Pasta registra queda de dois ministros em menos de um mês, com presidente exigindo submissão de titulares em temas como promoção da cloroquina, afrouxamento drástico do isolamento e minimização dos efeitos da pandemia.
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Cloroquina, isolamento social, gravidade da covid-19. O presidente Jair Bolsonaro tem uma visão sobre esses temas e como enfrentar a pandemia. Já seus dois últimos ministros da Saúde tinham outra. Nesta sexta-feira (15/05), divergências sobre esses aspectos provocaram a queda de Nelson Teich meros 27 dias após a sua nomeação.
Antes dele, Luiz Henrique Mandetta já havia deixado o cargo. A segunda queda ocorre no momento em que o país acumula mais de 14 mil mortos por covid-19, dentro de um ritmo que chega a 800 óbitos por dia.
Teich havia sido nomeado em abril com a expectativa de um maior alinhamento com Bolsonaro, que contrariando o consenso científico, vem defendendo uma adoção ampla da cloroquina no tratamento da covid-19, um isolamento parcial de grupos de risco e minimizando a gravidade da pandemia.
O ex-ministro, um bem-sucedido médico da área privada mas sem experiência no setor público, não chegou a escancarar publicamente suas discordâncias com Bolsonaro de maneira tão explícita como Mandetta. Na sua coletiva de despedida, nem sequer explicou os motivos da saída, mas mais uma vez ficou claro que Bolsonaro só aceita a manutenção de ministros que aceitem uma subordinação completa ao chefe.
Em disputas que resultaram na queda de outros ministros, Bolsonaro conseguiu impor novos nomes que acabaram cumprindo ou silenciando sobre seus planos. A saída de Sergio Moro da Justiça marcou a entrada do até agora dócil André Mendonça, que não se opôs às trocas na Polícia Federal. A queda de Santos Cruz da Secretaria de Governo em junho de 2019, retirou do governo um crítico da rede de apoio radical do presidente na internet. No lugar, entrou Luiz Eduardo Ramos, que nunca mencionou o assunto
O desempenho de Teich era criticado por autoridades estaduais e membros da comunidade médica, em especial em relação à lentidão no aumento do número de testes e na compra de respiradores, mas esses fatores não parecem ter pesado no desgaste com Bolsonaro.
Entre os cotados para o lugar de Teich estão o general Eduardo Pazuello, que ocupa a secretaria-executiva na pasta. Mas, quem quer que seja o nomeado, parece certo que ele não durará no cargo se não estiver alinhado com o presidente nos temas abaixo:
Procura-se um promotor da cloroquina
Bolsonaro mencionou a cloroquina pela primeira vez em 21 de março, dois dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falar sobre o fármaco. Fã declarado do americano, o brasileiro logo abraçou com entusiasmo o remédio, normalmente usado no tratamento da malária, artrite e lúpus.
Mesmo antes de Trump falar da droga, o suposto potencial da cloroquina já vinha sendo propagado em círculos de extrema direita na internet que promovem teorias conspiratórias e desconfiança contra o establishment científico.
Para Bolsonaro, a existência de um suposto tratamento eficaz se encaixou na sua estratégia de instar os brasileiros a voltar ao trabalho. "Ele quer um medicamento para que as pessoas sintam confiança, para retomar a economia. E isso a pessoa fica na sua tranquilidade achando que o medicamento resolve o problema", disse nesta sexta o ex-ministro Mandetta ao jornal Correio Braziliense.
Transformada em arma política, a cloroquina ainda não demonstrou sucesso em estudos pelo mundo. Duas pesquisas recentes não encontraram relação entre o uso e a redução da mortalidade pela covid-19 e também apontaram para efeitos colaterais graves. Por conta de resultados assim, a Organização Mundial da Saúde continua a apontar que "não há tratamento específico para a doença causada pelo novo coronavírus".
A falta de comprovação científica não inibiu Bolsonaro, que ainda em março transformou a cloroquina em um novo tema da sua "guerra cultural". No dia 29 de março, ele afirmou que a droga seria uma "cura". "Deus é brasileiro, a cura tá aí", disse. "Está dando certo em tudo que é lugar." Ele também apareceu segurando caixas do remédio, o que provocou uma corrida às farmácias.
Bolsonaro ainda usou um pronunciamento em cadeia nacional para promover a droga e ordenou que os laboratórios das Forças Armadas passassem a produzi-la em larga escala. Nas redes sociais, membros do seu círculo radical e apoiadores passaram a atacar figuras que pediam cautela na adoção generalizada, afirmando que eles "torciam pelo vírus". Alguns apoiadores subiram a hashtag #RemédiodoBolsonaro. No meio dessa discussão, temas como falta de respiradores, leitos de UTI e outras medidas parecem ter ficado em segundo plano nas prioridades do presidente.
Mandetta, o antecessor de Teich, não compartilhava o entusiasmo de Bolsonaro pelo remédio. No final de março, ele afirmou que a cloroquina não era "uma panaceia" e advertiu sobre os riscos de automedicação. Nos bastidores, ele também resistiu a endossar um decreto que estava sendo preparado pelo Planalto para liberar profissionais da saúde e pacientes graves da doença a usar a cloroquina.
Ele chegou a ceder um pouco. No dia 7 de abril, apontou que médicos poderiam prescrever cloroquina desde que eles se responsabilizassem. Não foi suficiente. As diferenças sobre a cloroquina e outros pontos acabaram provocando a queda de Mandetta.
Nas últimas semanas, Trump deixou de lado seu entusiasmo inicial pela cloroquina e parou de mencionar o remédio. Bolsonaro chegou a seguir o exemplo por alguns dias na segunda metade de abril, mas a queda de braço com Teich escancarou que continuou um entusiasta do remédio. Nos últimos dias, passou a cobrar a adoção de um protocolo para que o medicamento seja ministrado também para os casos leves da covid-19.
Na terça-feira, Teich expôs sua posição (e pareceu selar o seu destino) ao advertir sobre os riscos da cloroquina no Twitter. "Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica", escreveu.
Nesta sexta-feira, antes da saída de Teich, Bolsonaro já havia avisado que o protocolo sobre uso da cloroquina no tratamento de pacientes com covid-19 seria alterado para se adequar à sua visão.
Contra o isolamento social
No início de março, quando o Brasil passou a registrar as primeiras mortes por covid-19, governadores e prefeitos brasileiros impuseram medidas drásticas de isolamento, como proibição de viagens interestaduais e fechamento do comércio. No início da segunda quinzena de março, Bolsonaro já começou a afirmar que as medidas prejudicariam "o trabalhador" e que os governadores estavam sendo levados pela "histeria".
Nas redes sociais, apoiadores do presidente, instigados por contas ligadas à família Bolsonaro, passaram a pedir o impeachment de governadores e a organizar carreatas para pedir o fim das medidas de isolamento. O presidente chegou a falar por vídeo com os participantes de uma carreata em Manaus.
A campanha se intensificou no final de março, quando Bolsonaro transformou sua oposição às medidas de isolamento estaduais em ações sistemáticas, passando a visitar lojas e provocar aglomerações no Distrito Federal. Nas ocasiões, defendeu repetidamente que a população voltasse ao trabalho. O primeiro passeio, em 29 de março, ocorreu logo depois de o então ministro Mandetta reforçar, em coletiva, que a população ficasse em casa.
Bolsonaro vem defendendo uma forma de isolamento parcial (ou vertical), que incluiria apenas idosos e pessoas com doenças crônicas, uma medida que vai na contramão das ações que vêm sendo tomadas pelos países mais atingidos pelo coronavírus. O presidente chegou a afirmar friamente em que "alguns vão morrer", mas que não se pode "parar uma fábrica de automóveis porque tem mortes no trânsito".
Mandetta chegou a endossar algumas críticas de Bolsonaro aos governadores, afirmando que qualquer medida drástica, como fechamento de rodovias, não poderia ser tomada unilateralmente, e no início de abril chegou a dizer que o isolamento poderia ser afrouxado em locais onde o sistema de saúde não estivesse sob pressão. Por outro lado, nunca adotou a mesma retórica incendiária do presidente e nunca defendeu o isolamento vertical. O então ministro também desafiou o presidente ao defender medidas de distanciamento social e afirmar que a população deveria ouvir os governadores.
Teich, o sucessor de Mandetta, foi nomeado para encontrar uma fórmula de enfrentamento da pandemia que conciliasse a continuidade da economia. Ele disse na posse que havia um "alinhamento completo" entre ele e Bolsonaro, mas logo passou a sinalizar divergências e reconheceu a eficácia de medidas de isolamento. "Não tem como ter liberação de isolamento quando há uma curva em franca ascendência", disse no final de abril. No início de maio, disse que o "lockdown", o tipo de isolamento mais duro, poderia ser necessário em alguns lugares.
Minimizar a pandemia
Bolsonaro já chamou a covid-19 de "gripezinha" e "resfriadinho" e classificou a pandemia de "histeria". Em março, ele também pôs em dúvida, sem apresentar qualquer prova, o número de casos do novo coronavírus no estado de São Paulo, que lidera o número de mortes no país. "Não tô acreditando nesses números de São Paulo", disse em entrevista à TV Bandeirantes. "Para nós, aqui no Brasil, pode ser que não seja tudo isso que aconteceu em alguns países"
Ele também já disse, novamente sem apresentar provas ou qualquer estudo, que a maioria das mortes na Itália, um dos países mais atingidos pela pandemia no mundo, "não tiveram nada a ver com o vírus".
Quando Mandetta ainda ocupava a pasta de Saúde, as redes ligadas à família Bolsonaro criticavam o ministério por não destacar o número de "curados" da covid-19. Recentemente, a Secretaria de Comunicação do Planalto passou a divulgar um "Placar da Vida" para chamar a atenção para esses números. Membros do governo continuam a usar a internet para questionar a quantidade de mortes.
Nesta sexta-feira, uma coletiva do Ministério da Saúde liderada pelo Walter Braga Netto, tentou vender a versão de que o país tem proporcionalmente bem menos mortes do que vários países europeus afetados pela pandemia, como se a situação não fosse tão ruim e o governo estivesse no caminho certo.
No final de março, Mandetta, sempre sob pressão de Bolsonaro, chegou a abraçar rapidamente a cartilha bolsonarista, afirmando que a imprensa era "sórdida" por supostamente só publicar notícias negativas, como "óbitos". "Nunca vai ter que as pessoas estão sorrindo na rua. Senão, ninguém compra o jornal". Ele se desculpou depois e logo voltou a destacar a gravidade da pandemia.
Com Teich, também houve um desalinhamento em vender "boas novas". No início de maio, Teich admitiu que o Brasil poderia chegar a marca de mil mortos por dia. No fim de semana em que o Brasil superou a marca das 10 mil mortes, ele foi o único membro do governo a se manifestar, citando o a "tristeza e sofrimento" após a "terrível marca" ter sido atingida. Bolsonaro, em contraste, passeou de jet ski no mesmo fim de semana e só comentou o assunto na última segunda-feira, aproveitando a ocasião para afirmar que mais mortes vão acontecer se a economia permanecer parada.
Em meio a sucessivas polêmicas, nomes do primeiro e segundo escalão do governo não resistiram a críticas e pressões. Relembre alguns.
Foto: picture-alliance/dpa/NurPhoto/A. Borges
Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência
A primeira baixa de ministros foi a de Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, em 18 de fevereiro de 2019. Importante articulador da campanha de Bolsonaro, Bebianno esteve envolvido em denúncias de que o PSL, partido que ele presidiu de janeiro a outubro de 2018, teria usado candidaturas laranjas. Além disso, entrou em confronto com Carlos Bolsonaro. Floriano Peixoto assumiu a vaga.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Vélez Rodríguez, ministro da Educação
Pelo Twitter, Bolsonaro anunciou, em 8 de abril de 2019, a saída do então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, após uma onda de demissões no alto escalão da pasta. Rodríguez acumulou atitudes polêmicas, como declarar que os livros didáticos sobre ditadura militar seriam revisados, além de pedir que as escolas filmassem os alunos cantando o hino. Seu substituto foi Abraham Weintraub.
Foto: Marcelo Cassal Jr. /Abr
Santos Cruz, da Secretaria de Governo
O terceiro ministro – e o primeiro da ala militar – a cair foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, em 13 de junho de 2019. A demissão foi atribuída à falta de alinhamento político-ideológico com o governo. Santos Cruz era alvo de ataques regulares de Olavo de Carvalho, guru do presidente, e acumulava intrigas com Carlos Bolsonaro. Assumiu a vaga Luiz Eduardo Ramos.
Foto: DW/M. Estarque
Ribeiro de Freitas, presidente da Funai
O general da reserva Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) em 12 de junho de 2019. Segundo ele próprio alegou, sua queda se deveu à pressão dos ruralistas. À época da demissão, Ribeiro de Freitas denunciou que Bolsonaro está sendo mal assessorado nas questões indígenas e que a Funai sofre com orçamento limitado e déficit de pessoal.
Foto: Abr/M. Camargo
Juarez da Cunha, presidente dos Correios
Bolsonaro anunciou em público a demissão do presidente dos Correios, o general Juarez da Cunha, em 14 de junho de 2019. Em encontro com jornalistas, o presidente disse que o chefe da estatal vinha se comportando como "um sindicalista". O ministro da Secretaria-Geral da Presidência Floriano Peixoto assumiu o cargo e, para a antiga vaga de Peixoto, foi designado Jorge Antonio de Oliveira Francisco.
Foto: Agencia Brasil/José Cruz
Joaquim Levy, presidente do BNDES
Joaquim Levy renunciou à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 16 de junho de 2019, após embate público com o presidente. No dia anterior, Bolsonaro havia dito que Levy estava com "a cabeça a prêmio" – o motivo foi a nomeação por Levy do executivo Marcos Barbosa Pinto para a diretoria de Mercado de Capitais do BNDES. O substituto foi Gustavo Montezano.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Ricardo Galvão, diretor do Inpe
Logo após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgar aumentos dramáticos no desmatamento da Floresta Amazônica, Bolsonaro acusou o então diretor do instituto, Ricardo Galvão, de mentir. Galvão rebateu as críticas do presidente e acabou sendo exonerado em 2 de agosto de 2019. O oficial da Força Aérea Darcton Policarpo Damião foi oficializado como diretor interino.
Foto: DW/N. Pontes
Marcos Cintra, secretário da Receita Federal
A demissão de Marcos Cintra, secretário da Receita Federal desde o início do governo Bolsonaro, foi anunciada em 11/09/2019. A decisão de Paulo Guedes, ministro da Economia, teria sido motivada por divergências com a "nova CPMF". A crise fora deflagrada pela divulgação antecipada de estudos para a cobrança de um imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira.
Foto: Agência Brasil/Arquivo/W. Dias
Roberto Alvim, secretário da Cultura
O dramaturgo de extrema-direita Roberto Alvim foi demitido por Bolsonaro em 17 de janeiro, três meses depois de assumir a Secretaria Especial da Cultura. Ele perdeu o cargo após divulgar um absurdo vídeo repleto de referências ao nazismo. Inicialmente, Bolsonaro relutou demitir Alvim, mas a repercussão do caso selou o destino do secretário, que atribuiu sua queda a uma "ação satânica".
Foto: Secretaria Especial da Cultura
Gustavo Canuto, ministro do Desenvolvimento Regional
Bolsonaro trocou, em 6 de fevereiro de 2020, o ministro do Desenvolvimento Regional. Gustavo Canuto foi substituído por Rogério Marinho, que era secretário de Previdência e articulou a reforma da aposentadoria. Servidor de carreira do Ministério da Economia, Canuto teria pedido para deixar o cargo. Ele era alvo de críticas de Bolsonaro, que não estaria satisfeito com o Minha Casa Minha Vida.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Osmar Terra, ministro da Cidadania
Osmar Terra foi tirado do cargo de ministro da Cidadania e retomou o mandato como deputado federal. No dia 13 de fevereiro de 2020, Bolsonaro anunciou a saída do ministro Onyx Lorenzoni da Casa Civil para assumir o Ministério da Cidadania no lugar de Terra. Como novo chefe da Casa Civil foi escolhido o general do Exército Walter Souza Braga Netto.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Franco
Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde
Bolsonaro demitiu seu ministro da Saúde em 16 de abril de 2020, em plena pandemia de covid-19. Luiz Henrique Mandetta e o presidente vinham protagonizando um embate público desde que o Brasil entrou no compasso do coronavírus, semanas antes. Ao contrário de Bolsonaro, Mandetta defendia o isolamento social para conter o avanço da pandemia. Para o seu lugar, foi escolhido o oncologista Nelson Teich.
Foto: picture-alliance/dpa/Zumapress/P. Jacob
Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, renunciou ao cargo em 24 de abril de 2020, depois de um embate com Bolsonaro sobre o comando da Polícia Federal (PF). Nomeado com a promessa de ter "carta branca" à frente de um superministério, o ex-juiz da Lava Jato acusou o presidente de interferir na PF para ter acesso a informações de inquéritos.
Foto: Reuters/A. Coelho
Nelson Teich, ministro da Saúde
Menos de um mês após ter assumido o cargo, em meio à pandemia de covid-19, Nelson Teich pediu demissão. Apesar de ter dito que tinha um "alinhamento completo" com o presidente, o médico teve divergências com Bolsonaro, que pressionou o ministro para aprovar um uso mais amplo da cloroquina no tratamento da covid-19, apesar de não haver evidências científicas da eficácia e segurança do medicamento.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Regina Duarte, secretária da Cultura
A atriz Regina Duarte deixou a Secretaria Especial da Cultura em 20 de maio de 2020, menos de três meses depois de assumir o cargo. À frente da pasta, ela acumulou atritos com a ala ideológica do governo, que via sua atuação como muito branda com "a esquerda". Já a classe artística criticou a gestão errática e os comentários de Duarte que minimizaram os crimes da ditadura militar.
Foto: picture alliance/dpa/Palacio do Planalto/M. Correa
Abraham Weintraub, ministro da Educação
Após dias de especulações e uma escalada do desgaste político com o STF, Abraham Weintraub confirmou sua saída do Ministério da Educação em 18 de junho de 2020, em vídeo ao lado de Bolsonaro. Sua passagem pela pasta durou pouco mais de 14 meses e foi envolta em polêmicas, tendo acumulado desafetos e disputas públicas, além de se tornar alvo de inquéritos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Camargo
Carlos Decotelli, ministro da Educação
Havia expectativa de que Carlos Decotelli imprimisse normalidade ao MEC após a gestao tumultuada de Weintraub. Mas as credenciais acadêmicas do novo ministro logo passaram ser questionadas. Ele dizia que tinha doutorado, mas foi desmentido. Ainda exagerou sobre ter completado um pós-doutorado na Alemanha. E foi acusado de plágio. Pediu demissão cinco dias após ser indicado, sem ter tomado posse.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Correa
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde
No pior momento da pandemia no Brasil, com recordes de mortes diárias e hospitais em colapso, Bolsonaro anunciou a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, em 16 de março de 2021. Pazuello vinha sendo pressionado pelo agravamento da crise sanitária e pela lentidão da vacinação. Para a vaga foi escolhido o médico Marcelo Queiroga, quarto ministro a ocupar o cargo em menos de um ano.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores
Um dos mais polêmicos aliados de Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou sua saída em 29 de março de 2021. Extremista de direita e adepto de teorias conspiratórias, era visto como um obstáculo na diplomacia com vários países, dificultando, inclusive, a compra de vacinas da China e da Índia. Sua saída desencadeou uma reforma ministerial, com seis trocas em um dia.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa
Horas depois do anúncio de Araújo, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também deixou o cargo, sem explicar os motivos. "Agradeço ao presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", afirmou em nota.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
José Levi, Advocacia-Geral da União
Pouco depois, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Levi, também entregou o cargo. A saída de Levi teria sido pedida por Bolsonaro, após o chefe da AGU ter se recusado a assinar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade do Planalto ao STF contra restrições impostas por alguns governadores para conter a pandemia. Para sua vaga, foi designado o ministro da Justiça, André Mendonça.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Comandantes das Forças Armadas
Em 30 de março de 2021, o Ministério da Defesa anunciou a troca simultânea e inédita dos três comandantes das Forças Armadas. Edson Pujol (à direita na foto), do Exército, Ilques Barbosa, da Marinha, e Antônio Bermudez, da Aeronáutica, já haviam cogitado colocar seus cargos à disposição, como sinal de que não compactuariam com tentativas do presidente de usar as Forças Armadas em seu benefício.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente
Em 23 de junho de 2021, após muita pressão, Ricardo Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente. Ele foi substituído por Joaquim Álvaro Pereira Leite, até então secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta. Com gestão marcada por polêmicas, "boiadas" e desmatamento e queimadas recordes, Salles é alvo de dois inquéritos no STF, ambos envolvendo comércio de madeira ilegal.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República do Brasil
Milton Ribeiro, ministro da Educação
Em 28 de março de 2022, após vir à tona a "farra dos pastores", o ministro da Educação Milton Ribeiro pediu exoneração. Ele é suspeito de favorecer prefeituras na liberação de recursos do MEC, tendo dois pastores como intermediários. Sua situação ficou ainda mais frágil após a revelação de um áudio em que ele admitia que favorecia os pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque, ministro de Minas e Energia
Em 11 de maio de 2022, o presidente Jair Bolsonaro trocou a chefia do Ministério de Minas e Energia, ao exonerar Bento Costa Lima Leite de Albuquerque. O novo titular nomeado para a pasta foi Adolfo Sachsida, aliado de Paulo Guedes. A mudança ocorreu após críticas de Bolsonaro à política de preços da Petrobras, estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia.