradicional é abastecido com sinais acústicos, ou seja, ondas sonoras, e não cerebrais. "Com essa estratégia, estabelecemos para cada som uma espécie de banco de dados com protótipos de padrões de atividades cerebrais, verificados toda vez que esse som é produzido."
A partir de um som é possível identificar o respectivo padrão de atividade cerebral e vice-versa: a partir de padrões de atividades cerebrais, identificam-se os sons correspondentes. O resultado é a fala.
Esperança para pacientes
Para os testes, os pacientes leram textos curtos, mas os pesquisadores têm esperança de que o princípio também funcione quando palavras e textos não são lidos em voz alta, mas apenas em pensamento.
Num futuro distante, o princípio chamado de "brain to text" (do cérebro para o texto) talvez possa ajudar pacientes vítimas da síndrome do encarceramento a se comunicar. Essas pessoas têm plena consciência, mas não são capazes de controlar nenhum músculo do corpo.
"A esperança seria que esses pacientes pensassem em dizer algo e que, com a nossa tecnologia, os sinais no cérebro possam ser transformados imediatamente em palavras e, então, expressados", diz Schultz.
"Com essa tecnologia, podemos observar o cérebro durante a fala e ter um melhor entendimento de que regiões do cérebro participam da fala e como elas reagem entre si. Assim, talvez seja possível dar voz aos pacientes com síndrome do encarceramento." A cientista está confiante e tem esperança de ver isso se tornar realidade.
Idioma alemão: uma relação de amor e ódio
Em levantamento sobre o aprendizado da língua, Brasil aparece em destaque, com um aumento de 30% no número de alunos. Já na Rússia, o alemão é cada vez menos popular.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Jähnel
Brasil
No país que abriga a segunda maior Oktoberfest do mundo, cada vez mais pessoas querem aprender alemão. De acordo com um levantamento do Ministério de Exterior alemão, o número de brasileiros que estudam o idioma aumentou 30% em relação a 2010 e está na casa dos 135 mil. Muitos jovens aprendem a língua com a intenção de estudar e trabalhar na Alemanha e, assim, ter melhores chances profissionais.
Foto: Getty Images
Polônia
A Polônia é o país que abriga o maior número de estudantes de alemão: cerca de 2,3 milhões. A maioria deles (em torno de 2,1 milhões) aprende o idioma na escola. Um dos motivos para o fenômeno é a proximidade entre os dois países. No entanto, em relação a 2010, o número de alunos de alemão diminuiu 8%.
Foto: Tobias Tanzyna/DPJW
Índia
Desde 2010, o número de estudantes que aprendem alemão na Índia aumentou mais de cinco vezes, chegando a 154 mil, segundo o levantamento feito pelo Ministério do Exterior alemão, em parceria com o Instituto Goethe e o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). O aumento no número de entusiastas da língua alemã deve-se principalmente à expansão econômica do país.
Foto: picture-alliance/David Ebener
França
Com cerca de 1 milhão de estudantes, a França é o quarto país com mais alunos de alemão, atrás apenas da Polônia, da Grã-Bretanha e da Rússia, em números absolutos. Ao estudarem alemão, muitos franceses focam em melhores oportunidades profissionais. A tendência é que o número de estudantes do idioma se mantenha estável no país.
Foto: picture-alliance/dpa/AP Images
Egito
O número de egípcios que estuda alemão chegou a 229 mil, um aumento de 129% em relação a 2010. O principal motivo seria o crescimento da população do país do norte da África, ao mesmo tempo em que o alemão torna-se uma língua cada vez mais popular. Cerca de 5% das escolas do Egito têm a língua alemã como parte do currículo.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Scholz
China
Acompanhando a expansão econômica chinesa, o número de estudantes de alemão no país vem crescendo nos últimos anos. Hoje são 117 mil alunos – o dobro do que havia em 2010. A Alemanha é vista como um parceiro comercial confiável, e muitos jovens chineses escolhem o país europeu para estudar. Entre os países que não têm o inglês como língua oficial, a Alemanha é o favorito dos estudantes chineses.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Büttner
Indonésia
Na Indonésia, 187 mil pessoas aprendem alemão, 75% a mais do que no levantamento anterior, feito há cinco anos. Assim como para os chineses, para os jovens indonésios, a Alemanha é um destino popular para estudos no exterior.
Foto: Bay Ismoyo/AFP/Getty Images
Camarões
Em números absolutos e relativos, Camarões lidera o ranking de alunos de alemão no continente africano. No entanto, há estatísticas sobre apenas alguns países da África. Em Camarões, apesar das dificuldades, a quantidade de estudantes do idioma aumentou 10% nos últimos cinco anos e, agora, está na casa dos 220 mil. Ao mesmo tempo, um quinto das crianças camaronesas não frequenta a escola.
Foto: Dirke Köpp
Finlândia
Na Finlândia, o número de pessoas que estudam alemão diminuiu 29% nos últimos cinco anos, acompanhando a tendência verificada em toda a Escandinávia. Outras línguas estrangeiras, como o espanhol, vêm ganhando popularidade no país, o que faz com que menos alunos optem pelo idioma germânico. Em 2015, foram apenas 38 mil. Também por causa da demografia, o número de alunos em geral vem diminuindo.
Foto: picture-alliance/dpa
Rússia
O número de russos que aprendem alemão caiu 30% desde 2010, para 1,5 milhão. Assim como na Finlândia, o número alunos em geral também vem diminuindo na Rússia, e cerca de 9% de todos os estudantes russos ainda estudam o idioma alemão. Muitos deles elegem o idioma como primeira língua estrangeira, antes do inglês.
Foto: Reuters/M. Zmeyev
Estados Unidos
Apenas 0,07% de todos os alunos de escolas dos EUA aprendem alemão. Em números absolutos, são 400 mil. Somente 20% de todos os estudantes americanos aprendem uma língua estrangeira, e a maioria prefere o espanhol devido à proximidade geográfica. O francês também ainda é mais popular do que o alemão.
Foto: Reuters
África do Sul
Somente uma pequena parcela dos alunos de escolas sul-africanas estuda alemão: em torno de 0,06%, ou seja, 7.900 pessoas — número estável em comparação a 2010. No país, que tem 11 línguas oficiais, idiomas mais presentes na África, como francês e português, são fortes concorrentes do alemão.
Foto: DW/D. Späth
Austrália
Na Austrália, assim como em outros países de língua inglesa, o aprendizado de um idioma estrangeiro não tem tanta importância. De todos os estudantes australianos, apenas 3% aprendem alemão. A maioria prefere línguas como espanhol ou chinês. Ainda assim, o interesse cresceu um pouco em relação a 2010: há 2,5% mais de alunos, hoje, aprendendo o idioma.
Foto: Imago/Jan Huebner
Japão
O número de pessoas que estudam alemão no Japão diminuiu desde 2010, ao contrário da tendência verificada em muitos países asiáticos. Hoje, apenas 3,3 mil japoneses aprendem alemão, 16% a menos do que há cinco anos. Os japoneses costumam preferir estudar chinês ou coreano, e o francês também é relativamente popular no país.