O que causa a ressaca e como se livrar dela
2 de janeiro de 2024Como o álcool realmente afeta o corpo e o cérebro, e o que se sabe sobre as ressacas? Os cientistas não têm certeza do que ocorre nessas ocasiões, mas quem já bebeu muito conhece bem as consequências no dia seguinte.
E nesta época de festividades, muitos abusam na bebida. E se perguntam se é possível beber sem quaisquer efeitos colaterais.
A química das ressacas
O álcool é metabolizado no fígado pelas enzimas álcool desidrogenases. À medida que o etanol se decompõe, ele forma acetaldeído, que é um produto químico tóxico que o corpo precisa eliminar antes que ele comece a causar danos graves.
Estudos demonstraram que os sintomas da ressaca atingem seu pico no momento em que todo o álcool é convertido em acetaldeído. É nesse ponto que o teor de álcool no sangue volta a zero.
Mas não é apenas o álcool que contribui para as ressacas – outros compostos presentes nas bebidas alcoólicas, como os congêneres e os sulfitos, que são particularmente comuns em bebidas mais escuras, como vinhos tintos e uísque, também desempenham o seu papel.
Sintomas e causas
O álcool afeta vários sistemas do corpo, fazendo com que os sintomas da ressaca sejam variados. Aqui está o que já se sabe:
Desidratação: o álcool é um diurético, quer dizer, ele aumenta a necessidade de urinar. Ele suprime a liberação de vasopressina, hormônio que envia um sinal para que os rins retenham líquidos. Essa perda de líquidos leva à desidratação leve, contribuindo para o surgimento de dores de cabeça e fadiga.
Dor de cabeça: dores de cabeça são o sintoma mais marcante das ressacas. Um dos motivos é a desidratação leve, que gera um pequeno encolhimento do cérebro devido à perda de água. Esse encolhimento afasta o cérebro do crânio, arrastando consigo nervos que estão fora do cérebro, o que causa dores. Em segundo lugar, o álcool é um vasodilatador, o que leva a crises de enxaqueca em pessoas mais propensas a sofrer desse mal.
Enjoo: o álcool irrita a mucosa do estômago e aumenta a liberação de ácido estomacal, causando náuseas e dores de estômago.
Fadiga: o consumo de álcool causa sono fragmentado e interrompido, deixando a pessoa cansada e irritadiça no dia seguinte. Além disso, o álcool aumenta a inflamação geral no corpo, que é causada por uma resposta imunológica para eliminar substâncias químicas prejudiciais. Isso contribui para o mal-estar que alguém pode sentir quando está de ressaca, semelhante a quando se está doente.
Casos mais severos podem ter origem genética
É óbvio que beber mais álcool causa ressacas mais fortes, mas a coisa nem sempre é tão simples assim. Há uma grande variedade de experiências pessoais com ressacas: algumas pessoas sofrem desse mal de maneira mais severa que outras, e também com menos álcool.
Uma razão pode ser os genes. Estudos demonstraram que muitas pessoas são menos eficazes em metabolizar o álcool no fígado devido a variações genéticas.
A culpa é de duas enzimas importantes para quebrar o etanol: álcool desidrogenase e aldeído desidrogenase.
Na verdade, cerca de 45% do nível de gravidade de uma ressaca se deve a variações herdadas nos genes que codificam essas enzimas. Variações genéticas que causam sensibilidade ao álcool e ressacas são particularmente comuns em pessoas de ascendência asiática.
Por outro lado, de 10% a 20% dos bebedores relatam não ter ressaca, mesmo depois de consumir grandes quantidades de álcool. Ou eles apenas mentem melhor ou seus fígados podem ser mais eficazes na decomposição do álcool.
Curas para ressaca
Não existe cura de eficácia cientificamente comprovada para uma ressaca. O que existe são muitas "curas" populares, que envolvem ovos crus, café, sexo ou misturas isotônicas, mas nenhuma delas é uma cura definitiva. O que elas fazem é repor nutrientes, líquidos e endorfinas perdidos durante a ressaca. São, portanto, restaurativas, mas não vão fazer uma ressaca desaparecer magicamente.
Mas um estudo descobriu que defecar é uma forma eficaz de acelerar a recuperação.
A razão é que o etanol permanece por muito tempo no estômago e nos intestinos após ser consumido, de onde continua a ser absorvido pela corrente sanguínea. Os autores do estudo chamam isso de "consumo intestinal".
O intestino absorve o etanol mais rapidamente do que o fígado pode metabolizá-lo, tornando defecar uma forma eficaz de eliminar, do intestino, o etanol que ainda não foi absorvido pelo sangue. O estudo sugere que essa é uma forma eficaz de aliviar os sintomas da ressaca e reduzir o risco de danos ao fígado.
Mas a melhor maneira de evitar uma ressaca continua sendo beber menos – ou, melhor ainda, parar de beber.